Quer entender a Bíblia?

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O sacerdócio do crente em relação a seus irmãos


  A única maneira de alguém ter acesso a Deus é por meio de Jesus, nosso Salvador que nos amou e se entregou por nós.
Somente a Sua obra de pagamento dos pecados e cumprimento de toda a vontade do Pai é que pode nos salvar. Deus ordena que paremos de confiar no bem que podemos fazer para confiar em tudo que Cristo fez por nós. Jesus pode salvar perfeitamente os que por ele se achegam a Deus (Hb 7:25a), por não ter pecado algum, sendo assim o único mediador entre Deus e os homens (1Tm 2:5). Isso exclui a possibilidade de qualquer mediação de um sacerdote humano para que nós sejamos salvos, pois todas as pessoas são pecadoras e igualmente indignas de aproximar-se de Deus.
Não podemos, porém, nos enganar achando que por causa disto o crente seja independente dos outros, e não precise da igreja. Na realidade ocorre exatamente o contrário: todo aquele que é sacerdote, é sacerdote de alguém, e se todos temos essa posição (1Pe 2:9; Ap 1:6), é porque somos sacerdotes uns dos outros, não na salvação, mas na edificação.
Quando meu irmão não tiver forças, estiver desanimado, não conseguir nem louvar, nem orar, eu tenho a responsabilidade de chegar perto dele e orar com ele e por ele, adorar a Deus com ele e por ele, falar do amor de Deus com ele e por ele.
Quando eu souber de algum pecado do meu irmão, devo como sacerdote pedir o perdão de Deus para ele, tanto faz se ele que veio me contar, ou se ele nem admite que está pecando.
Fazendo isto, estaremos sendo imitadores, tanto do Filho [se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo (1Jo 2:1b)] como do Espírito Santo [da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis (Rm 8:26)], para a glória de Deus.
Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados, e fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado (...) e consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras, não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns. (Hb 12:12,13; 10:24,25)

Marcos Lopes (27/06/2004)

sábado, 17 de setembro de 2011

O esquecido Sacerdócio Universal dos Crentes.

Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1Pe 2:9).
É comum termos dentro das igrejas muitos membros que nada fazem, apenas assistem e recebem o trabalho de outros. Um dos maiores motivos para isto acontecer é porque a doutrina do sacerdócio universal dos crentes não é divulgada, nem praticada corretamente no nosso meio.
Nesta passagem Pedro está falando com todos os que crêem (v.7), todos eles são sacerdócio real, povo adquirido para anunciar as virtudes de Deus. Para isto que cada crente foi salvo em Cristo, pois Ele nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai (Ap 1:5b,6).
Isto significa que todos os crentes são iguais, não existe uma divisão especial, nem pessoas especiais, com mais acesso a Deus que os outros. Todos têm a mesma posição, pois se nós somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo (Rm 8:17a). Portanto todos os crentes são responsáveis pela obra do Reino de Deus, pela Igreja de Cristo, pela expansão do Evangelho.
Assim, não podemos permitir o acúmulo de funções na igreja por poucos líderes, pois quanto mais isto acontecer, menos influência os membros da igreja terão na sociedade. Pois, se são inativos na igreja também o serão na sociedade.
Estes crentes inativos são prejudicados pela mentalidade de que só alguém capacitado pode exercer as funções de evangelizar, pregar, ensinar, aconselhar, realizar cultos nas casas e no trabalho, etc. Acaba se formando um círculo vicioso, em que nunca eles nunca são estimulados a fazer estas coisas e por isso nunca aprendem a fazer. De um lado temos o comodismo, e do lado dos líderes, orgulho e egoísmo.
Contra isto o sacerdócio universal deve ser pregado e vivido, para que cada membro execute as suas tarefas na missão que Deus deu a todos. Que cada um compartilhe com todos tudo que Deus lhe tiver dado, para edificação mútua, e a glória do Senhor Deus na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém! (Ef 3:21).

-

-

-

Marcos Lopes (20/06/2004)

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Consagremos a Deus tudo que é dEle.



Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e os que nele habitam. É um erro dividir a nossa vida em duas esferas: as coisas do mundo e as coisas de Deus. Tudo que há no mundo é de Deus, pois o mundo pertence a Deus. Para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos, porque dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas.

Assim não devemos classificar também nossas atividades e ações no mundo como santas ou seculares, sagradas ou “mundanas”, pois Jesus não é Senhor só de algumas coisas, mas Ele é dono de todo o tempo, espaço, coisas, atos e pessoas. Fazer distinção entre o secular e o santo é dizer que haja áreas da vida em que Ele não tenha domínio.

