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domingo, 7 de dezembro de 2014

Pregues a Palavra - Comentário de 2Tm 3-4



2Tm 3:1-5 – Sobrevirão tempos trabalhosos. Nos últimos dias – desde que Cristo ressuscitou, e até Ele voltar – a igreja conviverá com o pecado, e isso dará trabalho aos crentes. Os homens serão amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus. Mas a pior parte é que terão a aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Isso quer dizer que está falando de pessoas que serão tudo isso, mas com costumes religiosos, serão membros de igreja ativos, porém não-convertidos. Eles têm a aparência, frequentam, oram, cantam, trabalham, mas o coração está longe de Deus, se inclinando somente para as coisas da carne. Na verdade, se comportam como ímpios, ou seja, não têm o poder da piedade, não têm eficácia da santificação em sua vida, portanto, não foram salvos ainda. Por isso, ao invés de trabalharem pela igreja, só darão trabalho para a igreja.

2Tm 3:5 - Destes afasta-te. O conselho de Paulo é simples e duro, mas se eles resistem à verdade, o que nos resta fazer? Eles estão fechados ao Espírito Santo em um coração duro, é mais fácil influenciarem os outros para o mal do que alguém lhes influenciar para o bem. Só o poder de Deus pode salvá-los. Enquanto já fizemos o que nos cabia - lhes pregar a palavra - devemos manter alguma distância, para não acabar participando dos seus pecados (1Tm 5:22), pois a única coisa que eles têm para nos ensinar é a hipocrisia religiosa. Não pensemos que podemos estar em comunhão com estas pessoas, rindo com elas, compartilhando tempo e vida, e não sermos influenciados negativamente, ao trabalhar junto a elas. O pecado se espalha mais rápido que a santidade. O doença é contagiosa, mas a saúde não é contagiosa. A transmissão da santidade é difícil e exige muito esforço. Mas a transmissão do pecado é automática, basta que paremos de vigiar. Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes (1Co 15:33). Procuremos a companhia dos que, com um coração puro, invocam o Senhor (2Tm 2:22).

2Tm 3:6-9 – Não irão, porém, avante. O falso convertido não tem a realidade da fé, mas apenas uma imitação. Ele simula experimentar, viver e praticar as coisas que os verdadeiros crentes praticam, mas o faz para disputar com os outros e enaltecer a si mesmo. Tal como os magos do Faraó, eles podem conseguir enganar por algum tempo, mas não para sempre. Eles podem imitar um pouco a realidade e as obras da fé, mas não são capazes de perseverar em todas as áreas. Esses homens maus e enganadores, que resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé, irão de mal para pior, enganando e sendo enganados (1Tm 3:13). Eles se associarão a outros falsos convertidos, e prejudicarão uns aos outros. Assim terminará a sua simulação de religiosidade. Tocaram na arca de Deus, brincaram com as coisas santas, Deus não deixa isso impune.

2Tm 3:10-13 - Todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições – Paulo explica a Timóteo que a vida do povo de Deus não será um mar de rosas. Não será só felicidade, mas será sofrimento, e perseguição e injustiças. E mais, que Timóteo deve esperar a perseguição como um fato normal na vida do verdadeiro crente. A luz incomoda as trevas, de maneira que quanto mais forte brilhar a luz de Cristo em alguém, mais contrariados ficarão os ímpios até o ponto de perseguir os servos de Deus. Mas o Senhor já nos tinha avisado isso desde o começo: se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me (Lc 9:23), quer dizer, leve coMigo a vergonha e o estigma do Evangelho, e Me siga, suportando a rejeição do mundo. Ao mesmo tempo, o Senhor nos garantiu que são abençoados os que por isso passarem: Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós (Mt 5:10-12).

2Tm 3:14-17 - Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa... para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra. Diante do quadro de falsa religião acima, Paulo continua apontando para a única uma solucão – a Palavra de Deus, que está à nossa disposição por meio da Escritura Sagrada. É o livro santo, a coleção de tudo que Deus verdadeiramente falou, que pode tornar os homens sábios para a salvação, é por essa Palavra que Deus nos dá o novo nascimento (1Pe 1:23). Foi assim na vida de Timóteo, o conhecer da Bíblia é que o preparou para ser salvo e agora ser instrumento de Deus para a salvação dos outros.
A Bíblia também capacita a qualquer crente para toda a boa obra, porque ela nos instrui acerca de todas as àreas da vida. Dela obtemos o fundamento correto para exercer qualquer atividade da maneira certa, que seja boa aos olhos do Senhor, uma vez que seu conteúdo é totalmente a verdade (Jo 17:17). Todo o que se basear nela, seja para ministério, seja para trabalho, seja para vida comum na sociedade, será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará (Sl 1:1).

