Quer entender a Bíblia?

domingo, 10 de novembro de 2013

Introdução à Visão Reformada de Mundo




Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam (Sl 24:1), mas nem sempre essa posse e autoridade de Deus sobre tudo que existe e acontece no mundo é reconhecida e respeitada. Em termos de sociedade humana, podemos citar três configurações que variam no reconhecimento e fidelidade ao senhorio de Deus sobre o mundo: 





A configuração que menos glorifica a Deus é a de uma sociedade secularizada (tal como tem sido até agora o nosso Brasil no século XXI). Nela prevalece o conceito de que cada esfera da vida humana seja independente, sendo governada por suas regras particulares, a maioria sem nenhum compromisso com o Reino de Deus, ou com a Sua Palavra. Biblicamente falando, esse arranjo é um tipo de “politeísmo”, uma vez que são muitas as fontes de autoridade que governam essa sociedade, e diversos ‘senhores’ disputam nossa lealdade a todo instante, às vezes com éticas separadas, e até mesmo contraditórias, em esferas diferentes da vida. O que essa sociedade gera são pessoas fragmentadas e incoerentes, alienadas de Deus, solos duros para a semente do Evangelho, onde costuma-se transformar apenas as vidas particulares, enquanto a nação em geral prossegue a caminho das trevas.






As sociedades européias da Idade Média tinham uma proposta melhor que o secularismo atual, embora ainda fosse longe do ideal. Seria propor o governo de Deus em todas as esferas, sendo mediado por Sua Igreja (no caso a Instituição Religiosa chamada Igreja Católica Romana). Na prática, a instituição religiosa se tornou a suprema autoridade da sociedade, a voz de Deus para o mundo, ditando todas as suas regras. 






A Reforma Protestante teve como um dos seus grandes motivadores a constatação da falibilidade da instituição religiosa chamada Igreja Católica Romana. Sendo essa instituição coberta dos erros e pecados humanos, não pode ser ela considerada a mediadora do governo de Deus sobre a sociedade. A conclusão que os reformadores chegaram é que essa mediação só pode ser feita pela Palavra de Deus, onde Ele revelou perfeitamente a Sua vontade  para cada esfera da vida humana. Assim cada área da sociedade deve ser objetivamente avaliada se está mais próxima ou mais distante da vontade de Deus na mesma medida em que segue os princípios que Deus estabeleceu na Sua Palavra para essa área. Naquilo em que ela estiver distante ou discordante, deve ser corrigida para adequar-se ao que a Palavra ordenou para ela. ‘Reforma’ então, não será apenas uma correção teórica da doutrina da Salvação, mas um trabalho contínuo de conformar-se o todo da vida humana à vontade de Deus, para a Sua glória. Esta terceira posição é a mais coerente com a Palavra de Deus, e a que pode produzir mais frutos na conformação da sociedade à vontade de Deus.





Nesse propósito, vejamos como a Bíblia estabelece a vontade de Deus para cada esfera da vida:



FAMÍLIA

Glorifica a Deus quando promove uma descendência piedosa na terra (Ml 2:15). Uma família começa quando um homem amadurece, se emancipa de seus pais, e encontra uma esposa para com ela formar uma nova unidade (Gn 2:24). Deus estabelece como propósito comum da vida dos homens construir sua casa, obter sustento, casar-se, ter filhos, casar seus filhos, ter netos deles e orar pela paz para a sua sociedade (Jr 29:4-7), afim de que a raça humana seja multiplicada, conforme a ordem de Deus (Gn 1:28) e Sua bênção sobre Seu povo (Sl 115:13-16).
As esposas devem obedecer a liderança dos seus maridos, e os maridos devem sustentar suas esposas e dar a vida por elas (Ef 5:22-33), numa aliança só dissolvida pela morte (1Co 7:10,11,39). Os pais criam os filhos na doutrina e admoestação do Senhor, e os filhos obedecem e honram seus pais (Ef 6:1-4) para que seus dias sejam prolongados.



                                                                     TRABALHO
Glorifica a Deus quando presta um serviço ao próximo por meio da vocação individual. O trabalho não surgiu como castigo do pecado, sempre foi o propósito de Deus que o homem trabalhasse (Gn 2:15), viver ociosamente é pecado (2Ts 3:10-12). O castigo foi o cansaço e a dificuldade que foram agregados ao trabalho (Gn 3:17-19).