O culto racional não é algo que só aconteça num lugar ou num dia, mas é o oferecimento de toda a nossa vida a Deus.

E isto não significa afastar-se de tudo o que é comum para gastar todo o tempo da vida orando, louvando ou meditando na Palavra, mas sim transformar tudo o que é comum na nossa vida num ato contínuo de culto, que atravessará a morte para durar pela eternidade.

Ou seja, o trabalho, o estudo, as atividades domésticas, o repouso, todos os lazeres e prazeres, a arte, o conhecimento, até o papo furado com os amigos, tudo que fazemos deve ser para glória de Deus.

Todo o “comum” da vida pode ser santificado, porque Deus se manifestou em carne, e se aproximou da humanidade em Cristo. Antes de Deus vir como homem, haviam muitas regras de separação, para distinguir entre o santo e o profano. Mas desde então, por meio da fé em Cristo, e por Sua obra, todas as coisas são puras para os puros, já que Deus nos dá abundantemente todas as coisas para delas gozarmos.

Quando o crente se isola do mundo, está contradizendo o próprio Evangelho, em que Deus estava em Cristo reconciliando-se com o mundo, não imputando-lhe os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação.

O crente, por sua salvação, é livre para amar e servir a Deus e ao próximo em todas as áreas da vida, pois tudo que existe pertence ao Deus que lhe salvou. Por isso a Palavra diz: tudo é vosso, e vós de Cristo, e Cristo de Deus.

Portanto, quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus.

(Sl 24:1;1Co 8:6;Rm 11:36;12:1;1Tm 3:16;Ez 44:23;Tt 1:15;1Tm 6:17;2Co 5:19;1Co 3:22,23;10:31)


Marcos Lopes (06/06/2004)

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A Glória ou a Cruz?


Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo (2Co 4:5).
Por toda parte vemos os evangélicos repetindo que querem “ver a glória de Deus”, ou “que a glória de Deus se manifeste neste lugar”, ou ainda que Deus “mostre a Sua glória”. Mas Deus deve mostrar Sua glória para satisfazer a curiosidade humana? E se Ele mostrasse a Sua glória, sobreviveríamos? (Resposta em Ex 33:18-23).
Na verdade a questão é mais profunda. É uma repetição do que Martinho Lutero disse que era o caminho errado da Igreja na Idade Média, em contraste com o caminho para o qual Jesus nos chamou. Temos diante de nós duas possibilidades de se viver para Deus: no caminho da glória ou no caminho da cruz.
O caminho da glória é aquele de buscar a Deus através de sensações ou experiências, que quanto mais fortes, impressionantes e sobrenaturais forem, mais provam que Deus está agindo, e estamos em contato com Ele. E isso será confirmado através das vitórias, que são Deus atender a nossos desejos.
Quem anda por este caminho, vai dar muito valor a manifestações especiais ou milagrosas da obra de Deus, e também desejará ouvir vozes mentais, ter sonhos, visões, ver curas, anjos, etc. Vai fazer diferença entre os que experimentam a glória de Deus, e os que não experimentam, entendendo que isto se consegue com mais consagração, com mais tempo de oração, com uma vida mais separada do mundo, com maior dedicação nas atividades da igreja, etc.
O resultado triste destas idéias é que a pessoa se tornará cada dia mais orgulhosa das experiências que consegue e da sua “santidade”. Tragicamente é um caminho que acaba na idolatria de si mesmo e na salvação pelas obras. Na verdade não existe nada mais carnal do que tentar conseguir mais de Deus pelo esforço próprio.
O caminho da cruz, ao contrário, se conforma em contemplar a glória de Deus no lugar onde Ele permitiu isso: na face de Cristo. A face que nós nunca vimos, mas que sabemos era cheia de misericórdia e verdade.
Assim vive pela fé, pois Deus é invisível, e as coisas que se vêem são temporais, mas as que se não vêem são eternas. Assim o crente percorre o caminho da cruz, seguindo as pisadas de Seu mestre, pois vê que a cruz é o presente de valor incalculável de Deus para nós. Deus provou Seu amor para conosco, por isso confiantemente podemos lhe obedecer, negando a nós mesmos a cada dia, glorificando a Cristo pela salvação que não merecemos ter.
Para esse crente as derrotas são oportunidades de receber mais misericórdia e ter comunhão com Deus, pois o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza. E tudo que ele faz para Deus não é pra conseguir nada de Deus, mas é apenas uma resposta agradecida ao amor de Cristo, que nos constrange. Porque ele sabe que na cruz, Deus já lhe deu tudo, de graça. E nisto já está toda a glória de Deus que podemos ver.
(Jo 1:14;1Tm 1:17;2Co 4:18;1Pe 2:21;Rm 5:8;Lc 9:23;2Co 12:9;5:14)

Marcos Lopes
(16/05/2004)

domingo, 3 de julho de 2011

COMO CONHECEMOS O MUNDO? Alguns pensamentos em Epistemologia.



