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sábado, 3 de janeiro de 2015

Renunciando à impiedade – Comentário de Tito 2:11-3:15



Tt 2:11 - A graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens. Deus manifesta a Sua Graça colocando a porta da salvação aberta diante de todos os homens, proclamando que há salvação em Cristo, convidando-os a entrar no Seu Reino. O Reino de Deus está próximo (Mc 1:15), pregava o Senhor, e próximo não só temporalmente mas espacialmente próximo, está ao lado do ouvinte, está perto, diante dele, a oportunidade está sendo oferecida, a salvação está sendo trazida perante ele, para que ele se arrependa, creia no Salvador, e assim seja salvo, entrando no Reino. O trabalho do evangelismo é o de manifestar, proclamar a todos os homens esta Graça de Deus, a salvação, proclamando-a a todos os homens. Cantai ao SENHOR, bendizei o seu nome; anunciai a sua salvação de dia em dia. Anunciai entre as nações a sua glória; entre todos os povos as suas maravilhas (Sl 96:2,3).

Tt 2:12 – Renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas. Na nova vida do convertido ele é chamado à renúncia de tudo aquilo que pode fazê-lo pecar, a impiedade – maldade, corrupção e pecado que reside no coração, inclinando-o às praticas malignas; e as concupiscências mundanas – quaisquer desejos desordenados, descontrolados, viciosos, que nos dominem a ponto de ignorarmos as regras de Deus para satisfazê-los. Tudo isso deve ser reprimido e rejeitado conscientemente pelo convertido. Se necessário, até cortando o olho direito ou a mão direita (Mt 5:29,30), ou seja, abrindo mão de coisas que possa ser importantes para nós, como um emprego, uma amizade, um hábito, um lazer, se isso nos induz ao pecado. Assim vivamos neste presente século sóbria – com moderação, discrição, respeito, seriedade; justa com honestidade, equidade, dignidade, integridade; e piamente – com fé, oração, dependência de Deus, buscando e praticando a Sua vontade.

Tt 2:13 - Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo. Um dos remédios prescritos para nos ajudar a não pecar é gastar tempo meditando na glória de Cristo, que é o grande Deus e nosso Salvador, glória essa que será revelada ao mundo todo na ocasião da Sua volta, o que é a nossa bem-aventurada esperança, que aguardamos, de encontrá-Lo e viver para sempre em comunhão com Ele, já sem qualquer pecado ou inclinação para o mal em nós, incorruptíveis, em eterna e contínua felicidade, em eternos e contínuos louvores à Majestade de Cristo. Certamente enquanto o crente estiver meditando nessas coisas, não terá tanta disposição para pecar.

Tt 2:14 - O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras. A iniquidade que permanece à espreita em nosso coração, aguardando uma oportunidade para nos fazer pecar, essa iniquidade custou um preço caro ao Nosso Senhor, de ter que dar a vida por nós, a fim de sermos redimidos dela. Só o sangue de Cristo pôde pagar o preço dos nossos pecados. Assim, por honra a Cristo e por gratidão ao Seu sacrifício na Cruz, empenhemos todo o esforço para prosseguir na nossa purificação, sem relaxar na vida cristã, renunciando ativamente e combatendo a toda a nossa iniquidade, considerando a intenção dEle de criar um povo especial, que pertença somente a Ele, uma vez que desejamos ser confirmados como pertencentes a esse bendito povo.

Tt 2:15 - Fala disto, e exorta e repreende com toda a autoridade. Ninguém te despreze. Nem sempre o ministro pode ser totalmente brando, pois não pode ser conivente com o erro. Se alguém quiser permanecer no pecado e desprezar o ensino do pregador, este precisará repreendê-lo. Se estivermos na posição de ouvir a repreensão de um servo de Deus, que não o rejeitemos. Porque Deus consolou a Samuel da seguinte forma: não te têm rejeitado a ti, antes a Mim me têm rejeitado (1Sm 8:7). Da mesma forma, se o pregador foi enviado por Deus, rejeitar a sua pregação é rejeitar Aquele que o enviou (Lc 10:16).
 
Tt 3:1 - Admoesta-os a que se sujeitem aos principados e potestades, que lhes obedeçam. Cristo é nosso Senhor, mas isso não contradiz o fato que Ele mesmo nos ordena reconhecer as autoridades que há no mundo, pois não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus (Rm 13:1,2). Desde que elas não nos mandem desobedecer à Palavra, caso em que mais importa obedecer a Deus que aos homens (At 5:29; 4:19), em todas as outras coisas lhes devemos toda a obediência e honra devidas.
 