Deus tem uma vocação ou chamado para cada um, que se desenvolve em suas aptidões, habilidades e posições que ocupa (1Co 7:7,17), e mesmo aqueles que não estão envolvidos integralmente num Ministério da Palavra (pastor, evangelista, missionário, etc) devem considerar-se a serviço de Deus e do Seu Reino quando exercem suas profissões e executam seus trabalhos.
Por isso devem cumprir suas atividades com todas as suas forças (Ec 9:10), de todo o coração, caprichando sempre em tudo, por se considerar servindo a Cristo (Cl 3:23,24). Nosso trabalho deve ser enquadrado no cumprimento da ordem de amar ao próximo como a nós mesmos, em que estejamos fazendo algum bem às pessoas à nossa volta, de forma que minha vocação particular contribua para o cumprimento da vocação maior da humanidade de encher a terra e dominá-la (Gn 1:28).



CIÊNCIA
Glorifica a Deus quando aumenta o nosso conhecimento da Criação de Deus. “O SENHOR dá a sabedoria; da sua boca é que vem o conhecimento e o entendimento” (Pv 2:6): tal constatação é essencial para que o ser humano consiga, como quer, aumentar o seu conhecimento do mundo à sua volta. Tudo que Deus diz sobre o mundo na Escritura, Ele o faz sem erro (Jo 17:17). A Bíblia não discorre sobre todas os detalhes de todos os assuntos, mas ao menos nos temas básicos e fundamentais de todas as ciências, a Escritura faz sim, numerosas afirmações. Portanto, a Ciência em todos seus ramos não tem o direito de discordar das afirmações bíblicas, mas deve partir delas como pressupostos e construir suas teorias a partir desse fundamento, ouvindo a Deus, para começar a entender como funciona o mundo que esse mesmo Deus cria e sustenta.
A atual atitude rebelde dos cientistas diante da Palavra de Deus os condena a continuarem tateando na escuridão, sem nenhuma perspectiva de conhecerem a verdade dos fatos sobre o mundo em que vivemos, a não ser por “coincidência”, ou melhor, misericórdia de Deus em prover algum bem ao mundo por meio dos trabalhos deles. Portanto, devemos rejeitar de antemão as teorias científicas que se baseiam em falsos fundamentos, quando notamos que as bases delas contradizem a Palavra de Deus, e só devemos ser dado crédito à ciência que for feita a partir de pressupostos bíblicos.



EDUCAÇÃO
Glorifica a Deus quando compartilha a verdade. Para longe da mera utilidade profissional, a Educação segundo a Bíblia tem como princípio irrevogável a transmissão da verdade, a qual liberta os que a recebem, pois a verdade é uma pessoa: Jesus Cristo. Sendo Deus onisciente, Ele sabe a verdade. Sendo Deus benevolente, Ele nos quer dar a verdade. Sendo Deus onipotente, Ele é capaz de nos dar a verdade. Sendo Deus providente, Ele nos vocaciona a transmitir a verdade aos outros. Deus nos chama a cumprir uma pacto entre as gerações, em que a nova geração receberá o conhecimento da antiga (Dt 6:1-7). A Bíblia narra que a falta de transmissão educacional sobre os valores do Reino fez com que após a morte de Josué, a geração dos Juízes perdesse o conhecimento de Deus, para sua desgraça (Jz 2:10). Isto ilustra a suprema responsabilidade, primeiro dos pais (Ef 6:4), e segundo da Igreja (2Tm 2:2), de passar adiante o conhecimento sobre Deus, para que o Seu povo não pereça (Os 4:6). Tal perigo é uma constante em nossos dias, em que os pensamentos sobre Deus são cada vez mais soterrados debaixo da avalanche de secularismo que os currículos escolares e acadêmicos têm adotado. Isto significa que os pais deveriam dar preferência a escolas cristãs para seus filhos, e se não puderem fazer isso, que seja redobrado o ensino da fé dentro de casa, para contra-atacar os falsos ensinos que os jovens recebem diariamente nas instituições escolares.



