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domingo, 8 de fevereiro de 2015

Preparando-se para peregrinar com Deus – Comentário de Nm 1-6




O propósito do livro de Números é indicar como o povo de Deus deve viver durante a sua peregrinação neste mundo, em dependência, confiança e obediência para com o Senhor, por meio da história da jornada de Israel no deserto em rumo à Terra Prometida. Aqui estão registradas as instruções de Deus para como Seu povo deveria caminhar com Ele, e como essa caminhada se deu, relatando-se tanto os momentos de vitórias como os de derrotas espirituais. Sobre essa história o NT diz: tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos (1Co 10:11), ou seja, que cada cristão deve atentar para estes eventos registrados na Palavra, tirando lições para sua vida com Deus durante a peregrinação que tiver neste mundo, sabendo que aqui também somos como estrangeiros e peregrinos na terra, que desejam e caminham para uma pátria melhor, isto é, a celestial (Hb 11:13-16).

Em Êxodo está registrada a libertação do Egito e peregrinação até o Monte Sinai, e então o recebimento da Lei e a construção do Tabernáculo. Em Levítico temos a continuação e detalhamento da Lei dada no Sinai. Nesses dois livros o relato da formação da nação de Israel abrange um período de menos de dois anos. Já em Números temos um registro que cobre quase 40 anos de peregrinação no deserto, em direção a Canaã, com três fases distintas:

Nm 1:1-10:10 – No Sinai – Preparação para a jornada;

Nm 10:11-20:13 - De Sinai a Cades-Barneia – Rebelião durante a jornada;

Nm 20:14-36:13 - De Cades-Barnéia a Moabe – Restauração para prosseguir a jornada;



Nm 1 - Tomai a soma de toda a congregação dos filhos de Israel, segundo as suas famílias, segundo a casa de seus pais, conforme o número dos nomes de todo o homem, cabeça por cabeça; da idade de vinte anos para cima, todos os que em Israel podem sair à guerra (Nm 1:2,3). O censo fica como um registro do cumprimento da promessa de multiplicação dos descendentes, feita por Deus a Abraão, Isaque e Jacó. O resultado de uns 600.000 homens em idade militar deve significar um total de no mínimo 3.000.000 de pessoas que compunham aquele povo. Assim ficou claro o quanto Deus já havia abençoado e multiplicado aquele povo. Com setenta almas teus pais desceram ao Egito; e agora o Senhor teu Deus te pôs como as estrelas dos céus em multidão (Dt 10:22). Da mesma forma, contagens e registros são importantes para o povo de Deus hoje. Alguém já disse que o documento mais importante de uma igreja é a lista do rol de membros, para que cada igreja saiba responder: Quem são os irmãos que estão conosco? Com quem podemos contar? De quem devemos cuidar? E assim melhor enxergue tanto os efeitos como os desafios da obra de Deus em sua localidade.  



Nm 2 - Os filhos de Israel armarão as suas tendas, cada um debaixo da sua bandeira, segundo as insígnias da casa de seus pais; ao redor, defronte da tenda da congregação, armarão as suas tendas (Nm 2:2). As tribos deveriam se acampar em forma de círculo, envolvendo completamente o tabernáculo, para protegê-lo ao máximo de ataques inimigos. Todo o exército da nação em volta do símbolo da presença de Deus, que o povo estivesse ao redor e o altar de Deus bem no centro. A mensagem dessa organização é clara: Deus deve ser para o povo o seu maior valor. A fé em Cristo é a coisa mais importante e sagrada, que deve ser protegida ao máximo, pois dessa fé é que vem toda a virtude e moral de um povo. Por essa fé Deus abençoa uma nação em todas as áreas: bem-aventurada é a nação cujo Deus é o SENHOR (Sl 33:12).  Mas Deus diz que mesmo os governantes seculares têm o dever de proteger o Seu culto: Façam orações (...) pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade (1Tm 2:2) – quando aqui diz toda a piedade, quer dizer que é dever do governante preservar as condições dos crentes em Deus exercerem toda a sua religião, todo o seu culto, todas suas obras e toda a sua fé, livres de qualquer transtorno, embaraço, opressão ou perseguição.



