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sábado, 3 de janeiro de 2015

Peço-te por Onésimo, torna a recebê-lo – Comentário de Filemom


Fm 1:1-2 – Ao amado Filemom, nosso cooperador. Esta carta deve ter sido escrita junto com as cartas aos Efésios e aos Colossenses, quando Paulo estava preso em Roma (At 28). Filemom mora em Colossos, e tendo a igreja funcionando em sua casa (Fm 1:2), provavelmente era um dos pastores dela. Outros dois pastores dos colossenses são mencionados: Epafras, que estava preso junto com Paulo (Fm 1:23; Cl 1:7,8; 4:12,13), e Arquipo, que parece ser filho de Filemom, sendo Áfia sua mãe (Fm 1:2; Cl 4:17).
O objetivo da carta é pedir a Filemon que receba de volta Onésimo, um escravo seu que fugiu (Fm 1:15,16), talvez até roubando algum valor (Fm 1:18). Paulo deve ter encontrado Onésimo em uma das suas prisões, lhe pregado o evangelho, e tido a felicidade de o ver convertido por Deus (Fm 1:10). Então, de Roma, lhe envia o ex-escravo, agora irmão em Cristo, pedindo a Filemom que o receba dessa forma, perdoando tudo que ele fez e abrindo mão da sua servidão. Onésimo, junto com Tíquico, chega assim enviado por Paulo à cidade de Colossos portando também a carta aos Colossenses, para que seja divulgada nas igrejas (Cl 4:9,16). Um sempre foi cooperador, o outro está começando a cooperar, a carta pede que cooperem entre si.

Fm 1:3 - Graça a vós e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. Seja senhor ou servo, todo ser humano depende e necessita da Graça e da Paz de Deus. Estando estas sobre ambos, mais provável ainda será a reconciliação. Pessoas com maior consciência da Graça de Deus são mais generosas, como se diz da igreja de Jerusalém em At 4:33, em todos havia abundante graça, por isso que ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria (At 4:32). Assim o poder para executarmos boas obras depende do nosso coração ser dominado pela Graça de Deus, por isso que diz: Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo (2Pe 3:18)
 
Fm 1:4-7 - Ouvindo do teu amor e da fé que tens para com o Senhor Jesus Cristo, e para com todos os santos; As virtudes cristãs de Filemom são aqui salientadas, resumidas em amor e fé para com Cristo e para com os santos. A prática do amor traz alegria a todos que o recebem, a fé complementa essa alegria, fazendo-os conhecer todo o bem que por meio de Cristo lhes é concedido. O amor é a ajuda ao irmão para completar sua caminhada, a fé é a afirmação confiante dos bens que o aguardam. O amor sem fé, é somente beneficência, a fé sem amor é somente crença. Por isso ele pede a Deus: paz seja com os irmãos, e amor com fé da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo (Ef 6:23), pois o amor acompanhado da fé é que se constitui sinal de santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb 12:14).

Fm 1:8-10 - Todavia peço-te antes por amor... por meu filho Onésimo. O antigo escravo se aproxima da sua cidade e da casa onde trabalhava. Como será recebido? Com o rigor da justiça que pede reparação? Ou com a brandura própria para quem se tornou, por Cristo, membro de nossa família maior, a igreja? Paulo pede o perdão para ele. Tal como Cristo intercede por nós diante do Pai, ele intercede pela aceitação de seu irmão. Os cristãos são ordenados a serem misericordiosos, ainda mais com seus irmãos na fé, suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. (Cl 3:13).
Um dos motivos para isso é por reconhecimento ao perdão que Deus já lhes deu, por seus próprios pecados. Porque o Reino de Deus é como um certo rei que quis fazer contas com os seus servos (Mt 18:23): um servo lhe devia muito dinheiro, mas o rei o perdoou. Porém um colega deste servo lhe devia uma pequena quantidade, mas o servo não quis lhe perdoar. Por isso rei lhe disse: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti (Mt 18:34)? Desta forma, a dívida que nosso irmão possa ter conosco em todo caso será sempre muito menor que a nossa dívida que tínhamos com Deus. Uma vez que Deus nos perdoou todos os nossos pecados por causa de Cristo, também devemos perdoar os pecados de nossos irmãos. Ainda mais se considerarmos que, por serem irmãos, devemos crer que Cristo morreu por eles também. Se a morte de Cristo foi suficiente para o Pai lhes perdoar os pecados, deve ser suficiente para nós perdoarmos também. Assim não existem dívidas entre irmãos, pois Cristo pagou por tudo.
 