ECONOMIA
Glorifica a Deus quando garante que o trabalho seja materialmente recompensado (1Tm 5:18). A sociedade precisa ter um sistema em que a pessoa que for mais diligente e esforçada no seu trabalho, possa proporcionalmente colher os frutos da prosperidade (Pv 10:4; 12:24; 13:4), ainda que não devamos nos prender a nada deste mundo (1Co 7:29-31), pois somos como forasteiros nesta terra (1Pe 2:11). Deus ordena uma economia justa, e reprova a desonestidade nos preços (Lv 19:35,36), a retenção de mercadorias (Pv 11:26), o atraso nos salários e a exploração (Tg 5:1-6). O dinheiro em si é neutro, mas o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (1Tm 6:7-10). Aqueles a quem Deus abençoa com riquezas (1Sm 2:7) têm o dever de partilhar generosamente (1Tm 6:18), sendo que a avareza, o reter e acumular indefinidamente, é chamada de idolatria (Cl 3:5) e um estilo de vida que dificulta a salvação (Mt 19:23).



GOVERNO
Glorifica a Deus quando providencia Segurança e Justiça para o povo. É Deus quem ordena a existência de autoridades na sociedade (Rm 13:1), e nos ordena honrá-las. Mas se alguma autoridade contradizer os mandamentos de Deus é dever de todos desobedecer a essa autoridade, como os apóstolos, Daniel e seus amigos bem exemplificaram (At 5:29; Dn 3:16-18; Dn 6:10). Deus deu a espada ao governo para este execute a vingança contra os malfeitores (Rm 13:1-5) enquanto recompensa os bons (1Pe 2:13,14), provendo uma vida tranqüila à sociedade (1Tm 2:2) e sendo para isso justamente sustentado por impostos (Rm 13:6,7). De grande importância é o envolvimento político dos cristãos na sociedade, principalmente para trabalhar pela máxima aproximação das leis de seu país às leis que Deus revelou na Bíblia. O que Deus disse ser certo e errado, sempre o será, e bem-aventurado será o povo que tomar a Palavra de Deus como sua constituição. De fato, à medida que as nações se convertem a Cristo, esperamos que todos os povos adotem as leis de Deus (Is 2:1-5).



ARTE
Glorifica a Deus quando exerce uma criatividade virtuosa. Exercer uma arte é criar coisas, assim, o Deus criador compartilhou conosco um pouco do Seu poder, na medida em que nos permite fazer assim. Mas quais serão os usos lícitos da arte? Certamente, e em primeiro lugar, para adoração, principalmente a arte da música, tanto no Velho (Nm 10:10) como no Novo Testamento (Ef 5:19), sendo que Deus deseja ser louvado com um “cântico novo” cuja melodia deve ser “bem tocada” (Sl 33:3); o que estabelece tanto a legitimidade da criação artística, como o mérito de se buscar a excelência técnica.
As Artes têm grande influência sobre as pessoas a respeito da maneira como elas vêem e experimentam o mundo. Elas servem tanto para celebração como para comunicação. Seja para mal ou para bem, por meio das artes se transmitem conceitos, informações, emoções, idéias, que muitas vezes se fixam profundamente no coração daqueles que as contemplam. Tendo sobre esse assunto o dever de ‘levar cativo todo pensamento à obediência de Cristo’ (2Co 10:5), e encher nossa mente de pensamentos sobre ‘o que é verdadeiro, honesto, justo, puro, amável, de boa fama, de alguma virtude, e de algum louvor’ (Fp 4:8), concluímos que somente as obras de arte que nos conduzem para esses alvos bíblicos merecem nossa atenção enquanto consumidores e nossa intenção enquanto artistas.



LAZER
Glorifica a Deus quando celebra com gratidão e pureza as bênçãos que Deus nos dá. Deus não nos dá apenas mandamentos estritos e tarefas árduas. Ele também nos ordena gozar a vida (Ec 9:7-9) e aproveitar bem tudo que Ele nos dá (1Tm 6:17).
Mas esta área é uma das que mais gera dúvida sobre o certo e o errado. Devo ou não devo ir a tal lugar ou fazer tal coisa?
Podemos descobrir se indagarmos: com isso eu quebro algum mandamento da Palavra? Nosso lazer não pode ser um desperdício de tempo (Ef 5:16), não pode ser fruto da ociosidade (2Ts 3:11), não pode ser inconveniente, não pode dominar a nossa vida (1Co 6:12), não pode escandalizar ninguém (1Co 10:32). Além disso, conseguimos usufruir deste lazer ou prazer com gratidão e pureza diante de Deus? Se não podemos orar agradecendo a Deus por tal coisa, é porque ela não veio como benção e sim como tentação; esse lazer estará fazendo mais mal do que bem e, portanto deve ser cortado (Mt 5:29-30).



