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domingo, 23 de novembro de 2014

Foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão - Comentário de 1Tm 5-6


 
1Tm 5:1-2 – Admoesta-os. Os anciãos como a pais, os moços como a irmãos, as anciãs como a mães, as moças como a irmãs. Não devemos repreender nossos irmãos asperamente. Mesmo que eles errem, devemos tratá-los com toda a honra e respeito devido a cada um, considerando-os como se fossem da nossa própria família. De fato a igreja é chamada de Família de Deus (Ef 2:19), sendo composta dos novos irmãos, e irmãs, e mães, e filhos que recebemos, cem vezes mais, por amor de Cristo e do evangelho (Mc 10:29-30).


1Tm 5:3,5-7,9-15 - Honra as viúvas que verdadeiramente são viúvas. A igreja deve cuidar das pessoas necessitadas, ainda mais se forem membros dela. Naquele contexto, eram as viúvas que corriam maior risco de ficarem desamparadas materialmente. Mas como evitar que alguma delas se aproveite da igreja e receba sustento sem necessitar ou merecer? Paulo estabelece alguns critérios para que a igreja selecione a quais viúvas hão de serem sustentadas:
A que espera em Deus, e persevera de noite e de dia em rogos e orações, que tenha mais de sessenta anos, que tenha sido mulher de um só marido, tendo testemunho de boas obras: se criou os filhos, se exercitou hospitalidade, se lavou os pés aos santos, se socorreu os aflitos, se praticou toda a boa obra. Em resumo, uma viúva verdadeiramente desamparada e crente. Mas não somente crente, mas atuante em boas obras e piedade. São as servas de Deus que a igreja deve sustentar, essas que por sua própria história de vida e de fé se fizeram merecedoras de sustento, caso precisem.
Em contraste, havia viúvas que viviam em deleites, levianas contra Cristo, tendo aniquilado a primeira fé, andando ociosas de casa em casa, paroleiras e curiosas, falando o que não convém, se desviando e indo após Satanás. Estas, por terem tão mau testemunho, não poderiam alegar sua condição de viúva para receberem sustento da igreja. A igreja não pode esquecer que a honra de Deus e do Evangelho deve estar em primeiro lugar. Elas que se casassem de novo e cuidassem de suas casas, e não ficassem na dependência da igreja. Senão, que deixassem de ser ociosas e trabalhassem.
A igreja pode e deve ajudar qualquer pessoa que se encontre em extrema penúria (Mt 5:42), mas à luz destes versos (1Tm 5:3-16) será sempre uma ajuda ocasional e paliativa, porque um sustento contínuo só deve ser dado a crentes de conduta verdadeiramente exemplar e que realmente não tenham qualquer outra possibilidade de se sustentarem.


1Tm 5:4,8,16 – Aprendam primeiro a exercer piedade para com a sua própria família. Dentro dessa seleção necessária de quem deve receber sustento da igreja, Paulo manda perguntar pela família da pessoa necessitada. Seus filhos, irmãos, parentes, onde estão? Porque não a estão ajudando? Porque a igreja iria ser sobrecarregada, se existem os parentes para ajudar, o que é dever deles primeiramente? Se algum parente dela é crente, o caso se torna menos justificável ainda: se alguém não tem cuidado dos seus, negou a fé, e é pior do que o infiel. É bom e agradável a Deus que os filhos recompensem seus pais, e da mesma forma os parentes se ajudem em caso de necessidade, para que não se sobrecarregue a igreja.


1Tm 5:17-18 – Digno é o obreiro do seu salário. O ministro que governa uma igreja, traballhando na palavra e na doutrina, semeando as coisas espirituais (1Co 9:11), é digno de receber dobrada honra, isto é, salário. O ministro da igreja, tal como os antigos sacerdotes, também participa do que é consagrado no altar (1Co 9:13) tal como um boi que come do próprio pasto onde trabalha (1Tm 5:18; 1Co 9:9-10). Isso pelo motivo mais importante possível, porque o Senhor Jesus assim ordenou aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho (1Co 9:14).