Fm 1:11-14 - O qual noutro tempo te foi inútil, mas agora a ti e a mim muito útil; eu to tornei a enviar. E tu torna a recebê-lo como às minhas entranhas. A atitude de Paulo nos dá exemplo de conciliação, de fazer com que dois irmãos se reconciliem. Sabendo que há dois irmãos em desavença, o crente fiel jamais irá pioras as coisas, colocando lenha na fogueira. Antes com espírito de mansidão, tentará encaminhar os dois no caminho da paz. Um conciliador procura, na medida do possível, afirmar o bem que há nas pessoas: “agora ele é muito útil a mim e a ti”. Condenar os defeitos e falhas do outro em nada colabora para a pacificação. Também pode ser necessário dar uma demonstração de confiança na pessoa que estamos querendo aproximar. Paulo diz: “recebe-o como se fosse eu”, colocando a sua boa fama para cobrir diante de Filemom a má fama de Onésimo. Todo que trabalhar desta forma pela reaproximação dos irmãos que divergem, terá sobre si esta bênção: bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus (Mt 5:9).
 
Fm 1:15-17 - Porque bem pode ser que ele se tenha separado de ti por algum tempo, para que o retivesses para sempre, não já como servo, antes, mais do que servo, como irmão amado. A providência de Deus, o Seu controle sobre todas as coisas, sempre atua de forma misteriosa. José, enquanto estava sendo levado escravo para o Egito, não imaginava que por esse meio salvaria a vida de sua família. Rute, enquanto procurava campo para catar espigas, não imaginava que estava justamente naquele que pertencia a quem poderia remí-la. Da mesma forma, ninguém imaginaria que na fuga de Onésimo é que ele encontraria a Cristo por meio de Paulo, conhecido de Filemom, e que Onésimo, convertido, voltaria para Filemom por meio da recomendação do mesmo Paulo. Mesmo nas horas que para nós são as mais escuras, o plano de Deus para nossa vida está se cumprindo, cabendo a nós confiar, mesmo sem entender plenamente, que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito (Rm 8:28).
 
Fm 1:18-19 - E, se te fez algum dano, ou te deve alguma coisa, põe isso à minha conta. Eu, Paulo... o pagarei, para te não dizer que ainda mesmo a ti próprio a mim te deves. Filemon se deve a Paulo, porque Paulo foi quem pregou o evangelho a ele, na ocasião em que Deus o converteu. Como “pai na fé” de Filemon e de Onésimo, Paulo trabalha pela reaproximação dos seus dois “filhos”, não só por palavra, mas por obra e em verdade (1Jo 3:18), garantindo estar disposto a pagar do próprio bolso pela restituição financeira, se Filemon a cobrasse. Cristo também pagou por uma dívida que não tinha feito, afim de estabelecer a paz entre Deus e o Seu povo. Paulo assim imita o exemplo de Cristo, de pagar pelo que não fez, afim de reconciliar os irmãos. Com isso demonstra quão importante era a reconciliação dos dois para ele, nos fazendo perguntar o quanto a promoção da reconciliação vale também para nós.

Fm 1:20-21 - Sim, irmão, eu me regozijarei de ti no Senhor. Antes Paulo tinha dito: por ti, ó irmão, as entranhas dos santos foram recreadas (Fm 1:7). Agora diz recreia as minhas entranhas no Senhor. O amor que Filemom demonstrava com boas obras já tinha dado muitas alegrias aos crentes, então Paulo afirma a doce esperança que ele também seja alegrado quando Filemom lhe fizer o que está sendo pedido. O promotor da reconciliação buscará manifestar o que há de melhor nas pessoas. O potencial para o bem já está no crente, pelo Espírito Santo que nele habita, porém para que seja posto em prática, na maioria das vezes precisamos de um estímulo dos nossos irmãos. Por isso consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras (Hb 10:24).
 
Fm 1:22-25 - Espero que pelas vossas orações vos hei de ser concedido. A futura visita que Paulo desejava fazer a Filemom e aos colossenses depende totalmente da vontade de Deus. Afinal, Paulo está preso pelas algemas dos homens, não pode ir aonde quer. Mas todos os homens, inclusive os que prendem Paulo agora, estão presos pela vontade decretiva de Deus, não poderão deixar de fazer algo se Deus assim quiser que aconteça. Mesmo que Paulo não estivesse na cadeia, ele ainda teria que dizer: “se o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo” (Tg 4:15). Portanto, ele estimula a Filemon e à igreja que fale sobre essa visita com Aquele que tem toda a autoridade para mover os céus e a terra pelo bem do Seu povo, pois a palavra final é dEle. Se pedimos ajuda aos homens, todos eles terão alguma limitação no que poderão fazer por nós. Mas se pedirmos ajuda a Deus, basta que Ele nos conceda, e não haverá nada que não poderá ser feito.

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