O
fato de Isaías falar sobre como o povo deve se comportar no Exílio na Babilônia
em Is 40-55 e no retorno a
Jerusalém, em Is 56-66 é deturpado
por alguns profanos que ousam desconfiar da fidelidade da Palavra de Deus, e atribuem
três partes do livro a três autores diferentes, que teriam vivido em tempos
diferentes.
Tal
teoria defende que o trecho por eles chamado de “Primeiro Isaías” seja
atribuído ao tempo dos reis Uzias a Ezequias (caps 1-39), que o agora chamado
“Segundo Isaías” seja atribuído a outro profeta, que teria vivido no Exílio na
Babilônia (caps 40-55) e o recém-inventado “Trito-Isaías” seja atribuído a um
terceiro profeta, que teria vivido na Restauração Pós-Exílica (caps 56-66).
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Se
não lhes basta o testemunho dos antigos israelitas, que nos passaram a tocha
deste livro unido sob um único nome, o daquele profeta que pregou durante os
reinado de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, que baste-lhes o prefácio do próprio
livro (Is 1:1)!
Apenas
para fechar o caixão dessa sugestão ímpia, apertemos um pouco mais a mordaça da
Santa Palavra no focinho imundo destes pífios desconfiadores, os quais devem
se calar diante das infalíveis afirmações do Espírito Santo que veremos abaixo, uma vez que Deus em Sua Palavra...
... No Evangelho
de Lucas
Cita o
suposto Segundo Isaías:
"Segundo o que está escrito no livro das palavras do profeta Isaías, que diz: Voz do que clama no
deserto: Preparai o caminho do Senhor; Endireitai as Suas veredas." (Lc
3:4 – Is 40:3-5). Repare: estas são as palavras
do profeta Isaías, não podem ter sido escritas só em Babilônia, muitos anos
após a morte deste!
E cita o
suposto Trito Isaías:
E foi-lhe dado o livro do
profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava
escrito: O Espírito do Senhor é sobre Mim, Pois que Me ungiu para evangelizar
os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração, (Lc 4:17,18 - Is 61:1-2).
Assumindo que
é o mesmo livro do mesmo profeta.
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... No
Evangelho de Mateus
Cita o
suposto Primeiro Isaías
Para que se cumprisse o que foi
dito pelo profeta Isaías, que
diz: A terra de Zebulom, e a terra de Naftali, Junto ao caminho do mar, além do
Jordão, A Galiléia das nações; O povo, que estava assentado em trevas, Viu uma
grande luz; E, aos que estavam assentados na região e sombra da morte, A luz
raiou. (Mt 4:14-16 – Is 8:23-9:1).
E cita o suposto
Segundo Isaías
Para que se cumprisse o que fora
dito pelo profeta Isaías, que
diz: Eis aqui o Meu servo, que escolhi, O meu amado, em Quem a Minha alma se
compraz; Porei sobre ele o Meu Espírito, E anunciará aos gentios o juízo. (Mt 12:17,18 – Is 42:1-4)
Os quais ele
afirma ser a mesma pessoa.
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... Na Carta
de Paulo aos Romanos
Cita o
suposto Primeiro Isaías:
Outra vez diz Isaías:
Uma raiz em Jessé haverá, E naquele que se levantar para reger os gentios, Os
gentios esperarão. (Rm 15:12 – Is 11:10)
Cita o Suposto
Segundo Isaías:
Mas nem todos têm obedecido ao evangelho; pois Isaías diz: SENHOR, quem creu na nossa
pregação? (Rm 10:16 – Is 53:1)
E cita o
suposto Trito Isaías:
E Isaías ousadamente diz:
Fui achado pelos que não me buscavam, Fui manifestado aos que por mim não
perguntavam. Mas para Israel diz: Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo
rebelde e contradizente. (Rm 10:20,21 -
Is 65:1-2)
Tratando
todas essas citações como palavras que saíram da mesma boca, do mesmo profeta.