IGREJA
Glorifica a Deus quando trabalha pela expansão do Seu Reino por meio do Evangelho de Jesus Cristo. Em relação à visão de mundo, a Igreja, ou seja, o povo de Deus tem o papel imprescindível de proclamar a vontade de Deus para cada uma das áreas acima, a todos os membros da sociedade, quer estes creiam no Evangelho, ou não. A Igreja deve constantemente corrigir-se a si mesma, e chamar todas as áreas à correção, por meio dos ensinos, pregações, exemplos, influências, vocações e posições que seus membros realizam ou ocupam na sociedade, ensinando as nações a obedecer a Cristo em todas as coisas (Mt 28:18-20).



CONCLUSÃO
Os serafins clamavam: “Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da Sua glória!” (Is 6:3). A ênfase da Visão Reformada é declarar o mundo como o grande teatro da glória de Deus. O que fazemos quando orientamos todas as coisas para a glória de Deus (1Co 10:31) é simplesmente nos juntar a esse eterno culto de louvor que a Criação já presta ao Criador. Para isso que nós existimos, e sendo redimidos por Cristo e regenerados pelo Espírito Santo, para isto estamos sendo capacitados. Tão somente reconheçamos que Ele é a fonte de todas as coisas, o centro da História e o único alvo das nossas vidas. Glorificaremos assim a Deus, buscando continuar a reforma da sociedade para que todas as suas esferas sejam governadas pelos valores bíblicos que Ele nos revelou, na esperança de ver se cumprindo em nossos dias a profecia que a terra se encherá do conhecimento da glória do SENHOR, como as águas cobrem o mar (Hc 2:14).




FONTES: http://www.contra-mundum.org/castellano/declaraciones/coalicion/Cosm_Arts.pdf; http://www.contra-mundum.org/castellano/declaraciones/coalicion/Cosm_Gob.pdf;  Vivendo para a Glória de Deus. Joel Beeke. Editora Fiel.; Lei e Evangelho. Greg Bahsen. Editora Monergismo.

domingo, 29 de setembro de 2013

Se Deus sabe o que eu preciso, por que Ele quer que eu ore?









A própria pergunta já nos dá a primeira resposta, e esta negativa: oração não é para nós darmos informações a Deus, Ele já sabe tudo (Hb 4:13), não há nada que possamos dizer a Ele que Lhe seja novidade. Aliás, mesmo que eu não queira informar nada a Deus, Ele já conhece também tudo, absolutamente tudo que eu vou falar na oração que estou prestes a fazer: Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó SENHOR, tudo conheces (Sl 139:4). Assim, Ele não pode ficar surpreso, impressionado ou admirado com nossa oração. (...)
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domingo, 22 de setembro de 2013

PROVA BÍBLICA DA UNIDADE DO LIVRO DE ISAÍAS



O fato de Isaías falar sobre como o povo deve se comportar no Exílio na Babilônia em Is 40-55 e no retorno a Jerusalém, em Is 56-66 é deturpado por alguns profanos que ousam desconfiar da fidelidade da Palavra de Deus, e atribuem três partes do livro a três autores diferentes, que teriam vivido em tempos diferentes.
Tal teoria defende que o trecho por eles chamado de “Primeiro Isaías” seja atribuído ao tempo dos reis Uzias a Ezequias (caps 1-39), que o agora chamado “Segundo Isaías” seja atribuído a outro profeta, que teria vivido no Exílio na Babilônia (caps 40-55) e o recém-inventado “Trito-Isaías” seja atribuído a um terceiro profeta, que teria vivido na Restauração Pós-Exílica (caps 56-66).

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Se não lhes basta o testemunho dos antigos israelitas, que nos passaram a tocha deste livro unido sob um único nome, o daquele profeta que pregou durante os reinado de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, que baste-lhes o prefácio do próprio livro (Is 1:1)!
Apenas para fechar o caixão dessa sugestão ímpia, apertemos um pouco mais a mordaça da Santa Palavra no focinho imundo destes pífios desconfiadores, os quais devem se calar diante das infalíveis afirmações do Espírito Santo que veremos abaixo, uma vez que Deus em Sua Palavra...