1Tm 5:19-20 – Não aceites acusação contra o presbítero, senão com duas ou três testemunhas. Os pastores devem ser resguardados de acusações superficiais e infundadas. Mas se for verdade que o pastor comete pecado grave, deve-se demandar o arrependimento dele nos mesmos termos do processo de disciplina ensinado em Mt 18:15-17, inclusive com a repreensão pública ali ensinada, que é a repreensão da igreja para os que não se arrependem.


1Tm 5:21-23 – Guardes estas coisas. Aqui uma sequência de exortações pessoais: que Timóteo não deixe de pôr em prática tudo que está escrito nessa carta. Que ele não haja com parcialidade no ministério, favorecendo algum membros em detrimento de outros. Que não consagre alguém a um cargo precipitadamente. Que não tenha cumplicidade com os pecados dos outros. Que conserve a si mesmo puro, isto é, cuide de sua santificação pessoal. E ao mesmo tempo, que não esqueça de cuidar da própria saúde.


1Tm 5:24-25 - As boas obras são manifestas, e as que são de outra maneira não podem ocultar-se. A verdadeira condição de uma pessoa, se ela é convertida ou não, descobre-se pelas obras que ela pratica. Mesmo que os homens possam nos enganar um certo tempo, a falsa conversão não ficará oculta para sempre. A santificação é algo que não pode ser escondido, ela transparece nos atos. Da mesma forma a perdição, que mesmo que disfarçada sob o manto de uma religiosidade externa, com o tempo a própria pessoa vai manifestar o que é no coração, pelas suas atitudes más. Esse detalhe Timóteo devia observar na vida dos membros da igreja, e nós devemos fazer o mesmo.


1Tm 6:1-2 - Estimem a seus senhores por dignos de toda a honra. Um escravo não devia desprezar e desonrar seu senhor, mas pelo seu bom comportamento e trabalho, trazer bom testemunho ao nome de Deus. Também não devia se aproveitar do cristianismo do seu senhor, mas por ser seu irmão deveria serví-lo melhor ainda. Se tal era a condição dos escravos, e tal a ordem para bem servirem em seus ofícios, muito maior será o dever de agir da mesma forma o assalariado livre de hoje, que recebe a devida recompensa de seu trabalho. Com muito maior liberdade, ele tem todas as condições de fazer de seu trabalho um ornamento da doutrina (Tt 2:10), trazendo pela sua lealdade e profissionalismo mais glória ao nome de Cristo.


1Tm 6:3-4 - Se alguém ensina alguma outra doutrina, é soberbo, e nada sabe. O padrão e o limite para tudo que é ensinado e praticado na igreja sempre deve ser as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo. O que passar disso só servirá para contendas de palavras, que para nada edificam. Sobre tudo que os mestres ensinam, a igreja deve permanecer examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas são assim (At 17:11).


1Tm 6:5-10 – Aparta-te dos homens corruptos. Uma característica dos falsos mestres é a de pretender acumular dinheiro com a fé dos outros. Somente o fato de terem esta cobiça já os desacredita, para que eles sejam rejeitados pelos crentes. Pois um cristão verdadeiro deve ter como característica a modéstia de demonstrar contentamento em simplesmente ter roupa e comida (1Tm 6:8). O verdadeiro crente sabe que não levará nada material desta vida, portanto não dedica todas as suas forças a acumular bens materiais, ainda mais sabendo que a cobiça de ser rico é fonte de tentação e laço e que o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males (1Tm 6:9-10).


1Tm 6:11-14 - Foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão. Em contraste ao que foi dito acima, estamos diante da “boa cobiça” que deve ter todo o crente, a “cobiça espiritual” de desejar ardentemente crescer a cada dia em todas as virtudes, na obediência, na santificação, para a glória do Senhor que lhe salvou. Sobre isso disse o Senhor: bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos (Mt 5:6).


