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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A Glória ou a Cruz?


Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo (2Co 4:5).
Por toda parte vemos os evangélicos repetindo que querem “ver a glória de Deus”, ou “que a glória de Deus se manifeste neste lugar”, ou ainda que Deus “mostre a Sua glória”. Mas Deus deve mostrar Sua glória para satisfazer a curiosidade humana? E se Ele mostrasse a Sua glória, sobreviveríamos? (Resposta em Ex 33:18-23).
Na verdade a questão é mais profunda. É uma repetição do que Martinho Lutero disse que era o caminho errado da Igreja na Idade Média, em contraste com o caminho para o qual Jesus nos chamou. Temos diante de nós duas possibilidades de se viver para Deus: no caminho da glória ou no caminho da cruz.
O caminho da glória é aquele de buscar a Deus através de sensações ou experiências, que quanto mais fortes, impressionantes e sobrenaturais forem, mais provam que Deus está agindo, e estamos em contato com Ele. E isso será confirmado através das vitórias, que são Deus atender a nossos desejos.
Quem anda por este caminho, vai dar muito valor a manifestações especiais ou milagrosas da obra de Deus, e também desejará ouvir vozes mentais, ter sonhos, visões, ver curas, anjos, etc. Vai fazer diferença entre os que experimentam a glória de Deus, e os que não experimentam, entendendo que isto se consegue com mais consagração, com mais tempo de oração, com uma vida mais separada do mundo, com maior dedicação nas atividades da igreja, etc.
O resultado triste destas idéias é que a pessoa se tornará cada dia mais orgulhosa das experiências que consegue e da sua “santidade”. Tragicamente é um caminho que acaba na idolatria de si mesmo e na salvação pelas obras. Na verdade não existe nada mais carnal do que tentar conseguir mais de Deus pelo esforço próprio.
O caminho da cruz, ao contrário, se conforma em contemplar a glória de Deus no lugar onde Ele permitiu isso: na face de Cristo. A face que nós nunca vimos, mas que sabemos era cheia de misericórdia e verdade.
Assim vive pela fé, pois Deus é invisível, e as coisas que se vêem são temporais, mas as que se não vêem são eternas. Assim o crente percorre o caminho da cruz, seguindo as pisadas de Seu mestre, pois vê que a cruz é o presente de valor incalculável de Deus para nós. Deus provou Seu amor para conosco, por isso confiantemente podemos lhe obedecer, negando a nós mesmos a cada dia, glorificando a Cristo pela salvação que não merecemos ter.
Para esse crente as derrotas são oportunidades de receber mais misericórdia e ter comunhão com Deus, pois o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza. E tudo que ele faz para Deus não é pra conseguir nada de Deus, mas é apenas uma resposta agradecida ao amor de Cristo, que nos constrange. Porque ele sabe que na cruz, Deus já lhe deu tudo, de graça. E nisto já está toda a glória de Deus que podemos ver.
(Jo 1:14;1Tm 1:17;2Co 4:18;1Pe 2:21;Rm 5:8;Lc 9:23;2Co 12:9;5:14)

Marcos Lopes
(16/05/2004)

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