                ... No Evangelho de Lucas
                Cita o suposto Segundo Isaías:
"Segundo o que está escrito no livro das palavras do profeta Isaías, que diz: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; Endireitai as Suas veredas."  (Lc 3:4 – Is 40:3-5). Repare: estas são as palavras do profeta Isaías, não podem ter sido escritas só em Babilônia, muitos anos após a morte deste!
                E cita o suposto Trito Isaías:
E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor é sobre Mim, Pois que Me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração, (Lc 4:17,18 - Is 61:1-2).
                Assumindo que é o mesmo livro do mesmo profeta.
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                ... No Evangelho de Mateus
                Cita o suposto Primeiro Isaías
Para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías, que diz: A terra de Zebulom, e a terra de Naftali, Junto ao caminho do mar, além do Jordão, A Galiléia das nações; O povo, que estava assentado em trevas, Viu uma grande luz; E, aos que estavam assentados na região e sombra da morte, A luz raiou. (Mt 4:14-16 – Is 8:23-9:1).
                E cita o suposto Segundo Isaías
Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Eis aqui o Meu servo, que escolhi, O meu amado, em Quem a Minha alma se compraz; Porei sobre ele o Meu Espírito, E anunciará aos gentios o juízo. (Mt 12:17,18 – Is 42:1-4)
                Os quais ele afirma ser a mesma pessoa.
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                ... Na Carta de Paulo aos Romanos
                Cita o suposto Primeiro Isaías:
Outra vez diz Isaías: Uma raiz em Jessé haverá, E naquele que se levantar para reger os gentios, Os gentios esperarão. (Rm 15:12 – Is 11:10)
                Cita o Suposto Segundo Isaías:
Mas nem todos têm obedecido ao evangelho; pois Isaías diz: SENHOR, quem creu na nossa pregação? (Rm 10:16 – Is 53:1)
                E cita o suposto Trito Isaías:
E Isaías ousadamente diz: Fui achado pelos que não me buscavam, Fui manifestado aos que por mim não perguntavam. Mas para Israel diz: Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente. (Rm 10:20,21 - Is 65:1-2)
                Tratando todas essas citações como palavras que saíram da mesma boca, do mesmo profeta.
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                ... E no Evangelho de João
                Cita o suposto Segundo Isaías e o suposto Primeiro Isaías no mesmo fôlego e incontestavelmente considerando ser o mesmo Isaías:
Para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: SENHOR, quem creu na nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor? (Jo 12:38 - Is 53:1)
Por isso não podiam crer, então Isaías disse OUTRA VEZ: Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, A fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, E se convertam, E eu os cure. (Jo 12:39,40 - Is 6:10)
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Tendo em vista a inspiração dos autores do Novo Testamento, e sem nem citar as menções de Jesus a Isaías, já podemos afirmar que é impossível negar a unidade de autoria do livro de Isaías sem negar a fé cristã, e todos que implementam esta proposta devem arrepender-se de sua incredulidade.

Afinal, se os autores do Novo Testamento estavam enganados quanto à autoria única de Isaías, porque não estariam enganados em qualquer outro ensino central? Ou a Bíblia é infalível em tudo que diz, ou vale tanto quanto qualquer livro, e não temos uma Palavra de Deus, e não podemos conhecê-Lo. A Bíblia é o padrão da verdade, ela julga a todos e ninguém a julga. Pois por qual padrão de verdade, mais confiável que a Bíblia, alguém poderá apontar algum erro na Bíblia? Não existe tal coisa, nem existirá! No confronto falível X infalível, o infalível sempre vence!

Além disso, justamente uma das mensagens de Isaías é que Deus é Aquele que nos anuncia as coisas antes que venham à luz (Is 42:9). A incredulidade deles neste ensino de Isaías é justamente o que os faz quererem serrar o livro, tal como o mau rei Manassés serrou o profeta. Que Deus lhes conceda o arrependimento disso!

Como evidência adicional, o historiador judeu Josefo nos informa que Ciro, o rei persa que autorizou os israelitas a voltarem do Exílio, ficou muito impressionado que, antes dele nascer, seu nome já estivesse na profecia de Isaías (Is 44:28; 45:8), e foi justamente por isso que ele deu crédito ao Deus de Israel e tratou tão bem o povo de Deus (2Cr 36:22,23):

Eis o que declara o rei Ciro: "Cremos que o Deus Todo-poderoso, que nos constituiu rei de toda a terra é o Deus que o povo de Israel adora, pois Ele predisse por meio de seus profetas que nós traríamos o nome que trazemos e reconstruiríamos o Templo em Jerusalém, na Judéia, con­sagrado à sua honra".
Esse soberano falava assim porque lera nas profecias de Isaías, escritas du­zentos e dez anos antes que ele tivesse nascido e cento e quarenta anos antes da destruição do Templo, que Deus lhe tinha feito saber que constituiria a Ciro rei sobre várias nações e inspirar-lhe-ia a resolução de fazer o povo voltar a Jerusalém para reconstruir o Templo. (JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. CPAD, 2004. p.479.)