1Tm 6:15-16 - À aparição de nosso Senhor Jesus Cristo; a qual a seu tempo mostrará o bem-aventurado, e único poderoso SENHOR. Deus Pai não pode ser conhecido nem visto por nós, por nenhuma forma presente na Criação. A única imagem digna de representar a Deus para nós é Ele mesmo na Pessoa do Deus Filho, o único Mediador, o Senhor Jesus Cristo, cuja Volta em glória vai revelar ao mundo como Ele mesmo é o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Devemos, portanto, conforme o segundo mandamento, nos abster de fazer quaisquer tipo de imagens para representar a Deus, pois nenhuma é comparável a Ele e à Sua glória, que o dia da Volta de Cristo manifestará.


1Tm 6:17-19 - Manda aos ricos... que enriqueçam em boas obras. Apesar de ser mais difícil (Mt 19:23,24), Cristo também salva alguns ricos. Estes têm no Reino de Deus muitas oportunidades de usarem bem os seus recursos materiais, repartindo de boa vontade, quem sabe até financiando missionários, desde que eles coloquem toda a sua esperança no Deus que lhes dá todas as coisas, e não na incerteza das riquezas.


1Tm 6:20,21 - Guarda o depósito que te foi confiado. O pregador não é chamado a trazer novidades para a igreja, que não passam de mais ventos de doutrina (Ef 4). Ele é chamado a passar a tocha do Evangelho intacta, proclamando para sempre a mesmíssima mensagem que recebeu de quem o trouxe a Cristo, sem acrescentar, nem tirar nada. Só esse apego e essa resolução ao antigo e imutável Evangelho é que pode proteger a igreja das heresias que surgem a toda hora, proclamando falsamente trazer algum tipo conhecimento superior.

sábado, 15 de novembro de 2014

Cristo veio salvar os pecadores - Comentário de 1Tm 1-2


1Tm 1:1,2 – A meu verdadeiro filho na fé.
Na Grande Comissão Cristo nos ordenou fazer discípulos de todas as nações (Mt 28:20). Sendo assim, uma relação de proximidade é estabelecida entre o crente e cada pessoa que ele conduzir à fé em Cristo. Embora eles serão discípulos de Cristo e não dos homens, sempre existirá essa amizade preciosa entre o convertido, e o crente que lhe falou a palavra de Deus, a fé do qual ele imitará, inevitavelmente atentando para a sua maneira de viver (Hb 13:7). Esse relacionamento então é um privilégio, mas também uma tremenda responsabilidade, pois o Senhor disse: “Ai de quem escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim (Mt 18:6-7).

1Tm 1:3-7 – Se entregaram a vãs contendas.
Timóteo não é exortado a dialogar ou debater com os falsos mestres, mas a fazê-los se calar. A voz da heresia deve ser silenciada na igreja. Além disso, há certos tipos de debates que não edificam, à medida que se prolongam, só servem para aumentar as dúvidas, principalmente quando se debate coisas que não convém. Mas que assunto convém debater na igreja? Aquele cuja conversação promover o amor de um coração puro, uma boa consciência e uma fé não fingida (1Tm 1:5).

1Tm 1:8-11 – A lei é boa, se alguém usa dela legitimamente.
Há diferença entre pecado e crime. Pecado é todo ato contrário aos mandamentos de Deus, e crime é um pecado que Deus ordena que a sociedade deve punir. Assim todo crime é pecado, mas nem todo pecado é crime. O uso legítimo da Lei é instruir a sociedade sobre que atos são crimes que devem ser punidos pelo governo: a Lei de Deus então condena, por exemplo, os injustos, obstinados, ímpios, pecadores, profanos, irreligiosos, parricidas, matricidas, homicidas, devassos, sodomitas, roubadores, mentirosos, perjuros, e tudo que for contrário à sã doutrina (1Tm 1:9,10). Portanto, é equivocado lançar fora todas as regulamentações civis da Lei de Deus, conforme constam no Pentateuco, porque são elas quem vão informar o que o governo da sociedade deveria punir e como. Não há autoridade maior para estabelecer a justiça no mundo do que as palavras que saíram da boca de Deus, pelas quais o homem viverá (Mt 4:4).