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... E no
Evangelho de João
Cita o
suposto Segundo Isaías e o suposto Primeiro Isaías no mesmo fôlego e
incontestavelmente considerando ser o mesmo Isaías:
Para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: SENHOR, quem creu na nossa pregação? E a quem foi
revelado o braço do Senhor? (Jo 12:38 - Is
53:1)
Por isso não podiam crer, então Isaías disse OUTRA VEZ: Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o
coração, A fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, E se
convertam, E eu os cure. (Jo 12:39,40 - Is
6:10)
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Tendo em vista a inspiração dos autores do Novo Testamento, e sem
nem citar as menções de Jesus a Isaías, já podemos afirmar que é impossível
negar a unidade de autoria do livro de Isaías sem negar a fé cristã, e todos
que implementam esta proposta devem arrepender-se de sua incredulidade.
Afinal, se os autores do Novo Testamento estavam enganados quanto
à autoria única de Isaías, porque não estariam enganados em qualquer outro
ensino central? Ou a Bíblia é infalível em tudo que diz, ou vale tanto quanto
qualquer livro, e não temos uma Palavra de Deus, e não podemos conhecê-Lo. A
Bíblia é o padrão da verdade, ela julga a todos e ninguém a julga. Pois por
qual padrão de verdade, mais confiável que a Bíblia, alguém poderá apontar
algum erro na Bíblia? Não existe tal coisa, nem existirá! No confronto falível
X infalível, o infalível sempre vence!
Além disso, justamente uma das mensagens de Isaías é que Deus é Aquele
que nos anuncia as coisas antes que venham à luz (Is 42:9). A incredulidade deles neste ensino de Isaías é
justamente o que os faz quererem serrar o livro, tal como o mau rei Manassés
serrou o profeta. Que Deus lhes conceda o arrependimento disso!
Como evidência adicional, o historiador judeu Josefo nos informa
que Ciro, o rei persa que autorizou os israelitas a voltarem do Exílio, ficou
muito impressionado que, antes dele nascer, seu nome já estivesse na profecia
de Isaías (Is 44:28; 45:8), e foi
justamente por isso que ele deu crédito ao Deus de Israel e tratou tão bem o
povo de Deus (2Cr 36:22,23):
Eis
o que declara o rei Ciro: "Cremos que o Deus Todo-poderoso, que nos
constituiu rei de toda a terra é o Deus que o povo de Israel adora, pois Ele
predisse por meio de seus profetas que nós traríamos o nome que trazemos e
reconstruiríamos o Templo em Jerusalém, na Judéia, consagrado à sua
honra".
Esse
soberano falava assim porque lera nas profecias de Isaías, escritas duzentos e
dez anos antes que ele tivesse nascido e cento e quarenta anos antes da
destruição do Templo, que Deus lhe tinha feito saber que constituiria a Ciro
rei sobre várias nações e inspirar-lhe-ia a resolução de fazer o povo voltar a
Jerusalém para reconstruir o Templo. (JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus.
CPAD, 2004. p.479.)
Ainda que a infalível Palavra de Deus é suficiente para nossa fé,
e não os relatos falíveis dos historiadores, tal texto é muito interessante,
pois é uma afirmação de que o Livro de Isaías já estava completo na época do
Exílio Babilônico.
Concluímos que a resposta para a pergunta dos profanos “como pode
o Isaías do tempo de Ezequias, falar ao povo que estará no exílio babilônico
nos cap 40-55 e falar ao povo que participará da restauração nos caps 56-66”, é que Deus, para
manifestar o Seu poder, sabedoria e amor pelo Seu povo, providenciou uma
mensagem aos exilados e restaurados com 200 anos de antecedência, por meio do
Seu profeta.
É certo também que tais mensagens não eram inúteis ao povo dos
tempos de Ezequias. A Palavra de Deus sempre é viva e eficaz, seja falando do
nosso passado, seja falando do nosso futuro. Tal fato é verdade mesmo para nós
hoje: alguém vai chamar de inúteis para nós as profecias bíblicas sobre a volta
de Cristo, a ressurreição dos mortos, o Juízo Final, o Novo Céu e a Nova Terra,
ainda que tais coisas ainda não tenham chegado?
Quanto às palavras de Isaías, ainda que referidas especificamente
à potência ainda não dominante da Babilônia, ao exílio ainda não acontecido e à
restauração ainda distante, tais palavras serviram de consolo também ao povo da
época de Isaías, oprimido pelo Império Assírio, informando-o de que Deus está
no controle de tudo, e tem um grande plano para o Seu povo, que iria se
levantar e resplandecer, pois a glória do Senhor ainda nasceria sobre ele (Is 60:1).