Fm
1:1-2 – Ao amado Filemom, nosso cooperador. Esta
carta deve ter sido escrita junto com as cartas aos Efésios e aos
Colossenses, quando Paulo estava preso em Roma (At
28).
Filemom mora em Colossos, e tendo a igreja funcionando em sua casa
(Fm
1:2),
provavelmente era um dos pastores dela. Outros dois pastores dos
colossenses são mencionados: Epafras, que estava preso junto com
Paulo (Fm
1:23; Cl 1:7,8; 4:12,13),
e Arquipo, que parece ser filho de Filemom, sendo Áfia sua mãe (Fm
1:2; Cl 4:17).
O
objetivo da carta é pedir a Filemon que receba de volta Onésimo, um
escravo seu que fugiu (Fm
1:15,16),
talvez até roubando algum valor (Fm
1:18).
Paulo deve ter encontrado Onésimo em uma das suas prisões, lhe
pregado o evangelho, e tido a felicidade de o ver convertido por Deus
(Fm
1:10).
Então, de Roma, lhe envia o ex-escravo, agora irmão em Cristo,
pedindo a Filemom que o receba dessa forma, perdoando tudo que ele
fez e abrindo mão da sua servidão. Onésimo, junto com Tíquico,
chega assim enviado por Paulo à cidade de Colossos portando também
a carta aos Colossenses,
para que seja divulgada nas igrejas (Cl
4:9,16).
Um sempre foi cooperador, o outro está começando a cooperar, a
carta pede que cooperem entre si.
Fm
1:3 - Graça
a vós e paz da parte de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
Seja
senhor ou servo, todo ser humano depende e necessita da Graça e da
Paz de Deus. Estando estas sobre ambos, mais provável ainda será a
reconciliação. Pessoas com maior consciência da Graça de Deus são
mais generosas, como se diz da igreja de Jerusalém em At 4:33, em
todos
havia abundante graça,
por isso que ninguém
dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria (At 4:32).
Assim
o
poder para executarmos boas obras depende do nosso coração ser
dominado pela Graça de Deus, por isso que diz: Antes
crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus
Cristo (2Pe 3:18)
Fm
1:4-7 - Ouvindo do teu amor e da fé que tens para com o Senhor Jesus
Cristo, e para com todos os santos; As
virtudes cristãs de Filemom são aqui salientadas, resumidas em
amor e fé para com Cristo e para com os santos. A prática do amor
traz alegria a todos que o recebem, a fé complementa essa alegria,
fazendo-os conhecer todo o bem que por meio de Cristo lhes é
concedido. O amor é a ajuda ao irmão para completar sua caminhada,
a fé é a afirmação confiante dos bens que o aguardam. O amor sem
fé, é somente beneficência, a fé sem amor é somente crença. Por
isso ele pede a Deus: paz
seja com os irmãos, e amor com fé da parte de Deus Pai e da do
Senhor Jesus Cristo (Ef 6:23), pois
o amor acompanhado da fé é que se constitui sinal de santificação,
sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb 12:14).
Fm
1:8-10 - Todavia peço-te antes por amor... por meu filho Onésimo.
O
antigo escravo se aproxima da sua cidade e da casa onde trabalhava.
Como será recebido? Com o rigor da justiça que pede reparação? Ou
com a brandura própria para quem se tornou, por Cristo, membro de
nossa família maior, a igreja? Paulo pede
o perdão para ele. Tal como Cristo intercede por nós diante do Pai,
ele intercede pela aceitação de seu irmão. Os cristãos são
ordenados a serem misericordiosos, ainda mais com seus irmãos na fé,
suportando-vos
uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver
queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós
também. (Cl 3:13).
Um
dos motivos para isso é por reconhecimento ao perdão que Deus já
lhes deu, por seus próprios pecados. Porque o Reino de Deus é como
um
certo rei que quis fazer contas com os seus servos (Mt 18:23): um
servo lhe devia muito dinheiro, mas o rei o perdoou. Porém um colega
deste servo lhe devia uma pequena quantidade, mas o servo não quis
lhe perdoar. Por isso rei lhe disse: Servo
malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não
devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu
também tive misericórdia de ti (Mt 18:34)? Desta
forma, a dívida que nosso irmão possa ter conosco em todo caso será
sempre muito menor que a nossa dívida que tínhamos com Deus. Uma
vez que Deus nos perdoou todos os nossos pecados por causa de Cristo,
também devemos perdoar os pecados de nossos irmãos. Ainda mais se
considerarmos que, por serem irmãos, devemos crer que Cristo morreu
por eles também. Se a morte de Cristo foi suficiente para o Pai lhes
perdoar os pecados, deve ser suficiente para nós perdoarmos também.
Assim não existem dívidas entre irmãos, pois Cristo pagou por
tudo.