O SENHOR dá a sabedoria;
da Sua boca é que vem o conhecimento e o entendimento.
(Pv 2:6)
1 – O que são teorias epistemológicas.
Teorias epistemológicas são as teorias do conhecimento, ou seja, as que versam sobre como podemos saber alguma coisa. A classificação mais usada é dividi-las entre empirismo e racionalismo.
Empirismo é a abordagem que diz que obtemos conhecimento pelo uso dos sentidos (visão, audição, etc.).
O racionalismo contempla as abordagens que começam algum axioma lógico (pressuposto) e a partir daí dedutivamente constroem o conhecimento. Entre os pontos de partida que podem ser supostos estão a intuição, a existência, a razão e o senso comum.
Alguns, como Kant, procuram fazer uma síntese entre empirismo e racionalismo.
Essas são as teorias clássicas da epistemologia.
Nossa proposta é por uma outra teoria, que poderia ser classificada como racionalista (dedutiva) mas que tem o diferencial de uma base infalível e inerrante: o OCASIONALISMO ESCRITURALISTA.
Os principais autores que advogam essa teoria são Gordon Clark e Vincent Cheung. Eles adaptaram e aprimoraram apontamentos de Agostinho, Lutero, Calvino e Jonathan Edwards sobre esse assunto.
2 – O ocasionalismo escrituralista é a única teoria epistemológica racionalmente válida.
Ocasionalismo escrituralista é uma teoria epistemológica baseada na Revelação Verbal de Deus (Bíblia), pela qual o conhecimento é obtido pela operação direta de Deus nas mentes humanas, na obra comum da Sua Providência. Segundo esta teoria, Deus causa cada obtenção de conhecimento por parte dos seres humanos, de forma simultânea ou não com a operação dos sentidos humanos e seus raciocínios mentais.
É chamada ocasionalismo, porque a operação dos sentidos ou o raciocínio mental é a apenas a ocasião que Deus costumeiramente usa para transmitir conhecimento à mente humana. Assim a aquisição de conhecimento depende metafisicamente de uma operação providencial de Deus, e pode acontecer à parte do uso dos sentidos e raciocínios, embora costume acontecer simultaneamente a estes, sendo, porém sempre independente destes. Que fique claro que ‘costuma acontecer’ significa ‘Deus costuma agir assim’, pois o sistema todo depende da Providência exaustiva de Deus.
Tal teoria é classificada como escrituralista, para definir que seu axioma (ponto de partida ou pressuposto que fundamenta o sistema) é a Revelação Verbal de Deus (Bíblia), a qual justifica a si mesmo, nos informa sobre Deus e Suas operações, e contém informação suficiente para construção da cosmovisão cristã, a única cosmovisão racionalmente válida. Além disso, pelo fato da Revelação Verbal de Deus ser infalível, esta é o aferidor último da verdade, e fonte do conhecimento verdadeiro, o qual consistirá em todas as proposições da Bíblia, bem como todas as suas implicações lógicas, obtidas dedutivamente. Toda alegação que não constituir-se proposição bíblica ou não possa ser justificada por implicação lógica de alguma proposição bíblica é conhecimento incerto e especulativo.
Observação: ser um escrituralista é basear o conhecimento verdadeiro nas Escrituras, assim teoricamente alguém poderia ser escrituralista sem ser ocasionalista e vice versa, mas na prática os dois paradigmas aparecem juntos nos teólogos relevantes.
Nossa alegação, de que o ocasionalismo escrituralista é a única epistemologia racionalmente válida decorre em primeiro lugar do caráter infalível e auto-justificador da Revelação Verbal de Deus, mas é confirmada pela total irracionalidade das outras teorias epistemológicas propostas.
Se houvesse alguma outra epistemologia que seja racionalmente válida, ou com a qual se possa construir alguma cosmovisão, tal teoria será digna de exame. Afirmamos, porém, que isto nunca acontecerá, a não ser por um aprimoramento do próprio ocasionalismo escrituralista. E desafiar quem pensa diferente a provar sua teoria é um dos propósitos deste texto.
3 – As outras teorias epistemológicas são irracionais.