Ainda que a infalível Palavra de Deus é suficiente para nossa fé, e não os relatos falíveis dos historiadores, tal texto é muito interessante, pois é uma afirmação de que o Livro de Isaías já estava completo na época do Exílio Babilônico.

Concluímos que a resposta para a pergunta dos profanos “como pode o Isaías do tempo de Ezequias, falar ao povo que estará no exílio babilônico nos cap 40-55 e falar ao povo que participará da restauração nos caps 56-66”, é que Deus, para manifestar o Seu poder, sabedoria e amor pelo Seu povo, providenciou uma mensagem aos exilados e restaurados com 200 anos de antecedência, por meio do Seu profeta.

É certo também que tais mensagens não eram inúteis ao povo dos tempos de Ezequias. A Palavra de Deus sempre é viva e eficaz, seja falando do nosso passado, seja falando do nosso futuro. Tal fato é verdade mesmo para nós hoje: alguém vai chamar de inúteis para nós as profecias bíblicas sobre a volta de Cristo, a ressurreição dos mortos, o Juízo Final, o Novo Céu e a Nova Terra, ainda que tais coisas ainda não tenham chegado?

Quanto às palavras de Isaías, ainda que referidas especificamente à potência ainda não dominante da Babilônia, ao exílio ainda não acontecido e à restauração ainda distante, tais palavras serviram de consolo também ao povo da época de Isaías, oprimido pelo Império Assírio, informando-o de que Deus está no controle de tudo, e tem um grande plano para o Seu povo, que iria se levantar e resplandecer, pois a glória do Senhor ainda nasceria sobre ele (Is 60:1).

sábado, 26 de janeiro de 2013

Sim, Deus criou o mundo em seis dias!


thechurchninja.com
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A POLÊMICA ATUAL SOBRE GN 1 E 2
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                Atualmente há muitos crentes que ficam confusos quanto aos capítulos 1 e 2 de Gênesis, porque o que é narrado ali não se encaixa de forma alguma nas teorias científicas que eles ouvem hoje sobre a origem do mundo.
                A ciência naturalista supõe atualmente uma idade de 4,5 bilhões de anos para o nosso planeta, enquanto se conferirmos na Bíblia, somando os anos revelados em toda a Escritura em textos bíblicos como “E Adão viveu cento e trinta anos, e gerou um filho (...), e pôs-lhe o nome de Sete (...) E viveu Sete cento e cinco anos, e gerou a Enos. (...) E viveu Enos noventa anos, e gerou a Cainã.” (Gn 5:3,6,9)”, chegamos a não mais de 7.000 anos de Criação do mundo. A ciência naturalista supõe que nosso mundo evoluiu lentamente ao longo desses supostos bilhões de anos, enquanto que a Bíblia revela que o planeta foi criado repentinamente, no espaço de seis dias.
                Em vista dessas discordâncias, alguns crentes sugerem que: (a) a narrativa de Gn 1-2 não contenha necessariamente verdades científica, mas seja focada nas verdades religiosas; ou que (b) a narrativa não seja literal, mas seja simbólica; ou ainda que (c) os seis dias sejam considerados ‘eras’, não sejam dias de 24 horas.
                Poderíamos perguntar quantos crentes pensaram nessas hipóteses antes de surgirem as teorias científicas do século XIX, ou ainda, se tais teorias não tivessem surgido, por acaso alguém imaginaria essas possibilidades, o que, em caso de resposta negativa, nos induziria a pensar que tais crentes (?) querem corrigir a Bíblia pela Ciência.
                Mas em vez disso, verifiquemos se o restante da Bíblia suporta essas sugestões, afinal de contas, o melhor intérprete da Bíblia é a própria Bíblia.
               