Nm 3-4 – Faze chegar a tribo de Levi, e põe-na diante de Arão, o sacerdote, para que o sirvam, e tenham cuidado da sua guarda, e da guarda de toda a congregação, diante da tenda da congregação, para administrar o ministério do tabernáculo (Nm 3:6,7). Deus chama Arão e seus filhos para serem os sacerdotes e oficiarem o culto, mas também chama todos os levitas para auxiliarem os sacerdotes, e fazerem todo o serviço que torna o culto possível. Eles terão os trabalhos de dar segurança do tabernáculo, controlar a entrada e saída das pessoas; os trabalhos do transporte do tabernáculo e de todos utensílios sagrados; de trazer os animais, a água, a lenha, de recolher os refugos, etc. Como aqueles sacerdotes precisaram de ajuda, também no NT os apóstolos precisaram eleger diáconos para organizarem a beneficência das viúvas, para que tivessem tempo para a Palavra e oração (At 6:1-6). Assim, nos dias de hoje, não há trabalho somente para pregadores e pastores, mas na obra de Deus há muito o que ser feito em termos concretos e de organização da comunidade santa, em ações físicas, braçais e práticas, que são igualmente importantes em relação às de direção, pregação, conselho e ensino, pois essas ações de apoio é que dão condições para que as ações ministeriais aconteçam. Para tudo que a igreja for fazer, a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil (1Co 12:7), portanto cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus (1Pe 4:10), de forma que o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós (1Co 12:21).



Nm 5 - Três tipos de impureza que poderiam contaminar o povo, e para as quais Deus dá três tipos de soluções.

Ordena aos filhos de Israel que lancem fora do arraial a todos os imundos; fora do arraial os lançareis; para que não contaminem os seus arraiais, no meio dos quais eu habito (Nm 5:2,3); A impureza física, das doenças contagiosas, deveria ser isolada geograficamente. As pessoas contaminadas precisam seguir a certa distância do acampamento, para não espalharem suas doenças a todo o povo.

Quando homem ou mulher fizer algum de todos os pecados humanos, transgredindo contra o SENHOR, tal alma culpada é. E confessará o seu pecado que cometeu; pela sua culpa, fará plena restituição (Nm 5:6,7). A impureza moral, das defraudações e pecados, deve ser confessada, e todo o dano causado deve ser restituído.

Quando a mulher de alguém se desviar, e contra ela não houver testemunha, e [o marido] de sua mulher tiver ciúmes, o sacerdote a fará jurar; se ela se tiver contaminado; aquela mulher será por maldição no meio do seu povo. (Nm 5:12-14,19,27). A impureza oculta, dos pecados cometidos em secreto, sem testemunhas, contra esta não se pode mover processo para penalizar o transgressor, e este pode sempre alegar inocência. Nesse caso Deus deve ser invocado para dar a cada um segundo as suas obras, abençoar o inocente, e castigar o culpado.

Se a impureza física não for isolada, o povo padecerá pela doença. Se a impureza moral não for restituída, o povo padecerá pela injustiça. Se a impureza oculta não for amaldiçoada,  o povo padecerá pela conivência com o mal. Assim sendo, que cada uma delas receba o que Deus lhe determinou.



Nm 6 - Assim abençoareis os filhos de Israel, dizendo-lhes (Nm 6:23-27): Deus ordena que os sacerdotes tenham o costume de orar sempre pelo bem do povo.

O SENHOR te abençoe -  Quem tem poder para abençoar é Deus. Ainda que os homens proferem a bênção, se Deus não a confirmar ela não terá eficácia. Toda a providência, poder e soberania de Deus são assim vindicadas. Não temos o poder de abençoar os outros, mas de sermos instrumentos para que Deus abençoe através de nós.

e te guarde;  - Ou seja, que preserve de todo o mal, que prolongue os seus dias, o proteja dos males dos homens e do mundo.

O SENHOR faça resplandecer o seu rosto sobre ti, - Isto é, que Deus tenha prazer no Seu povo, que Seu povo seja a sua satisfação, e se agrada dele.

e tenha misericórdia de ti; - Que perdoe todos os seus pecados e falhas, que não se ire pelas suas transgressões, que suporte suas imperfeições.

O SENHOR sobre ti levante o seu rosto - Que assim Deus comunique a Seu povo que o aprova e reconhece como Seu.

e te dê a paz. – A paz de consciência, a paz da comunhão com Deus, a paz da segurança que o crente tem em Deus.

