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quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Somente por Cristo chegamos a Deus (3a parte)

"Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus;" (Hb 9:24)

O que mais deveremos fazer ao confiar que somente por Cristo chegamos a Deus?

3 – Cristo, em Sua obra a nosso favor, terá que ser a base de nossos atos de culto.
Nosso louvor, nossas orações, nossas pregações, nossa leitura da Palavra, em tudo que se faz para adorar a Deus deverá ter como base a obra sacrificial de Cristo a nosso favor.
Não devemos nos aproximar de Deus em nossos próprios termos. Mencionemos sempre no culto que tudo é feito “em nome de Jesus”, pois por causa dEle que pudemos ser aceitos como povo de Deus.
“Ninguém vem ao Pai senão por mim” – não fala apenas da salvação mas também da adoração. Nosso culto não poderia ser prestado sem o sacrifício de Cristo. Nossas orações não merecem ser ouvidas, nosso louvores não merecem ser recebidos, nossas obras a favor de Deus e de Seu Reino, tudo só pode ser ofertado porque a Oferta Perfeita está em Cristo por nós.
Sendo assim, não deve haver culto em que não se mencione a Cruz e a Ressurreição. Ele próprio, o Senhor Jesus, estabeleceu a Ceia para que Sua obra fosse sempre lembrada.
Dentro deste raciocínio, é equivocado cantar louvores, fazer orações e pregações nos termos das cerimônias do Antigo Testamento, tais como templo, altar, Arca, incenso, tabernáculo, sacrifícios, e etc, se não houver uma explicação ou entendimento dessas realidades segundo a obra de Cristo por nós.
Pois todas elas apontavam para O que havia de vir: Cristo; eram sombras das coisas futuras (Cl 2:17), ou seja, eram precursoras das bençãos atuais da salvação em Cristo. Deve-se explicar corretamente como as antigas cerimônias correspondem à nossa vida em Cristo hoje.
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Este é aquele Moisés que disse aos filhos de Israel: O Senhor vosso Deus vos levantará dentre vossos irmãos um profeta como eu; a ele ouvireis. (At 7:37)
Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. (Hb 4:14)
Haverá um justo que domine sobre os homens. (2Sm 23:3)

O que mais deveremos fazer ao confiar que somente por Cristo chegamos a Deus?

4 – Devemos reconhecer Cristo plenamente nos seus ofícios de profeta, sacerdote e rei.

Como nosso Profeta, reconhecemos que Ele é a revelação completa de Deus, não faltando nada para ser revelado, que toda a Escritura existe para falar dEle, que tudo que Ele fez, tudo que Ele ensinou, são a vontade perfeita de Deus para nós. Que Ele é a Luz, a Verdade e a Vida, o Mestre perfeito, que devemos reconhecer Seus mandamentos e ordenanças como justos, retos e verdadeiros, que qualquer dúvida sobre a vontade de Deus para nós se resolve olhando para a vida dEle, colocada como exemplo para que sigamos os Seus passos.

Como nosso Sacerdote, reconhecemos que só por Ele temos perdão dos pecados, que ainda hoje Ele intercede por nós quando pecamos, que Ele é nosso Advogado, Salvador perfeito, nossa proteção, o que nos livra da ira futura, o que nos comprou a salvação eterna e perfeita, nos reconcilia com o Pai, que Ele é o único que apaga as nossas transgressões.

Como nosso Rei, reconhecemos que só Ele governa nossa vida, que Ele deve ter prioridade em nossos pensamentos, que devemos nos submeter à Sua vontade, que Ele está assentado à direita do Pai, reinando, até que os Seus inimigos sejam postos debaixo dos Seus pés. Que não era possível que a morte Lhe segurasse, porque Ele é o Príncipe da Vida, e só dEle dizer "Eu Sou", Seus inimigos caem para trás.
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Ao nome de Jesus se dobre todo o joelho, dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra.
(Fp 2:10).

O que mais deveremos fazer ao confiar que somente por Cristo chegamos a Deus?