Tt 3:2-3 - Que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas modestos, mostrando toda a mansidão para com todos os homens. O quanto for possível, e o quanto estiver em nós, devemos ter paz com todos os homens (Rm 12:18). Mas isso significa que, em primeiro lugar, devemos parar de fazer as coisas que provocam as pessoas contra nós, ou seja, não infamar, não falar mal de ninguém, não divulgar boatos, não espalhar notícias sobre os erros dos outros, não sermos contenciosos, nem briguentos, nem birrentos, nem reclamadores, nem murmuradores contra tudo que as pessoas fazem. Mas sim sermos modestos, humildes, sem a pretensão de corrigir a tudo e a todos, sem ares de superioridade moral, sem rebaixar as pessoas; mostrando toda a mansidão, suportando os defeitos e falhas do próximo, perdoando-os sem revidar. Assim poderemos começar a obedecer a este mandamento, abandonando as nossas práticas antigas de insensatez, malícia, inveja e ódio, que não devem mais fazer parte da vida do convertido.

Tt 3:4-8 - Nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo. Sem que nós merecêssemos ou sequer que tivéssemos nos preparado para isto, a Graça de Deus veio sobre nós, unicamente segundo a Sua misericórdia demonstrada em Jesus Cristo nosso Salvador, por meio do Qual o Espírito Santo operou em nossos corações o novo nascimento, a regeneração e renovação de todo nosso ser, mudando a direção e as inclinações do nosso coração, segundo a eficácia e poder da Palavra que nos impactou na ocasião da nossa conversão. Toda a obra de Deus em nós começa aqui. Se não tiver acontecido a regeneração, jamais será eficaz a santificação. No máximo uma religiosidade e moralidade externas, forçadas, artificiais é o que teremos. Mas o verdadeiro salvo, o que nasceu de novo, esse percebe que a força e a inclinação para a santidade vem de dentro de seu coração, onde o Espírito Santo, o seu Divino Santificador, habita. E esta força, por trabalhar para o cumprimento do desígnio divino para os Seus salvos, há de ser eficaz. Por meio de muitas lutas, um dia o pecado será extinto de nossas vidas. Antes mesmo disso, o veremos subjugado pelo prevalecimento da santidade em todas as áreas. Aquele que nasceu de novo lutará contra o pecado, e vencerá. Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo (Fp 1:6).

Tt 3:9-11 - Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o. Há pessoas que além de não querer emendar-se, ainda espalham falsas doutrinas aos outros, o tipo de erro que traz traz divisões e contendas para a igreja. Devemos administrar com sabedoria nosso tempo e esforços, pois enquanto alguns continuarão resistindo, por mais que se tente convencê-los, outros estão ávidos para ouvir, mas não têm oportunidade, uma vez que estamos gastando todo o nosso tempo com os que estão endurecidos. Assim é necessário discernir quando abandonar uma discussão que nada de edificante vai trazer. Aqueles que resistem à verdade da Palavra colherão o fruto da sua incredulidade. Uma vez que tivermos feito nosso dever, passemos a pregar para outros que queiram ouvir, para que não fiquemos jogando pérolas aos porcos, que só vão pisar as pérolas e ainda se voltar contra nós (Mt 7:6).

Tt 3:12-14 - E os nossos aprendam também a aplicar-se às boas obras, nas coisas necessárias, para que não sejam infrutuosos. Paulo repete esse tema mais cinco vezes nesta carta, dizendo que Cristo se deu por nós para que sejamos um povo zeloso de boas obras (Tt 2:14), que os que crêem em Deus devem se aplicar às boas obras (Tt 3:8), que não devemos ser reprovados para toda boa obra (Tt 1:16), que estejamos preparados para toda boa obra (Tt 3:1), e que Tito mesmo tinha que dar exemplo de boas obras (Tt 2:7). Tal ênfase chama a nossa atenção para a exortação de Tiago: assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma (Tg 2:17), a qual concorda com Paulo.
As boas obras são o fruto da salvação, a evidência de que a conversão de fato aconteceu. Deus não salva ninguém para que fique parado ou omisso, Ele nos chama para trabalhar pelo Seu Reino neste mundo. Isso inclui fazermos todo o esforço possível para obedecermos a todos os mandamentos que conhecemos, o não deixar de fazer o bem sempre que tivermos oportunidade, sermos zelosos, para darmos fruto, em todas as coisas necessárias - todas as tarefas e responsabilidades que recebemos, seja no ministério da igreja, seja em nossas vocações no mundo, na sociedade, no trabalho e na família.

 Tt 3:15 - A graça seja com vós todos. Amém. A Graça é o resumo de todo o bem que Deus nos dá, sem ela nada poderíamos ser tampouco fazer, foi pela Graça que tivemos acesso a essa salvação em Cristo, e pela Graça é que o Espírito Santo nos capacita a viver de forma a honrar a mesma salvação. Portanto, quem lê diga: “amém” – assim seja – que a Graça de Deus esteja sobre todos nós.

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