1Tm 1:12-14 – Cristo Jesus me teve por fiel, pondo-me no ministério.
Tão graves eram os pecados de Paulo, mas mesmo assim houve salvação e nova vida para ele em Cristo. Como ele diz, isso é um exemplo de esperança para os piores pecadores, que também podem ser redimidos por Cristo. Não há pessoa tão ruim que esteja fora do poder de Cristo para ser salva. Ele promete: Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora (Jo 6:37), mesmo que antes da conversão ele tenha sido um blasfemo, e perseguidor, e injurioso (1Tm 1:13), como Paulo foi, pois onde o pecado abundou, superabundou a graça (Rm 5:20).

1Tm 1:15-17 - Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores.
A salvação é pela Graça, não vem das obras, para que ninguém se glorie (Ef 2:8,9). Ninguém pode merecer a salvação, se alguém merecesse, não precisaria de Cristo, mas Ele não veio para os que pensam que são justos, veio para chamar os pecadores ao arrependimento (Lc 5:32). São esses, que podem alcançar misericórdia e achar graça em Cristo (Hb 4:16). Justamente o exemplo de como Paulo pôde ser salvo por Cristo, com toda a demonstração da longanimidade (1Tm 1:16), isto é, da paciência de Cristo durante o tempo que Paulo viveu no pecado, é um estímulo a todos os pecadores para que venham a Cristo e bebam de graça da água da vida (Ap 22:17), porque o Seu jugo é suave, e o Seu fardo é leve (Mt 11:30).

1Tm 1:18-20 - Entreguei a Satanás.
Isto é, excluiu da igreja (como em 1Co 5:1-13 em especial o v. 5), por causa da gravidade dos seus pecados de blasfemar, rejeitando a boa consciência, ou seja, pecando incontidamente de forma intencional. Confirmamos aqui que há um limite de tolerância da igreja para que uma pessoa permaneça sendo considerada seu membro. Mas ele diz esperar que eles aprendam, portanto a exclusão tem incluída a esperança de restauração, quando o excluído se arrepender.

1Tm 2:1,2– Que se façam orações por todos os homens, pelos reis, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada.
Deus não quer que oremos somente pelas pessoas parecidas conosco, que estão no mesmo nível, na mesma classe social. De forma alguma, todos os tipos de homens devem ser alvo das nossas orações, principalmente os governantes, pois por meio deles Deus pode nos dar uma vida quieta e sossegada, à medida em que eles contribuírem para promover a justiça e a segurança da nação em que vivemos.

1Tm 2:3-4 – Deus... quer que todos os homens se salvem.
A ênfase aqui é a mesma do ensino sobre a oração. Assim como Deus quer que oremos por todos os tipos de homens, assim também a oferta da salvação deve ser proclamada a todos os tipos de homens, sejam escravos, sejam livres, sejam trabalhadores, sejam governadores. Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado (Mc 16:15,16).

1Tm 2:5-7 – Um só mediador entre Deus e os homens.
Seja governante como Davi ou governado como Natã, rico como Jó ou pobre como Lázaro, religioso como Nicodemos ou publicano como Mateus, todos que entrarem no Reino, entrarão pela única Porta, que é Cristo. Debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos (At 4:12). A distância de Deus é a mesma para todos, porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3:23), e a única maneira de superá-la é por meio de uma aliança com Aquele que é o caminho, e a verdade e a vida; pois ninguém vai ao Pai, senão por Ele (Jo 14:6).