5 - Afirmamos que só Cristo é o Senhor da nossa consciência.
Foi Ele quem derramou o Seu sangue, Ele que nos comprou com o Seu sacrifício, somos dEle e de mais ninguém. Só Ele revelou plenamente a vontade de Deus. A Escritura toda existe para falar dEle. Portanto nossa lealdade última é devida somente a Ele. Só Cristo é nosso Senhor.
Desta forma, nenhuma igreja, pastor, líder, declaração doutrinária ou qualquer coisa ou pessoa pode se colocar no meio desta relação pessoal entre Cristo e o crente. Rejeitamos que qualquer instituição ou pessoa que não seja Cristo, tenha o direito de mover a nossa consciência, por ordem ou decreto, para obedecermos à vontade de Deus. Menos ainda que atos como passar por uma cerimônia, participar de um grupo, ser leal a uma instituição ou pessoa, vão mediar nosso contato com Deus.
Assim deve ser questionada, por exemplo, a usurpação da posição de Cristo como único mediador, que alguns líderes cristãos fazem, ao agirem como se a igreja ou os crentes dependessem deles para servir a Deus, ou saber a vontade divina. “Deus dá a visão para o pastor e o pastor dá a visão para a igreja” é uma frase comum, mas profundamente antibíblica. Ela dá poder demais aos homens, sobre a base fraquíssima e instável da experiência interior.
Só Cristo é o Cabeça. E a igreja é Seu corpo. Num corpo, cada membro liga-se diretamente à cabeça, sendo controlado por ela, recebendo ordens diretamente dela. Ou seja, cada crente está ligado diretamente a Deus por meio de Cristo, devendo obediência final somente a Ele, por meio do Espírito Santo, que nos fala na Escritura e move nossa consciência.
O que também justifica o governo congregacional: a igreja é uma aliança de servos de Cristo, que têm, cada um, uma relação direta com o Senhor, não mediada por ninguém além do Espírito Santo. Portanto, seus trabalhos e decisões devem consultar todos os membros, que são, todos eles, reis e sacerdotes (Ap 1:6) e contam, sempre, com a presença do seu Senhor quando se reúnem (Mt 18:20).
Sobre isso a Palavra é clara: cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de TODAS as juntas, segundo a justa operação de CADA parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor Ef 4:15,16.
Ou seja, para que o corpo de Cristo cresça, cada parte, cada membro, cada crente, precisam operar, agir e atuar sobre os outros. No corpo que cresce por igual, todos edificam uns aos outros, aconselham uns aos outros, cuidam uns dos outros, servem uns aos outros e submetem-se uns aos outros.
Pois só Cristo é nosso Senhor.
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E no manto e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis, e Senhor dos senhores.(Ap 19:16)
O que mais deveremos fazer ao confiar que somente por Cristo chegamos a Deus?

6 - Não devemos pregar a nós mesmos, nem as nossas experiências.
Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor (2Co 4:5).
Pregamos a Cristo, e Cristo crucificado. Mas a gente tem falado muito de nós, do que aconteceu conosco.
Porém a nossa história não é o Evangelho. Nossa experiência não salvará ninguém. Nossa história não ligará ninguém a Deus.
O Evangelho é a história de Cristo:
Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado (...) Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras,e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.(1Co 15:1,3,4)
Não que dar testemunho não seja importante, mas que no testemunho fique claro que só Cristo é nossa esperança. A obra passada de Cristo na Cruz, não os nossos exemplos e experiências atuais, é que pode salvar as pessoas.
A nossa esperança do Evangelho não está ancorada na nossa vida interior, está ancorada nos eventos históricos da Cruz e da Ressurreição.
Aquilo que aconteceu em Jerusalém a dois mil anos atrás, não o que acontece hoje na minha vida, é que traz esperança segura de salvação aos outros.


7 - Precisamos rejeitar a atual busca de poder fora de Cristo.

A mais perigosa conseqüência atual de se omitir a centralidade de Cristo é a de deturpar a obra do Espírito Santo, como se Ele fosse independente do sacrifício do Senhor e do Evangelho da Cruz, como se Ele tivesse outra coisa a fazer por nós além de nos conduzir a Cristo.
E esta deturpação tem se manifestado em doutrinas estranhas que esperam do Espírito uma assistência infinita as nossos desejos de experiências dramáticas, fantásticas, milagrosas, sobrenaturais, extremas, emocionais, catárticas, extáticas, que nos exaltem, nos elevem acima dos outros meros mortais, que dispensem a fé no invisível, que substituam a confiança na fidelidade de Deus por experiências emocionalistas de confirmação.
Assim esses evangelhos de poder, que proclamam soluções instantâneas para todos os problemas da vida, de perspectiva de bem-estar inabalável, eterno êxtase experimental, realização de sonhos materialistas, cura de todas as doenças, fim de todas as infelicidades, fim dos sofrimentos e dificuldades, vitória completa e definitiva em todas as áreas, devem ser tratados com a máxima cautela.