Assim porão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei. – É dito que se orarmos segundo a vontade de Deus, Ele cumpre a nossa oração. Pois bem, aqui temos a maravilhosa promessa que Deus tem a intenção de nos abençoar, mas para isso, Ele quer que também cultivemos essa bondosa disposição para com nossos irmãos, orando sempre pelas bênçãos de Deus sobre eles, pois enquanto Ele nos atender, também pela prática da bênção Ele edificará o nosso caráter e fará crescer nosso amor uns pelos outros, o que se tornará ocasião para novas bênçãos e assim sucessivamente.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

O estabelecimento da Teocracia - Comentário de Levítico 21-27






TEOCRACIA – Lv 21-27 – Na seção final de Levítico, Deus ensina como regular toda a vida da nação, de maneira que De fato o propósito de Deus para Israel era que ele fosse um reino sacerdotal e o povo santo (Ex 19:6). Então estas leis pertencem ao passado? Não! Elas pertencem ao futuro! À medida que a pregação do Evangelho for convertendo todos os povos a Cristo (Sl 22:27,28; Mt 16:18), chegará o dia em que as nações novamente perguntarão pela Lei do Senhor, para que Ele lhes ensine os Seus caminhos, e elas andem nas Suas veredas (Is 2:3). Então toda a terra se encherá do conhecimento da glória do SENHOR, como as águas cobrem o mar (Hc 2:14).



Lv 21-22 – Não profane o santuário do seu Deus. Padrões para os sacerdotes. Deus exigiu que tanto os sacerdotes como sua linhagem fossem purificados num alto padrão: que não tocassem em pessoas mortas, exceto os parentes mais chegados, que se casasse somente com mulher virgem ou viúva de outro sacerdote, que houvesse pena de morte para uma filha de sacerdote que se prostituísse, e que os sacerdotes não tivessem defeitos físicos visíveis. Da mesma forma, em Lv 22:17-33, Deus comunica os cuidados que devem ser tomados para que as ofertas sejam aceitáveis. Tudo isso para comunicar a perfeição de Deus, Sua distância do homem devido ao pecado, e a perfeição devida do Mediador que viria. Nossas iniqüidades fazem separação entre nós e o nosso Deus (Is 59:2), mas se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, justo (1Jo 2:1) e perfeito para sempre (Hb 7:28).


Lv 23:1-24:9 – Estas são as solenidades do SENHOR, as santas convocações.

O sábado do SENHOR (v. 1-3). O descanso consagrado de um dia a cada sete. Representa a lembrança do dom da Criação, feita por Deus em seis dias. Não há motivo para ser abolido, uma vez que faz parte das palavras da Aliança, os Dez Mandamentos (Ex 20:8-10), portanto constitui-se como mandamento moral perpétuo, que serve ao cristão para lembrar-se também da Nova Criação que virá, e já foi iniciada pela ressurreição de Cristo no primeiro dia.

                As demais festas, porém, não precisam ser observadas literalmente (Gl 4:9-10; Rm 14:5), mas devem ser estudadas em seu significado espiritual:

A páscoa e os pães ázimos (v. 4-8). O sacrifício de um cordeiro e o comer-se pãos sem fermento representa o livramento do povo de Deus da Sua ira contra o pecado, pela justificação que o sangue do Cordeiro proporciona, Deus desconsiderando o pecado do povo, e deixando de destruí-lo. De fato, hoje Cristo é a nossa páscoa (1Co 5:7), porque Ele é quem nos livra da ira futura (1Ts 1:10).

As primícias (v.9-14). Consagrava-se o primeiro molho da colheita de trigo, como penhor da colheita inteira que viria. Representa a ressurreição de Cristo como prova da ressurreição futura de todos os mortos que acontecerá (1Co 15:20).

Festa de Pentecostes (v.15-22). Cinquenta dias depois das primícias, ofertavam-se pães com fermento (v. 17 - ao contrário da Páscoa), representando o reconhecimento de que o povo é e continua sendo pecador (1Jo 1:8), mas salvo unicamente pela graça e pelo poder de Deus (Ef 2:4-9).

Festa das Trombetas e Dia da Expiação (v.23-32). Representam a pregação do Evangelho de Deus por todo o mundo, convocando-o para o arrependimento dos seus pecados e a salvação que Deus proporciona, pela fé na expiação que era proclamada pela morte de um bode para cobrir os pecados, e pelo envio de outro bode ao deserto para levar os pecados embora. Todas estas coisas são realidade em Cristo, tanto a expiação, como a remoção dos nossos pecados (Jo 1:29; 1Jo 2:2) e o dever de convocar o mundo a se voltar para esse Salvador (Mc 16:15).