1Tm 2:8 – Quero que orem em todo lugar.
Que belo testemunho é um cristão se levantar para orar em seu ambiente de trabalho, em um restaurante, em praça pública, na rua, na reunião de sua família... É uma bendita ousadia pelo Reino de Deus, se fazer representante dos homens, e como verdadeiro sacerdote, dar a Deus o louvor que todos deveriam estar dando. Aproveitemos toda oportunidade, para a glória de Nosso Senhor Jesus.

1Tm 2:9-10 – As mulheres se ataviem com pudor e modéstia.
Uma vez que nosso corpo só pode ser usufruído por nosso cônjuge (1Co 7:4), não há nenhum lugar para a sensualidade na nossa vida, fora das quatro paredes do matrimônio. Ser sensual em público é característica dos que não têm o Espírito (Jd 19). A pessoa modesta não deseja chamar a atenção para si, nem se destacar no meio da multidão. Provavelmente ao se cuidar da modéstia primeiro, o problema do pudor será resolvido automaticamente. Um coração simples e puro irá se manifestar numa aparência também simples e pura. Mas se houver ostentação e malícia no modo de vestir de alguém, com isso se demonstra que o coração também não está em ordem. O cristão tem um enfeite melhor para usar, e muito mais belo: as boas obras que pratica (2Tm 2:10), as quais levam aqueles que nos observam a glorificar a nosso Pai, que está nos céus (Mt 5:16), e a pensar nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra (Cl 3:2).

1Tm 2:11-14 – Não permito que a mulher use de autoridade sobre o marido.
Nenhuma mudança cultural da nossa sociedade vai mudar a ordem estabelecida por Deus, de que o marido deve ser o líder do seu lar, governando sua esposa e seus filhos. Em coerência a este princípio, a igreja em sua distribuição de ministérios deverá tomar o cuidado de não colocar uma esposa para liderar, pregar ou ensinar o seu marido. Em 1Co 14 Paulo já tinha orientado algo semelhante, que as esposas dos pregadores não deveriam se pronunciar na avaliação pública da pregação (1Co 14:29-35). Os motivos para essa restrição não são culturais, mas universais: Adão foi criado primeiro que Eva, e não foi enganado da maneira que Eva foi (1Tm 2:13,14). Assim as esposas não devem inverter a ordem hierárquica dada por Deus, nem por pretexto de ministério na igreja.

1Tm 2:15 - Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos.
Certamente não está falando que as mulheres se salvam do Juízo Final pelo fato de se tornarem mães. O que diz é que a dignidade das mulheres foi vindicada no fato de que Deus quis trazer o Salvador ao mundo por meio delas, no exercício da maternidade. Confirmou-se assim que a ocasião mais própria para a mulher exercer autoridade é quando ela vem a ser mãe de filhos. Assim como o marido tem autoridade sobre a esposa, a esposa também tem autoridade sobre os filhos, e deve usar essa autoridade para o ensino e edificação de suas crianças no caminho do Senhor, à medida que ela própria persevera em modéstia na fé, no amor e na santificação.

Se alguém não quiser trabalhar, não coma também - Comentário de 2Ts 2:13-3:18

2Ts 2:13-14 – Devemos sempre dar graças a Deus por vos ter elegido desde o princípio para a salvação. Ser salvo é ser escolhido: quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica (Rm 8:33). Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós (Jo 15:16; ver também 1Co 1:24-31). É ser tirado da potestade das trevas, e transportado para o Reino do Filho do amor de Deus (Cl 1:13). De fato, se alguém é assim amado do Senhor (2Ts 2:13), tem o dever de constantemente render graças pela salvação. Embora decidida na eternidade, a eleição só se manifesta na ocasião da conversão do crente, quando o Evangelho vem a ele não somente em palavras, mas em poder e certeza no Espírito Santo, transformando-o em servo do Deus vivo (1Ts 1:4,5,9). E quanto mais na vida de alguém for nítida a santificação do Espírito e a fé da verdade (2Ts 2:13), maior ainda será a certeza da salvação e o agradecimento que é devido a Deus por isso.



