Evangelista aponta o caminho a Cristão - Cena do livro O Peregrino, de John Bunyam.
Como se prega o Evangelho?
Depende da
pessoa pra quem você vai pregar. A pessoa está endurecida ou quebrantada?
Quase todas as pessoas deste mundo,
incluindo os que se dizem crentes, estão endurecidas no seu pecado e
condenação, considerando-se boas pessoas, mas condenadas ao inferno, porque
nunca nasceram de novo.
Então para o endurecido a gente começa
dizendo da Santidade de Deus, depois da Lei de Deus, do pecado de todos nós, do
Juízo e da condenação que nos aguarda. E volta a dizer da Santidade de Deus,
Lei de Deus, Pecado – Perdição – Juízo – Condenação. Depois de terminar de
dizer, volta os mesmo assuntos, citando novos versículos e assim vai.
Até o momento em que a pessoa comece a dar
sinais de arrependimento, aí que começamos a falar de Cristo, Sua vida perfeita, Sua morte
expiatória, Sua Ressurreição, Seu Reino, Sua Volta, a nossa devida fé e busca e
entrega e obediência. Depois de terminar de dizer, volta os mesmo assuntos,
citando novos versículos e assim vai.
Até o momento em que a pessoa comece a dar
sinais de confiança em Cristo e certeza de salvação. Aí já podemos começar a
encaminhá-lo para a comunidade cristã como irmão. Mas devemos avisá-lo, e isso
é essencial, que o verdadeiro salvo irá ter um arrependimento contínuo e
crescente até o fim da vida, e uma fé contínua e crescente até o fim da vida.
Porque se ele retroceder, estará dando sinal de que provavelmente nunca foi
salvo de verdade. “Se ele retroceder”, disse Deus, “a minha alma não tem prazer
nele”.
1) Primeiro, prega-se Santidade de Deus –
Lei – Pecado – Perdição – Juízo – Condenação, até que a pessoa comece a se
arrepender.
2)
Só então, prega-se Graça – Misericórdia - Cristo - Sua Vida Perfeita – Morte
Expiatória – Ressurreição – Reino – Volta – Nossa Fé – Busca - Entrega –
Obediência, até que a pessoa comece a crer, confiar e descansar em Cristo.
Se a pessoa já está quebrantada e
arrependida podemos falar de Cristo, resumindo menos a questão do pecado e
condenação e enfatizando mais a graça e misericórdia de Deus. Igualmente, se a
pessoa ainda está endurecida, e nosso tempo está se esgotando, não vamos por
isso deixar de falar da Graça de Cristo e da fé que nos justifica, mas é
importante dar bem mais ênfase ao pecado e condenação. Resumindo: devemos desesperar os incrédulos ao ponto do arrependimento,
para então conduzir os arrependidos ao ponto da confiança. E nunca, NUNCA
prometer salvação no Céu para quem não se arrepende dos seus pecados.
A duração desse processo pode variar
muito, podem ser muitos anos, ou meia hora, mas dificilmente será em poucos minutos.
Não será instantâneo, não será só uma oraçãozinha repetida, não será simples.
Pois será uma luta contra a carne, o mundo e Satanás. Mas maior é o que está em
nós do que o que está no mundo.
Mas o que se costuma fazer? Fala-se uma
frase rapidinha sobre pecado, outra frase rapidinha sobre a obra de Cristo, e
gasta-se o resto do tempo falando das vantagens e felicidades de ser de Cristo.
E aí a pessoa aceita Cristo por causa das vantagens que Cristo pode dar, tipo
felicidade, alegria, paz, realização, e não para escapar da ira de Deus, que
está prestes a ser derramada contra os seus pecados.
É como se a pessoa dissesse:
“Deus
me ama? Que coincidência, eu também me amo!
Deus
tem um plano maravilhoso para minha vida? Que coincidência, eu também tenho um
plano maravilhoso para minha vida.
Se
eu aceitar Jesus vou ter paz e alegria? Então é claro que eu aceito Jesus,
aliás, eu sempre aceito tudo que me der paz e alegria, inclusive os meus
pecados me dão muita paz e alegria”(1).
A pessoa ainda tem a própria felicidade
como ídolo e centro da sua vida, mas se diz cristã por causa de um evangelismo
que não quebranta o endurecido, mas acalenta o nosso endurecimento no egoísmo e
exalta a nossa auto-estima, fazendo de Jesus um escravo da nossa felicidade.
Aí se prega um Cristo salvador dos
problemas e justificador dos pecados, não o Cristo salvador dos pecados e aumentador dos problemas.
Sim, CRISTO,
O AUMENTADOR DOS PROBLEMAS, pois
quando alguém se converte de verdade os problemas aumentam, você passa a estar
em guerra, em luta atroz, até o fim da vida, contra o pecado, a carne, o mundo
e Satanás. Você será perseguido, odiado e rejeitado, até pelos parentes, até
pelos que se dizem crentes. Sofrerá necessidades e tribulação, mas quem crê
verdadeiramente sabe que vale a pena, Cristo é uma pérola que vale todas as
nossas posses.
Isto deve ser dito aos ímpios, antes deles
dizerem que aceitam a Jesus, para que calculem o preço, como Jesus mandou. O
preço de negar a si mesmo, tomar cada dia a sua cruz e seguir Jesus até a
morte.
Era assim que Jesus fazia, evangelizava
com um padrão tão alto, que o convertido já podia começar a trabalhar
imediatamente no Reino, como a mulher samaritana. Era assim que a igreja
evangelizava no Novo Testamento, um padrão tão alto, que já podia batizar a
pessoa no dia da sua conversão. Isso foi dito a Paulo, no dia da sua conversão,
que sofreria pelo nome de Cristo. No dia da conversão de Pedro, João, Tiago e
André estes tiveram que perder tudo que tinham.
Isto é o que foi oferecido ao jovem rico,
porém ele foi embora triste, e muitos que hoje são membros de igreja
não-convertidos também não estariam nela, enganando a si mesmos e aos outros,
atrapalhando o trabalho do Reino com intrigas, divisões, carnalidades e
mundanismos, se tivesse sido dito a eles o real preço de ser cristão.
Marcos Lopes - 24/07/2010
(1) Paul Washer. Citação de memória.
(1) Paul Washer. Citação de memória.