O empirismo afirma que obtemos todo nosso conhecimento a partir dos sentidos. Mas ele não justifica a si próprio. Como foi obtido o conhecimento de que “todo o conhecimento vem a partir dos sentidos”? Certamente não foi pelos sentidos, pois não há seres humanos oniscientes. Portanto o empirismo é auto-contraditório. Como se isso não bastasse, ele propõe uma confiança naquilo que sabe-se ser não-confiável. Sentidos não são infalíveis. Se eles não são infalíveis, não servem como aferidores últimos da verdade, pois não saberemos quando estão certos ou errados. Portanto o empirismo falha completamente antes mesmo de começar. Diga-se de passagem que o método científico, por basear-se no empirismo, também é incapaz de prover qualquer conhecimento confiável. O método científico também sofre de falácias permanentes e contínuas, como depender de raciocínio indutivo, generalizando a partir do particular; afirmação do consequente; incapacidade de estabelecer causalidade; impossibilidade de todos os seres humanos presenciarem empiricamente todas as experiências que baseiam as  teorias científicas, portanto tendo que confiar no que lhe dizem livros e professores, o que a rigor é falácia de apelo à autoridade, etc.
O racionalismo podia ser menos pior, mas chafurda na mesma inutilidade, porém por motivos diferentes. Os pontos de partidas possíveis, qualquer deles, são todos arbitrários, ou seja, não justificam a si mesmos. Em segundo lugar, alguns deles são extremamente subjetivos (senso comum, intuição), podendo significar coisas totalmente diferentes para pessoas diferentes. Além disso, esses pontos de partida não alegam, nem podem alegar infalibilidade. Mas o principal defeito, e esse mortal, é que eles não têm conteúdo suficiente para construir uma cosmovisão. Assim a ignição do carro está funcionando, mas não há nenhum combustível, a centelha no motor é inútil.
Lembremos que os sinteticistas (empirismo + racionalismo, Kant) são piores ainda, e caem no ridículo, ao combinar os defeitos dos dois sistemas.
O menos pior desses pontos de partida é o da existência (‘penso, logo existo’, de Descartes), mas sendo estabelecido que você existe, como você prossegue para estabelecer os outros axiomas metafísicos? A partir daí, você não chega aos axiomas de que o mundo físico existe, que existem outras mentes, que a comunicação é possível, que o conhecimento é possível, etc. Não pode, a não ser por meio de saltos de credulidade.
Assim, os ímpios cometem o erro da credulidade injustificada, erro que eles tolamente acusam nos crentes. Mas os crentes escrituralistas não cometem esse erro, pois receberam um tipo infalível de conhecimento: a Revelação Verbal de Deus. É racional e lógico crer no infalível em detrimento do falível.
4 – Nada é possível de ser conhecido fora do ocasionalismo escrituralista.
Afirmamos, portanto, que o ocasionalismo escrituralista é a única epistemologia verdadeira, e única com validade lógica.
Não adianta contestar o conteúdo da Revelação Verbal de Deus com teorias baseadas em empirismo, por exemplo, pois já provamos que o empirismo é racionalmente injustificável. Prove primeiro a validade lógica do empirismo, e depois você vai poder saber alguma coisa, para aí sim poder contestar alguma coisa.
Aqueles que recusam-se a crer no ocasionalismo escrituralista deviam cair em ceticismo completo, pois todos os outros sistemas são inúteis para saber-se qualquer coisa.
Porém o ceticismo só serve como posição transitória, ninguém pode permanecer nele por mais de um segundo, pois o ceticismo também é auto-contraditório, ao alegar saber “que ninguém pode saber nada” (se isso fosse verdade, ele não poderia saber nem isso).
O caro leitor já deve ter desconfiado que para ser um ocasionalista escrituralista é necessário aderir ao Cristianismo. De fato, é isso mesmo que afirmamos, o que significa que todos os não-cristãos não podem reivindicar saber coisa alguma sobre nada, pois nenhum não-cristão pode ter qualquer epistemologia válida. Caso você discorde, sinta-se desafiado a provar o contrário, estabelecendo a validade lógica de qualquer epistemologia diferente da que estamos apresentando.
5 – O ocasionalismo escrituralista implica no determinismo bíblico.
Com esta afirmação lembramos que não é qualquer tipo de Cristianismo, ou coisa que tenha indevidamente tal nome, que pode fazer as alegações deste texto.
Por falta de profundidade e reflexão, inúmeros cristãos introduzem contradições em sua cosmovisão particular, lançando mão das epistemologias inválidas que denunciamos acima, ou crendo demasiadamente em mestres ímpios, erradamente considerados sábios. O preço a se pagar é alto, não só em inconsistências internas como em desonra ao nome de Cristo. Ás suas incoerências denominam ‘mistérios’, e querem pular seus becos sem-saída com ‘saltos de fé’, como se a fé fosse a justificação das contradições. Pior ainda é estes cristão empurrarem sua fé para os terrenos cada vez mais abstratos, sem ligação com o ‘mundo real’ até que ela realmente pareça coisa da imaginação deles, ou um passatempo que eles fazem aos domingos.