2Ts 2:15 - Retende as tradições que vos foram ensinadas. Não somos chamados a inventar ritos, doutrinas e costumes. Justamente as tradições existem com objetivo de proteger as crenças e costumes recebidos. Falando aos coríntios sobre o conteúdo do Evangelho, Paulo diz: vos entreguei o que também recebi (1Co 15:3), quando fala do modo de celebrar a Ceia, usa termos semelhantes (1Co 11:23). Ou seja, ele mesmo não inventou nada, está apenas passando adiante o que lhe foi ensinado. As novidades são características dos ventos de doutrina, que carregam os meninos inconstantes (Ef 4:14). Tudo que precisamos saber para servir a Deus no Evangelho já foi revelado, e ninguém pode pregar nada que vá além, sob pena de maldição (Gl 1:8,9). Conformemo-nos então naquilo que temos recebido, para que possamos passar às novas gerações o Evangelho inalterado. Foi por rebeldia a esse mandamento que as igrejas se afastaram da simplicidade que há em Cristo (2Co 11:3), e pelo acréscimo de novas revelações, rituais, doutrinas e costumes, corromperam o Evangelho. A Reforma foi um movimento de restauração do Evangelho Bíblico, devemos estar alertas para novamente não cometer o mesmo erro de acrescentar aos costumes das igrejas coisas que Deus não ensinou nem ordenou na Sua Palavra.



2Ts 2:16,17 - Nosso Senhor Jesus Cristo...vos confirme em toda a boa palavra e obra. Diante do desafio que aquela igreja enfrentava, de permanecer firme na fé, em face de grande perseguição, Paulo lança seus olhos ao Senhor Jesus em oração. É Ele quem tem o poder de consolar os nossos corações e nos confirmar no caminho correto. Nosso Salvador mesmo, é quem se faz nosso maior incentivo a permanecer na fé e na prática. NEle está tudo que precisamos, seja consolo, força, confirmação, perseverança, estabilidade, certeza, ânimo, paciência, todas quantas promessas há de Deus, são nEle sim, e por Ele o Amém (2Co 1:20), todas as bênçãos espirituais estão em Cristo (Ef 1:3); visto como o Seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento dAquele que nos chamou pela Sua glória e virtude (2Pe 1:3). Lancemos mão, portanto, de tudo que Ele tem para nós, buscando-O para cada necessidade, pois Ele prometeu: aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna (Jo 4:14).



2Ts 3:1-5. Rogai por nós, para que a palavra do Senhor tenha livre curso e seja glorificada. Os perigos que os tessalonicenses enfretavam, Paulo também tinha que encarar. A pregação do Evangelho sempre pode despertar reações contrárias. E mesmo que não na forma de franca oposição e ataques, pode ser por impedir a continuidade dos trabalhos, por omissão, pelo fim de colaborações, pelo fechamento de portas. Enquanto há muitos sedentos pela Palavra, há também inimigos da Palavra, que odeiam a Cristo e Seu Evangelho. Os homens dissolutos e maus, que não têm a fé, trabalham conscientemente ou inconscientemente para o Diabo, que não deseja a propagação do Evangelho, e podem fazer qualquer coisa para impedir a pregação da Palavra. Diante disso, permanece a arma da oração, pela qual pedimos que o Senhor nos abra o caminho e a Palavra tenha livre curso. Não sabemos todos os empecilhos que poderão se levantar contra o ministério cristão, mas o Senhor sabe, e tem o poder de retirá-los, afim de que hajam mais frutos para a Sua glória.