Festa dos Tabernáculos (v.33-44). O povo se reunia e ficava por um tempo morando em tendas. Relembra como Deus o preservou Seu povo no deserto e representa como Ele o preserva e sustenta todos os dias da sua peregrinação neste mundo, no qual estamos de passagem em viagem para a cidade celestial (Hb 11:13,14).



Lv 24:10-16,23 -  Qualquer que amaldiçoar o seu Deus, levará sobre si o seu pecado. Numa nação teocrática, o bem mais alto não é a constituição, nem o seu povo, nem suas tradições, nem suas riquezas. O bem mais alto e mais elevado é o seu Deus. Assim os que, dentre o povo da Aliança, com amargura e rebeldia blasfemam de Deus cometem um dos pecados mais graves, que requer a punição mais alta, a morte. Que esta lei inspire em nós a extrema reverência ao falar do nosso Deus, pois Ele diz que não tomará por inocente o que tomar o Seu nome em vão (Ex 20:7).

Lv 24:17-22 – Olho por olho, dente por dente. A lei da retaliação é o padrão de Deus para a justiça social (não do indivíduo por conta própria – Mt 5:38-42), em que a cada crime é dada a exata punição proporcional que ele merece: quem matar um homem, deve morrer, quem matar um animal; deve dar outro para o seu dono; quem ferir ao outro, deve ser ferido exatamente da mesma forma. Essa é justiça segundo Deus, e deveria ser o padrão da justiça de todas as nações, pois é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei (Lc 16:17).



Lv 25:1-7 – O sábado da terra. Deus ordenou que a cada sete anos um ano não se semeasse, nem colhesse, mas se consumisse a colheita do ano anterior. Ele prometeu suprir em dobro no sexto ano, e o  povo tinha que crer na providência de Deus para sustenta-lo. Era um verdadeiro teste da dependência de Deus, no qual, o povo falhando, veio a desagradar a Deus (2Cr 36:20-21).



Lv 25:8-55 - O ano do jubileu. A cada cinquenta anos as terras que foram vendidas, deviam voltar para as suas famílias originais e todos os escravos deviam ser libertados. É a proclamação do perdão pleno e gratuito de Deus, em que as dívidas são apagadas, prefigurando com exatidão a obra de Cristo para com as dívidas do Seu povo. O cristão vive num perpétuo Ano do Jubileu, pelo seu cumprimento em Cristo (Lc 4:18–21).



Lv 26 – Confirmarei a Minha aliança convosco.Uma aliança tem duas partes: os benefícios que recebem os que cumprirem, e os prejuízos que virão sobre os que não cumprirem. Como Deus sempre cumpre Suas promessas, Ele nunca seria o quebrador da aliança. Assim àquele povo, e a toda nação que se comprometer em seguir as leis de Deus, as maiores bênçãos em vida são prometidas, mas na exata proporção, se esse povo abandonar a Deus, Ele promete castigos severos em vida. Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência (Dt 30:19).



Lv 27:1-29 – Quando alguém fizer particular voto. O voto é uma forma de adoração a Deus voluntária, em que alguém por gratidão ou por uma causa de intercessão, promete consagrar algo a Deus, entregando-o ao Seu Reino. Ninguém deveria ser obrigado a voto algum, mas todo o que realmente quisesse fazê-lo deveria ter o extremo cuidado de o cumprir. Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos; o que votares, paga-o. Melhor é que não votes do que votares e não cumprires (Ec 5:4,5).



Lv 27:30-34 - Todas as dízimas do campo são do Senhor. Como Deus é o dono de toda a terra e sua plenitude, é por misericórdia que Ele reivindica para os trabalhos do Seu Reino uma pequena parte do nosso ganho. Cristo disse: se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus (Mt 5:20).  Pois bem, os escribas e fariseus davam esses dízimos, e se temos que fazer mais que eles, então dar ou não o dízimo não deveria nem entrar em discussão, mas ser o ponto de partida de uma contribuição ainda maior para a pregação do evangelho e sustento dos ministros chamados por Deus (1Co 9:1-14) para, com alegria, doar segundo o que propormos em nosso coração (2Co 9:7), mesmo que seja tudo o que temos, todo o nosso sustento (Mc 12:44), afim de que mais pessoas sejam convertidas a Cristo.
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