Contra este estado de coisas, vindicamos o determinismo bíblico como um divino remédio, um remédio racionalmente necessário, por ser implicação da única epistemologia racionalmente coerente e necessariamente verdadeira.
Por que o determinismo bíblico é implicação do ocasionalismo escrituralista? Porque o ocasionalismo requer um Deus Todo-Providente, ou seja um Deus que esteja agindo em todo lugar a todo o tempo, sustentando todas as coisas; Onipotente, Onipresente, Onisciente e Soberano; um Deus que esteja governando tudo de tudo. Só um Deus assim pode prover as obtenções de conhecimento conforme entendidas pelo ocasionalismo. Mas, é claro, nosso conceito de Deus não foi determinado pelo que nossa epistemologia precisa, antes nossa epistemologia é que foi formulada em cima da Revelação que este Deus fez de Si mesmo. Estamos apenas seguindo o argumento dado na introdução deste texto.
Talvez algum cristão vá discordar que Deus esteja governando tudo de tudo, principalmente aqueles cristãos que crêem que o ser humano tem livre-arbítrio. Tais cristãos dirão que nossa interpretação bíblica está errada, e deve haver algum recôndito no coração da mente humana que Deus não controle. Tais cristãos podem ser denominados como libertarianos, para fazermos contraste com os cristãos deterministas.
Esses cristãos libertarianos precisarão encarar o mesmo desafio que fizemos às epistemologias pagãs. Se há algo que Deus não controle, então o ocasionalismo é falso. Uma vez que afirmamos que o ocasionalismo é a única teoria do conhecimento racionalmente válida, ficamos sem teoria do conhecimento (epistemologia) válida. Portanto caímos em ceticismo, mas não podemos permanecer nele, pois o ceticismo é auto-refutante. Portanto, libertariano, como você pode saber qualquer coisa? Qual a sua teoria do conhecimento (epistemologia)? Ela é válida, ou você sofre dos mesmos problemas já relacionados na nossa crítica ao empirismo e ao racionalismo? O seu suposto livre-arbítrio é a sua pedra de tropeço.
De forma diferente, um cristão ocasionalista afirma que alguém só pode saber algo por causa do determinismo bíblico: a Bíblia afirma Deus como Onisciente, Todo-Poderoso, Todo-Providente e Todo-Soberano. E esse mesmo poder e soberania de Deus que implicam em Deus controlar os nossos pensamentos. Se Deus não controlar nossos pensamentos, Ele não é Todo-Soberano.
Deus sabe tudo, e as pessoas saberão o que Deus quiser que elas saibam, pois Deus controla tudo de tudo, inclusive o conhecimento das pessoas.
Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos (Pv 2:7), a saber, para o Seu povo, redimido e comprado pelo sangue de Jesus Cristo, em Quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento (Cl 2:3). Somente estes são por Deus capacitados a conhecer plenamente o mundo, pois aprendem das verdadeiras palavras que o Criador do mundo falou. Ele sabe o mundo que criou e sustenta, assim o que Ele diz sobre o mundo é a verdade, à qual temos acesso em Sua Palavra.
Em contraste, os ímpios têm uma visão distorcida de todas as coisas, chafurdam na irracionalidade, fingindo ser racionais, fazendo de conta que podem saber alguma coisa, estão aprisionados na vaidade da sua mente, entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração (Ef 4:17,18).
Ainda que seja assim, é impressionante verificar que Deus ainda é bondoso para com esses ímpios, permitindo que eles saibam algumas verdades sobre o mundo. De outra forma, lhes seria impossível viver, a não ser na insanidade.
Mas por ingratidão, teimosia, rebeldia, e mesmo incapacidade intelectual, os ímpios recusam-se dar a Deus o crédito devido pelo que eles sabem, pelo conhecimento que certamente não veio de suas teorias irracionais.
Por causa do seu orgulho, o ímpio não investiga; todas as sua cogitações são: Não há Deus. (Sl 10:4)
Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida. (Jo 8:12)
Arrependei-vos e crede no Evangelho! (Mc 1:15)

- - - - - - -- - - -

Para conhecer mais: ver todos os textos de Vincent Cheung e Gordon Clark que você puder encontrar! Muitos estão disponíveis em monergismo.com e monergismo.net
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...