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domingo, 7 de dezembro de 2014

Se formos infiéis, Ele permanece fiel – Comentário de 2Tm 1-2



2Tm 1:1,2 – Segundo a promessa da vida que há em Cristo. Paulo tinha sido preso novamente, e pode ter sido uma separação dramática, na presença do próprio Timóteo, pela referência que faz às lágrimas dele (2Tm 1:4). Então escreve-lhe essa carta, com o que devem ter sido suas últimas instruções ao jovem ministro. Aguardando a despedida desta vida, Paulo muito mais se apega à vida eterna que há em Cristo, da qual está se aproximando. Nestes momentos é que sobressai a bem-aventurança de ter vivido com a atitude de pensar primeiramente nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra, porque estamos mortos, e a nossa vida está escondida com Cristo em Deus (Cl 3:2,3).


2Tm 1:3-5 – A fé não fingida que em ti há. Esta fé foi desde cedo estimulada pela sua vó Loide e sua mãe Eunice, que o educaram desde a meninice a saber as sagradas Escrituras, as quais puderam lhe fazer sábio para a salvação (2Tm 3:15). O que nos lembra do dever cheio de glória que é, desde a mais tenra idade, ensinar a criança no caminho em que deve andar, para que até quando envelhecer não se desvie dele (Pv 22:6). A fé sincera de Timóteo é um exemplo dos benditos frutos que podemos ter a expectativa de colher dos filhos assim criados na doutrina e admoestação do Senhor (Ef 6:4).


2Tm 1:6-8 – Despertes o dom de Deus que existe em ti... não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor... porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação. Timóteo precisava reavivar a chama do seu ministério. Talvez as lutas internas e externas o tenham desanimado. Mesmo a recente prisão de Paulo pode o ter atemorizado. Mas o servo de Deus deve ficar sabendo que esse medo não provém do Senhor. Ele nos deu o Seu Espírito Santo, que é de fortaleza para nunca desanimar e enfraquecer, suportando todas as adversidades, de amor para cuidar dos irmãos e se importar com as almas perdidas que tinham que ouvir o Evangelho, e de moderação para se ter todo o auto-controle e progredir na própria santificação. Assim ele não deve se envergonhar, mas continuar levantando a bandeira de Cristo e da sua salvação, obra para a qual foi equipado com o dom vindo de Deus, dom que ele não pode deixar ser apagado pela falta de uso.


2Tm 1:9,10 - Deus... nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o Seu próprio propósito e graça. Nossas obras não poderiam motivar Deus a nos salvar, mas somente a nos condenar. Não o fez unicamente pelo Seu propósito e graça, a Sua misericórdia livre que colocou sobre nós. De um Evangelho assim glorioso, não temos nada para nos envergonhar, mas pelo contrário, dar a nossa vida por ele. A salvação é tam bém uma vocação, um chamado para a separação do mundo, separação das trevas, separação do pecado, separação do Diabo, e uma reorientação de vida na direção da santidade de Deus. É uma vocação santa também porque não deixa de estar ligada à missão santa que Deus tem para cada um de nós no Seu Reino, missão que também recebemos pelo Seu propósito e Sua graça, sendo para ela plenamente capacitados pelo Seu poder.


2Tm 1:11-14 – Padeço também isto; mas não me envergonho, porque eu sei em Quem tenho crido e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia. O apóstolo tinha encomendado sua vida, sua alma e seus interesses eternos ao Senhor Jesus. Ninguém mais poderia livrar e assegurar sua alma por meio das provas da vida e da morte. A esperança do cristão verdadeiro de menor estatura descansa sobre o mesmo fundamento que a do grande apóstolo, ambos crêem na pessoa de Cristo, a única pessoa que os pode salvar. Nós não salvamos a nós mesmos, uma Pessoa fora de nós é quem nos salva. Aquele que sentiu a mudança operada em sua própria alma já deve estar convencido do poder que o Senhor Jesus tem para guardar sua recompensa até o dia final(1).


2Tm 1:15-18 – Onesíforo... não se envergonhou das minhas cadeias. Alguns abandonaram a Paulo, mas ele pôde ser ajudado por um irmão fiel. Os dois exemplos são colocados diante de Timóteo, para que ele visualize claramente os efeitos de se ter ou não vergonha do Evangelho. Por não se envergonhar, é que Onesíforo arriscou a sua vida para encontrar Paulo e socorrê-lo. Por se envergonharem é que Figelo e Hermógenes não suportaram a perseguição e fugiram.