a) A Bíblia esclarece se Gn 1-2 contém verdades científicas ou se foca em verdades religiosas?
                A Bíblia não faz essa classificação. Na visão bíblica, o que é verdade, é verdade, e o que é falso, é falso. Fazer uma distinção artificial, improvisada e forçada entre verdade religiosa ou verdade científica é uma maneira daqueles que crêem mais na palavra dos homens do que na Palavra de Deus dizerem, de forma indireta, que a Bíblia contém verdades religiosas, mas pode conter erros científicos. Entretanto a Bíblia diz: Tua Palavra é a verdade (Jo 17:17), Toda a Palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam nEle (Pv 30:5), toda a Escritura é divinamente inspirada (2Tm 3:16), a Escritura não pode ser anulada (Jo 10:35) e Deus (...) não pode mentir (Tt 1:2), portanto tudo que Ele diz na Bíblia, tem de ser verdade, tanto científica quanto religiosa.
               
b) A Bíblia esclarece se Gn 1-2 é simbólico ou literal?
                Sim! Sl 33:6,8,9 diz “pela palavra do SENHOR foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo Espírito da Sua boca. (...) Tema toda a terra ao SENHOR; temam-no todos os moradores do mundo. Porque falou, e foi feito; mandou, e logo apareceu”. Nada há de simbólico aqui. Devemos temer ao SENHOR, justamente porque Ele é tão poderoso a ponto de ter criado o mundo pela Sua Palavra. Vejamos como o verso 9 confirma uma Criação rápida: Deus falou e as coisas foram aparecendo, portanto, segundo Salmos 33:6,8,9, a narrativa da Criação de Gn 1-2 é literal.

c) A Bíblia esclarece se os seis dias de Gn 1 podem ser considerados ‘eras’, ou são dias de 24 horas?
                Sim! Em Ex 20:9-11 lemos: Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra, (...) Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o SENHOR o dia do sábado, e o santificou. Aqui temos um mandamento para que imitemos a Deus na divisão do nosso tempo semanal, Deus nos ordena que, assim como Ele criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo, nós também trabalhemos seis dias na semana e consagremos a Ele o descanso de um dia por semana. Ora, se os dias da Criação fossem eras compostas por milhares ou milhões de anos, nenhum ser humano poderia cumprir esse mandamento, pois não viveria tempo suficiente. Portanto, este mandamento esclarece que os dias de Gn 1 são dias literais de 24 horas.

                Concluímos que as três sugestões acima são anti-bíblicas, pois contradizem a interpretação que a própria Bíblia faz de Gn 1-2.

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QUAL A RAIZ DESTA DESCRENÇA MODERNA NA PALAVRA DE DEUS?
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                Na verdade toda esta polêmica ocorre por causa de um conflito de filosofias: a do NATURALISMO contra a do SOBRENATURALISMO. 

                NATURALISMO é uma filosofia que afirma que tudo o que acontece no Universo é natural, ocorre dentro das leis da Natureza, e, portanto, pode ser examinado ou explicado cientificamente. Tal teoria aparece com mais força em nossa sociedade a partir do século XIX, e desde então, vem galgando espaço nos centros de formação de conhecimento (universidades e escolas, por exemplo) até se tornar a maioria do pensamento secular e tentar de todos os meios expulsar a Deus do pensamento humano contemporâneo. Essa filosofia é demonstrada, por exemplo, quando as reportagens jornalísticas sempre invocam a ‘Ciência’ para explicar determinado fenômeno observado, e tratam a opinião científica como autoridade máxima para explicar o mundo. 

                SOBRENATURALISMO é outra filosofia diferente, a qual afirma que, dentre as coisas que acontecem no Universo, a maior parte seria composta de eventos naturais, que ocorrem dentro das Leis da Natureza, e podem ser estudados cientificamente. Mas que ao mesmo tempo, no Universo TAMBÉM podem ocorrer eventos sobrenaturais, que não seguem as Leis da Natureza, e por isso, não podem ser estudados ou explicados cientificamente. 

                Será que teríamos a opção de decidir entre essas duas filosofias conflitantes?
                Diz a Palavra: Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras (1Co 15:1-4). Ora, aqui o apóstolo resume o Evangelho à sua forma mais básica e que deve ser crida por todo cristão, para que ele seja salvo. Reparemos que mesmo nessa forma mínima, o Evangelho já contém eventos sobrenaturais, como o das Escrituras Sagradas terem previsto exatamente o que Cristo iria fazer, bem como o fato dEle ter ressuscitado dos mortos. 

                Assim o cristão não tem opção, a não ser adotar a filosofia SOBRENATURALISTA. Caso ele adote a filosofia NATURALISTA, ele está contradizendo a sua própria confissão de fé, pois no NATURALISMO, eventos sobrenaturais não podem acontecer. Para se ter uma idéia, se um cientista naturalista presenciasse algum dos milagres de Jesus, ele iria dizer que estava diante de algum fenômeno natural desconhecido, e que precisava ser melhor estudado. Nenhum diálogo é possível com essa gente a não ser “O Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho (Mc 1:15)”.