2Tm 4:1,2 - Pregues a palavra. Essa Escritura precisa ser pregada, pela glória da vinda de Cristo, precisa ser pregada. Não apenas sugerida, não apenas explicada, não apenas apresentada, não apenas descrita, mas pregada. De nada adianta entreter, bajular, acomodar, encantar os ouvintes. A Palavra deve ser pregada, isto é, proclamada com toda a convicção, como sendo a verdade vinda de Deus e cujos mandamentos e exortações todos os homens têm o dever de obedecer. Como o arauto que proclama o decreto do rei. O arauto não tem autoridade, mas o decreto que ele proclama tem, pois é a própria voz do Rei que se faz ouvir pela proclamação do arauto. Com longanimidade e doutrina, a Escritura deve ser aplicada ao coração de cada um, lhes apontando com toda a clareza tudo que eles devem fazer e o que não devem fazer. E não somente um tipo de aplicação, mas com todo o equilíbrio e abrangência, dar a cada um o que precisa. Paulo ordena a Timóteo: redarguas – ou seja, argumente, convença, defenda a verdade e a sã doutrina; repreendas – corrijas, censures, denuncies o pecado e falsa doutrina; exortes – ou seja, direcione, estimule, incentive, encoraje os ouvintes a crer e obedecer. Esse é o trabalho principal de uma igreja para iluminar o mundo: proclamar a Palavra, e esta é a única solução que o apóstolo aponta para os tempos trabalhosos (2Tm 3:1).

2Tm 4:3,4 – Virá tempo em que não suportarão a sã doutrina. Deve-se pregar a palavra a tempo e fora de tempo, isto é sempre que houver oportunidade, pois a qualquer momento, as pessoas que estão nos ouvindo poderão se tornar indispostas e nos abandonar. Aqueles que querem uma religião fácil, uma fé que somente lhes traga vantagens, onde não haja lutas nem perseguições, costumam procurar os mestre que falem aquilo que eles querem ouvir. Tendo comichão nos ouvidos, ou seja, como que incomodados com uma coceira (a pregação fiel das exigências de Deus), vão procurar quem coce os ouvidos deles, isto é, pregadores que só falem coisas agradáveis. Assim o falso mestre certamente é condenável e abominável, mas só existe o falso pregador porque também existem pessoas que gostam de ser enganadas e o procuram para o ouvir. Essas pessoas é que amontoam para si doutores conforme as suas próprias concupiscências, isto é, suas cobiças pecaminosas. O falso ministério é alimentado e promovido pelo falso rebanho, daqueles que realmente não querem a verdade da Palavra, e assim cumprem a palavra dita: vão de mal para pior, enganando e sendo enganados (2Tm 3:13).
 
2Tm 4:5-8 - Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. A obra do ministério dele estava acabando, e ele sabia que seria martirizado pelo Evangelho, como uma oferta no altar de Deus, mas que bênção é terminar assim! Poder olhar para trás em nossa vida cristã, quando estiver chegando a nossa hora, e ter uma boa consciência de fidelidade diante de Deus! Assim, a fidelidade que exercemos hoje, rende no final da vida esse fruto de uma partida gloriosa para os braços do Senhor.
 
2Tm 4:9-15 - Procura vir ter comigo depressa. Paulo chama Timóteo, pois ele é um dos poucos com que pode realmente contar. Na hora da angústia é que nasce o irmão (Pv 17:17), nos tempos difíceis é que os votos e promessas de amizade são postos à prova.
Traze os livros (2Tm 4:13) certamente os rolos da Palavra de Deus, dando para nós um tremendo exemplo de dependência da Palavra, que mesmo o apóstolo em face da sua despedida desta vida, não aguenta ficar sem ler. Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração (Jr 15:16).

2Tm 4:16-22 – Ninguém me assistiu na minha primeira defesa... Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me. Paulo diante do tribunal não teve ninguém para ajudá-lo a se defender. Mas teve a presença verdadeira e real de Cristo consigo, que foi mais do que suficiente. Porque, quando meu pai e minha mãe me desampararem, o SENHOR me recolherá (Sl 27:10). Tenho posto o SENHOR continuamente diante de mim; por isso que ele está à minha mão direita, nunca vacilarei. Portanto está alegre o meu coração e se regozija a minha glória; também a minha carne repousará segura (Sl 16:8,9). Assim o apóstolo se despede, proclamando a convicção da comunhão que tem com Cristo, que é a razão de toda a felicidade e bem-aventurança que sempre esteve com ele, e agora muito mais passaria a estar, na eternidade gloriosa em Sua presença.

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