2Tm 2:1,2 - E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros. Tal como chegou para Paulo, um dia chegará em que Timóteo terá que se despedir desta vida e da igreja em que trabalha. Como então a obra de Deus continuará? Paulo ensinou a Timóteo, Timóteo deve agora escolher homens fiéis e idôneos para que estes também ensinem futuramente a outros. Até que Cristo volte, deve existir esse constante treinamento e capacitação de obreiros nas igrejas, afim de dar continuidade à pregação e ensino da Palavra da Salvação, pela renovação dos lavradores da seara, afim de que a colheita não pare.


2Tm 2:3-7 - Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. O chamado que Cristo fez a Timóteo deveria ser prioridade na vida dele. Ele é um soldado na guerra, tem como único pensamento servir ao que o alistou. Novamente Paulo relembra o assunto da consagração do ministro, nenhum negócio desta vida o deve embaraçar. Em obediência ao Senhor, Timóteo deve viver do evangelho, se ele foi feito pregador do evangelho (1Co 9:14).


2Tm 2:8-10 - Tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna. Tal como Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela (Ef 5:25), Paulo também compartilha do mesmo amor que Cristo tem pelos Seus escolhidos. Ele lhes reservou uma salvação de glória eterna, mas só uma persistente e incansável pregação do Evangelho é que os fará herdá-la. Assim não importa se Paulo está preso e prestes a morrer: o Cristo que ele prega está reinando, ressuscitou e vive para sempre. Do Céu Cristo está enviando os Seus mensageiros na terra, para oferecer ao Seu povo a graça que lhes foi dada antes dos tempos dos séculos (2Tm 1:9). Tendo em vista essa bendita colheita, é que um evangelista perserva, para que chegue o dia em que uma grande multidão, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, lave as suas vestiduras no sangue do Cordeiro (Ap 7:14).


2Tm 2:11-13 - Se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo. O convertido não é perfeito. Ele está constantemente prestes a pecar, se não vigiar sua conduta. Por muitas vezes, quando tropeça, ele pode ficar afligido por perder a comunhão com Deus. Deus o terá abandonado? Perderá a salvação? De forma alguma: mesmo se formos infiéis, Ele permanece fiel. Porque não são as nossas obras que garantem a nossa salvação, mas o poder de Deus (1Pe 1:5), a nossa vida não é incontaminável, mas nossa herança em Cristo é (1Pe 1:4). Em nossa consciência podemos ser chamados pelo Espírito Santo para nos corrigir, mas isso não muda o fato de que nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8:1). Fomos feitos aceitáveis a Deus no Amado (Ef 1:6), e como o Seu Amado Filho nunca muda (Hb 13:8) e de maneira nenhuma nos lançará fora (Jo 6:37), Deus Pai para sempre nos aceitará nEle, porque Ele vive para sempre fazer intercessão por nós (Hb 7:25).


2Tm 2:14-21 - Se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra. Mas todos que recebem os consolos do evangelho, devem também tomar consciência dos deveres da santificação. Deus nos santifica pelo Seu poder, mas Ele não faz isso sem nós. Nós participamos ativamente desse processo, renunciando ao pecado, resistindo às tentações, fazendo morrer a natureza pecaminosa, promovendo a santificação de nossos corpos, mentes e atitudes e nos esforçando ao máximo para obedecer cada mandamento.


2Tm 2:22-26 - Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade. Ao servo do Senhor não convém contender. Se resistirem ao nosso ensino, rejeitarem nossa pregação, negarem o nosso evangelho, devemos com paciência esperar em Deus o convencimento. Ninguém pode arrepender-se sem o poder do Espírito Santo, isso é uma concessão de Deus (At 11:18). Arrependimento precisa começar com a tristeza segundo Deus (2Co 7:10), o pesar pelos pecados cometidos e pela sua condição pecaminosa e culpada diante de Deus. Mas como o ser humano tem sua mentalidade prejudicada pela corrupção do pecado (Ef 4:17-19), sendo da carne, e inclinando-se para as coisas da carne (Rm 8:8), ele jamais poderá fazer isso sozinho. Por isso que, depois de cumprir o seu dever de explicar com paciência a Palavra de Deus, só resta ao crente orar pedindo a Deus que envie o Seu Espírito Santo, para, ao que resiste, convencer do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16:8), afim de que, nascido do alto, nascido de Deus, nascido do Espírito, nascido de novo (Jo 3:3,5), a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, o livre da lei do pecado e da morte (Rm 8:2).





(1) Comentário Mathew Henry do Novo Testamento.

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