                Porque, então, algum cristão sequer permitiria que teorias, hipóteses, idéias e suposições que nasceram de um ambiente de DESCRENÇA, a qual leva os homens para o INFERNO, terem algum crédito em sua mente, ao ponto de abalar a sua confiança na exatidão literal daquilo que DEUS DISSE sobre o modo como Ele criou o mundo? Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do SENHOR! (Jr 17:5).

                Ora, o que Deus diz é que Ele criou o mundo de forma SOBRENATURAL, pelo PODER DA SUA PALAVRA.
                Não cabe então nenhum questionamento. A luz foi criada antes do Sol e das estrelas, os peixes e pássaros foram feitos da água, os animais terrestres foram feitos da terra, o primeiro homem foi feito do pó e a primeira mulher foi feita de uma costela.
                O que nós temos são SEIS DIAS DE MILAGRE CONTÍNUO; tudo narrado em Gn 1:1-2:3 é sobrenatural, até porque a Natureza é que estava a ser criada, não havia nada ‘natural’ ainda! É da demonstração do PODER INFINITO DE DEUS que estamos falando.
                Será que alguém pediria também alguma explicação científica para Jesus andar sobre as águas? Alguém quer saber como um pouco de barro curou um cego de nascença? Ou como Jesus multiplicou os pães? E limpou leprosos instantaneamente? E qual a explicação em termos naturais para a Ressurreição de Cristo? Para a Sua Ascensão? Sua Volta em glória? Se nenhum de nós pede explicação para os milagres de Jesus, porque o faríamos para o milagre de Deus criar o mundo em seis dias literais?

                Está fora do alcance da ciência naturalista examinar qualquer evento sobrenatural. Se há incompatibilidade entre a narrativa bíblica e alguma teoria científica, certamente é porque a teoria científica está errada, e ela sempre vai estar certamente errada quando negar a ocorrência de milagres que Deus revela ter realizado pelo Seu poder.
                Aliás, toda afirmação, idéia, hipótese, filosofia, ciência e teoria, de todo o mundo, em todos os tempos, ditas por quaisquer homens, sempre estarão CERTAMENTE ERRADAS em tudo que afirmarem em contradição a qualquer uma de todas as verdades que Deus afirma na Bíblia, ou mesmo de qualquer uma de todas as implicações lógicas possíveis das verdades bíblicas (veja especialmente Jo 10:34-36; e, novamente, Jo 17:17; Pv 30:5; 2Tm 3:16 e Tt 1:2).

           Se alguma harmonização entre a Narrativa Bíblica da Criação e as teorias científicas modernas fosse necessária (e que fique bem claro que não é), esta deveria ser feita sem rebaixar a Palavra à falibilidade, sem admitir erro na Escritura, nem mentira em Deus, nunca corrigindo a Bíblia pela Ciência, mas sempre corrigindo a Ciência pela Bíblia.
                Talvez pudéssemos dizer:
                “Que Deus criou o mundo e tudo que nele há, em seis dias literais, a poucos milhares de anos atrás, mas o criou com aparência de idade mais antiga. Sendo essa aparência de idade antiga aquilo que os cientistas estudam, esse é o motivo deles afirmarem uma idade antiga para o mundo.
                Tal como se, supondo nós que Deus criou Adão adulto, nós encontrássemos Adão um mês depois dele ter sido criado. O que vemos? Um homem aparentando uns vinte anos de idade. Jamais diríamos que ele tem apenas um mês de idade, pois um ser humano de um mês tem aparência de bebê, e não de adulto.
                Da mesma forma, Deus então teria criado de forma SOBRENATURAL um mundo adulto, e assim está fora da capacidade dos cientistas medir corretamente a idade deste mundo enquanto adotarem a filosofia do NATURALISMO, pois a mesma nega de forma fanática, irracional e injustificada, a possibilidade de eventos sobrenaturais.”
                Mas essa não é a maneira mais bíblica, nem a mais precisa, de se tratar esse assunto. Bem melhor é dizer ao naturalista:
                 
“ 
– Já sei que essa tal teoria está errada.
– Por quê?
Porque ‘ASSIM DISSE O SENHOR DEUS EM SUA PALAVRA’...


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