Fm
1:11-14 - O qual noutro tempo te foi inútil, mas agora a ti e a mim
muito útil; eu to tornei a enviar. E tu torna a recebê-lo
como às minhas entranhas. A
atitude de Paulo nos dá exemplo de conciliação, de fazer com que
dois irmãos se reconciliem. Sabendo que há dois irmãos em
desavença, o crente fiel jamais irá pioras as coisas, colocando
lenha na fogueira. Antes com espírito de mansidão, tentará
encaminhar os dois no caminho da paz. Um conciliador procura, na
medida do possível, afirmar o bem que há nas pessoas: “agora
ele é muito
útil
a
mim
e a
ti”.
Condenar os defeitos e falhas do outro em nada colabora para a
pacificação. Também pode ser necessário dar uma demonstração de
confiança na pessoa que estamos querendo aproximar. Paulo diz:
“recebe-o como se fosse eu”, colocando a sua boa fama para cobrir
diante de Filemom a má fama de Onésimo. Todo que trabalhar desta
forma pela reaproximação dos irmãos que divergem, terá sobre si
esta bênção: bem-aventurados
os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus (Mt
5:9).
Fm
1:15-17 - Porque bem pode ser que ele se tenha separado de ti por
algum tempo, para que o retivesses para sempre, não já como servo,
antes, mais do que servo, como irmão amado. A
providência de Deus, o Seu controle sobre todas as coisas, sempre
atua de forma misteriosa. José, enquanto estava sendo levado escravo
para o Egito, não imaginava que por esse meio salvaria a vida de sua
família. Rute, enquanto procurava campo para catar espigas, não
imaginava que estava justamente naquele que pertencia a quem poderia
remí-la. Da mesma forma, ninguém imaginaria que na fuga de Onésimo
é que ele encontraria a Cristo por meio de Paulo, conhecido de
Filemom, e que Onésimo, convertido, voltaria para Filemom por meio
da recomendação do mesmo Paulo. Mesmo nas horas que para nós são
as mais escuras, o plano de Deus para nossa vida está se cumprindo,
cabendo a nós confiar, mesmo sem entender plenamente, que
todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a
Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito (Rm 8:28).
Fm
1:18-19 - E, se te fez algum dano, ou te deve alguma coisa, põe
isso à minha conta. Eu, Paulo... o pagarei, para te não dizer que
ainda mesmo a ti próprio a mim te deves. Filemon
se deve a Paulo, porque Paulo foi quem pregou o evangelho a ele, na
ocasião em que Deus o converteu. Como “pai na fé” de Filemon e
de Onésimo, Paulo trabalha pela reaproximação dos seus dois
“filhos”, não só por palavra, mas
por obra e em verdade (1Jo 3:18), garantindo
estar disposto a pagar do próprio bolso pela restituição
financeira, se Filemon a cobrasse. Cristo também pagou por uma
dívida que não tinha feito, afim de estabelecer a paz entre Deus e
o Seu povo. Paulo assim imita o exemplo de Cristo, de pagar pelo que
não fez, afim de reconciliar os irmãos. Com isso demonstra quão
importante era a reconciliação dos dois para ele, nos fazendo
perguntar o quanto a promoção da reconciliação vale também para
nós.
Fm
1:20-21 - Sim,
irmão, eu me regozijarei de ti no Senhor.
Antes Paulo tinha dito:
por
ti, ó irmão, as entranhas dos santos foram recreadas (Fm 1:7).
Agora
diz recreia
as minhas entranhas no Senhor. O
amor que Filemom demonstrava com boas obras já tinha dado muitas
alegrias aos crentes, então Paulo afirma a doce esperança que ele
também seja alegrado quando Filemom lhe fizer o que está sendo
pedido. O promotor da reconciliação buscará manifestar o que há
de melhor nas pessoas. O potencial para o bem já está no crente,
pelo Espírito Santo que nele habita, porém para que seja posto em
prática, na maioria das vezes precisamos de um estímulo dos nossos
irmãos. Por isso consideremo-nos
uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras (Hb
10:24).
Fm
1:22-25 - Espero que pelas vossas orações vos hei de ser concedido.
A futura visita que Paulo desejava fazer a Filemom e aos colossenses
depende totalmente da vontade de Deus. Afinal, Paulo está preso
pelas algemas dos homens, não pode ir aonde quer. Mas todos os
homens, inclusive os que prendem Paulo agora, estão presos pela
vontade decretiva de Deus, não poderão deixar de fazer algo se Deus
assim quiser que aconteça. Mesmo que Paulo não estivesse na cadeia,
ele ainda teria que dizer:
“se
o Senhor quiser, e se vivermos, faremos isto ou aquilo” (Tg 4:15).
Portanto, ele estimula a Filemon e à igreja que fale sobre essa
visita com Aquele que tem toda a autoridade para mover os céus e a
terra pelo bem do Seu povo, pois a palavra final é dEle. Se pedimos
ajuda aos homens, todos eles terão alguma limitação no que poderão
fazer por nós. Mas se pedirmos ajuda a Deus, basta que Ele nos
conceda, e não haverá nada que não poderá ser feito.
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