2Ts 3:6-9. Nem de graça comemos o pão. Na primeira carta ele já tinha mencionado o problema das pessoas ociosas. Parece que não foi resolvido, então o apóstolo tem que voltar ao assunto. Aqui lembra que estando em missão na cidade deles, ele não usou de sua prerrogativa de apóstolo para ser sustentado pelos outros, mas quis dar o exemplo de trabalhar para não ser pesado a nenhum deles. Agir diferente, ser uma pessoa improdutiva, que nada realiza, e a ninguém ajuda, é viver desordenadamente, e fora da tradição. Deus nos criou como seres trabalhadores, mesmo antes da Queda (Gn 2:15), Ele nos ordena aproveitar a vida com trabalho: tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças (Ec 9:10), e para isso deu uma vocação a cada um, capacidades que devem ser usadas para a glória de Deus e o bem dos outros neste mundo. A ociosidade é um desperdício dessas capacidades que Deus nos deu.



2Ts 3:10-12;14,15. Se alguém não quiser trabalhar, não coma também. Não há uma forma alternativa de sobreviver, nós temos o dever de trabalhar. Deus não nos chamou para viver desordenamente, fazendo coisas vãs, isto é, inúteis. 
Toda pessoa consome coisas, e gera um custo de sustento, seja em alimentos, roupas e moradia. É, portanto, ilegítimo, é um abuso viver às custas de outro, sem realizar nenhuma atividade produtiva. 
Entretanto, quando dizemos “trabalho”, e “atividade produtiva” não queremos dizer necessariamente um emprego que “dê salário” ou atividade financeira que “dê dinheiro”. 
Pode ser uma esposa que cuida da casa e das crianças, pode ser um filho que ainda esteja se dedicando aos estudos, porque essas coisas são úteis, importantes, necessárias e produtivas. 
O que não pode é alguém ter uma vida totalmente ociosa, que nada produz, nada realiza, não serve a ninguém, não ajuda a ninguém e ainda ser sustentado. Neste texto bíblico fica bem claro que o ocioso não merece sustento. 
A atitude recomendada parece ser dura demais: deixar de lhe dar comida. Mas como o ocioso vai sentir o seu pecado? Enquanto ele for sustentado sem merecer, ele vai continuar na ociosidade, até que alguém o faça sentir o que a sua preguiça merece.

Se alguém não obedecer... não vos mistureis com ele. Já era a segunda carta em que o apóstolo tem que repreender os desocupados daquela igreja. Assim como eles não se emendaram, a igreja tinha que começar a tratá-los diferente. Não podemos ser coniventes com o pecado, com as pessoas que não se arrependem mesmo tendo sido exortadas várias vezes. Todavia não devia ser tratado como inimigo, mas admoestado como irmão (2Ts 3:15).



2Ts 3:13. Não vos canseis de fazer o bem. Uma situação tal como esta é desanimadora. Você ajudar alguém que lhe pareceu estar em necessidade, mas depois percebeu que a pessoa não quer resolver o problema, mas quer ficar eternamente dependente. Você se sente explorado e enganado. Foi abusado na sua generosidade. A tendência é dizer: “também não vou mais ajudar ninguém”. Mas a Palavra reforça: não nos cansemos de fazer o bem. Algumas pessoas podem se aproveitar de nós, e delas nos afastaremos, mas haverá muitos que realmente precisam da nossa ajuda, e serão eternamente gratos. Fazemos o bem porque Cristo mandou: Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes (Mt 5:42). Então o mandamento permanece, embora tenhamos que agir com critério, não podemos deixar de ter alguma misericórdia. E temos a promessa que a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido (Gl 6:9).




2Ts 3:16-18. O Senhor seja com todos vós. Nada pode ser melhor para o crente do que a própria presença de Cristo. Ela nos dará toda a paz, segurança e felicidade que necessitamos. Não importará o lugar e a circunstância, com Ele poderemos passar por qualquer coisa. É isso que o apóstolo deseja para os crentes. E eles não precisarão de mais nada para enfrentar os seus desafios, pois Cristo é completamente suficiente. Depois de haverdes padecido um pouco, Ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá (1Pe 5:10).
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