Esse estilo de Cristianismo simplesmente não é realista!

Fecha os olhos para a realidade. Transforma a fé numa ilusão pretensiosa. Recusa-se a carregar a cruz, e a identificar-se com Cristo no Seu sofrimento pelo Reino, e suportar a rejeição do mundo. O evangelho de poder nada tem a ver com Aquele que era manso e humilde de coração.
O evangelho de poder avança numericamente pelos meios mais sórdidos possíveis, apelando à ganância, à vaidade e enganando os sofredores e necessitados.
Tem se demonstrado grosseiramente negligente quanto ao ensino da nossa luta contínua pelo arrependimento dos pecados, da confiança no sacrifício e santidade substitutos de Cristo para sermos aceitos por Deus e do mandamento de imitar Cristo em nossa vida, na verdade, totalmente omisso quanto a estas doutrinas básicas do Cristianismo bíblico.
Nunca esqueçamos que o Evangelho bíblico não está sendo pregado se a obra substitutiva de Cristo não estiver sendo declarada.
E isso nunca acontece se distorcemos a real missão do Espírito Santo em nós.
Pois o poder do Espírito Santo não está a serviço da nossa vaidade, curiosidade, desejos, menos ainda das pretensões de sermos admirados e elogiados pelos outros, por meio de uma religião exibicionista, nem na megalomania doentia que tem se manifestado nesses discursos triunfalistas dos evangélicos de hoje.

Sobre o Espírito Santo, Cristo disse que Ele não falará de si mesmo (Jo 16:13). O Espírito veio para falar de Cristo. O Espírito Santo tem um ministério de ‘holofote’ apontando só para Cristo. Ele mesmo aparece pouco. Pois foi Cristo que executou o plano de salvação.
Mesmo o poder do Espírito Santo sobre nós é dado com um propósito específico: nos capacitar a TESTEMUNHAR DE CRISTO – At 1:8 - recebereis poder... e sereis minhas testemunhas.
Assim, o Espírito Santo não está presente onde Ele for a figura central. Ele só está presente onde Jesus for a figura central. Esse é o Seu trabalho: tornar Cristo o centro de tudo.
O poder do Espírito Santo se manifesta na aplicação da Palavra que Cristo deixou - as palavras que eu vos disse são Espírito e vida (Jo 6:63).
O poder do Espírito Santo se manifesta no evangelho que reconcilia o homem com Deus - Não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê – Rm 1:16.
O poder do Espírito Santo se manifesta na conversão e santificação dos pecadores, não na solução dos problemas da vida - o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder... e vós fostes feitos nossos imitadores, e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com gozo do Espírito Santo (1Ts 1:5,6).
O Espírito Santo não veio para nos tornar poderosos. Ele veio para nos converter e nos santificar. E isto requer que sejamos cada vez mais enfraquecidos e humilhados, e não que sejamos exaltados com demonstrações de poder. Lembremos que a maior demonstração de poder de Cristo foi entregar a Sua vida pelos nossos pecados.
E a demonstração do Seu poder em nós está em conformar a nossa vida à dEle: vida de renúncia, fraqueza, sacrifício e martírio pelo avanço do Reino de Deus. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo (2Co 12:9).

Portanto, NÃO DEVEMOS PROCLAMAR UM EVANGELHO DE PODER, MAS CONFIAR NO PODER DO EVANGELHO.

Pois só o Evangelho do sacrifício de Cristo pode dar sentido à vida, quando todas as nossas pretensões espirituais forem frustradas e nossos castelos de cartas caírem pela realidade dos nossos fracassos, imperfeições e instabilidades.
Quando os planos que nós, em criativa fantasia, imaginamos para Deus, e divulgamos em alta voz como se fossem revelações dEle, se mostrarem as tolas ilusões que são, o Plano Eterno da Salvação continuará sendo a última e suficiente Palavra verdadeira de Deus.
Quando falhar toda pretensão de poder, nossos projetos forem frustrados, quando a doença tirar a vida, e a falência tirar a prosperidade, a Cruz ainda permanecerá de pé. E quem confiar nela também.
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