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sábado, 31 de maio de 2008

Sexo



O que é sexo? Qual o objetivo do sexo? O que devo fazer relação ao sexo? E de onde eu tiro as respostas destas questões?
Se cremos que há um Criador de todas as coisas, e que este Criador revelou algo de Si e de Sua vontade na Sua Palavra, podemos começar por ela. Mas que relação tem Deus com o sexo? Ele tem algo a dizer sobre isso?
A primeira coisa que podemos dizer é que para Deus o sexo é uma coisa boa, pois faz parte da Criação de Deus, e de acordo com Ele mesmo, tudo que Ele criou não só é bom, mas muito bom (Gn 1:31).
Mas é bom para quê?

E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele. Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todo animal do campo e toda ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome. E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo animal do campo; mas para o homem não se achava adjutora que estivesse como diante dele. Então, o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas e cerrou a carne em seu lugar. E da costela que o Senhor Deus tomou do homem formou uma mulher; e trouxe -a a Adão.E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne; esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada.Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se -á à sua mulher, e serão ambos uma carne. E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam. (Gn 2:18-25)
Bom para ter uma ajuda, uma companhia, um consolo, uma alegria, bom para ter alguem correspondente, para conhecermos a nós mesmos, compreender nossa identidade no reflexo do outro, bom para união, aliança, bom para ser aceito e compreendido por alguém, bom para dar de si mesmo e ser bem recebido, bom para criar com a pessoa um organismo novo no mundo. Bom para ter quem seja igual mesmo diferente, para complementar nosso ser, bom para ter alguém a quem se expor totalmente sem se envergonhar
E é uma coisa tão boa que se verificarmos a maneira como Deus fala em Sua Palavra, veremos que Ele usa a linguagem sexual muitas vezes como a imagem que mais comunica o que é conhecer a Ele. O povo de Deus é Sua esposa, e em Cristo se dá este casamento.

Portanto, eis que eu a seduzirei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração. E desposar-te-ei comigo para sempre; desposar-te-ei comigo em justiça, e em juízo, e em benignidade, e em misericórdias. E desposar-te-ei comigo em fidelidade, e conhecerás o Senhor. (Os 2:14,19,20)

Eu te fiz multiplicar como o renovo do campo, e cresceste, e te engrandeceste, e alcançaste grande formosura; avultaram os seios, e cresceu o teu cabelo; mas estavas nua e descoberta. E, passando eu por ti, vi-te, e eis que o teu tempo era tempo de amores; e estendi sobre ti a ourela do meu manto e cobri a tua nudez; e dei-te juramento e entrei em concerto contigo, diz o Senhor Jeová, e tu ficaste sendo minha. (Ez 16:7,8)

Ao lermos estas passagens vemos que conhecer a Deus, como Ele deseja ser conhecido por Seu povo no Seu pacto, não significa apenas entendimento ou conhecimento mental de Deus. Mas o conhecimento no sentido bíblico, de intimidade, o mesmo sentido usado em: E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu, (Gn 4:1); E José, (...) recebeu a sua mulher, e não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe o nome de Jesus (Mt 1:24,25).
Não que que tenhamos, de alguma forma, relações sexuais com Deus ou Ele com o ser humano. Mas a intimidade e o êxtase das relações sexuais nos dão o vislumbre de algo muito maior, mais prazeiroso, mais profundo e realizador: O CONHECIMENTO VERDADEIRO DE DEUS.
Porque Deus nos fez seres tão sexuais (seres que se relacionam intimamente)? Talvez para que Ele fosse mais profundamente conhecível: foi nos dado o poder para conhecer um ao outro sexualmente, para que pudéssemos ter uma “prova” do que seria conhecer a Ele verdadeiramente.
A RELAÇÃO DE EXPOSIÇÃO E INTIMIDADE COMUNICA AO SER HUMANO O PLANO DA COMUNHÃO COM DEUS.
O casal que se ama e consuma seu amor numa santa e bendita relação sexual aprende também mais como amar/conhecer a Deus. E o crente espera a chegada do Reino de Deus ansiosamente quando lembra que “então conhecerei (a Deus) como sou conhecido (por Ele)” (1Co 13:12). Porque hoje “o meu povo perece porque não tem conhecimento (intimidade) de Deus” (Os 4:6).
Se juntarmos estas noções com Ef 5:22-33, onde o casamento é figura correspondente da relação do crente com Cristo, podemos chegar à conclusão (surpreendente?) de que a sexualidade é designada por Deus como uma maneira de se conhecer a Deus em Cristo mais completamente.
E também, conhecer a Deus em Cristo mais completamente é designado como uma maneira de se guardar e guiar nossa sexualidade. Pois na Bíblia, tanto a relação sexual é figura do amor de Deus, quanto o amor de Deus é modelo para a relação sexual. Quando vemos a maneira como Deus ama, esta é a vontade dEle para que nos amemos.
O amor que devem ter entre si os que formam um casal é um amor que inclui o pacto, a aliança, a exclusividade. Um amor imerecido, como a graça de Deus, que se renova todas as manhãs, como a misericórdia de Deus, e sacrificial como a salvação de Deus. Ser amado é ser salvo.
Deus nos criou com paixão sexual para que pudesse haver linguagem para descrever o que significa se unir a Ele em amor e o que significa trocar Ele por outras coisas. As experiências humanas de amar profundamente e de ser traído, são as mais parecidas com as experiências entre o ser humano e Deus na comunhão ou no afastamento. Por isso na Sua Palavra Deus fala nesses termos.
O outro lado também é verdadeiro: em Romanos 1:21-28 vemos que o desconhecimento de Deus leva à prática corrompida da sexualidade: Visto que eles não procuraram ter Deus em seu conhecimento, Deus os entregou a uma mente depravada para fazer o que não deve ser feito (Rm 1:28). Assim, os usos impróprios de nossas sexualidades derivam de não termos o verdadeiro conhecimento de Deus. E todos os usos impróprios de nossa sexualidade distorcem o verdadeiro conhecimento de Deus.
Estas verdades pedem uma resposta do ser humano na maneira de lidar com sua sexualidade:

Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.Os manjares são para o ventre, e o ventre, para os manjares; Deus, porém, aniquilará tanto um como os outros. Mas o corpo não é para a prostituição, senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo. Ora, Deus, que também ressuscitou o Senhor, nos ressuscitará a nós pelo seu poder.
Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, pois, os membros de Cristo e fálos-ei membros de uma meretriz? Não, por certo. Ou não sabeis que o que se ajunta com a meretriz faz-se um corpo com ela? Porque serão, disse, dois numa só carne. Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito. Fugi da prostituição. Todo pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo. Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus. (1Co 6:13-20)
O corpo é para dedicação a Deus, pois pertence a Ele. Nada e ninguém pode dominar o meu corpo, só Deus, pois Ele é o Senhor. Eu mesmo tenho que prestar contas de tudo o que faço com meu corpo, e tudo deve ser feito para o Senhor e para Ele ser glorificado, pois não sou de mim mesmo. Vivo para Deus e por causa de Deus. Onde não existir estas certezas pouco vão adiantar as regras de moralidade.
O corpo do crente está unido a Cristo. O corpo do crente é templo do Espírito Santo. Somos casa particular de Deus que Ele não aluga para ninguém. Tudo que somos está sob o domínio do Espírito Santo. Assim não podemos aceitar os alexandre-pires da vida dizendo: “o que o corpo faz, a alma perdoa”, nem as rita-lees dizendo: “amor é isso e sexo é aquilo”.
A Palavra de Deus não divide o ser humano, nossa vida com Deus se manifesta no concreto e no abstrato, no visível e no invisível. Deus tem algo a dizer sobre todas as áreas. Ele não salvará só a alma, o corpo será ressuscitado, por isso tem que ser santo também:
Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, ainda em minha carne verei a Deus.Vê-lo-ei por mim mesmo, e os meus olhos, e não outros, o verão; (Jó 19:25-27).A relação sexual envolve esses corpos santos, que pertencem a Deus. Portanto tem que ocorrer de acordo com o “manual do fabricante”. Ele diz que é uma união tão íntima que o casal forma um novo corpo. São dependentes, ligados, aliançados de uma forma misteriosa e profundíssima. Então, como só podemos ter UM Deus também só podemos ser uma carne (formar um organismo) com UMA pessoa apenas. A relação sexual deve ser santa e exclusiva, tanto quanto nossa relação com Deus.

Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém, aos impuros e aos adúlteros, Deus os julgará (Hb 13:4). Impuro é todo sexo fora do casamento. Adúltera é toda falta de exclusividade, seja em sexo, relacionamento ou mero desejo.
Leito sem mácula, é o que Deus ordena, cama imaculada, reservada para celebrar aquela união não só física, mas também emocional e social, de forma digna, definitiva e permanente.
Então o ser humano só tem duas opções de vida sexual de acordo com Deus:
1 - Estar sozinho e não ter relações, ou
2 - Estar casado e ter relações só com o cônjuge.
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Sem casamento, sem relações.
Agora, por outro lado, se casou, DEVE ter relações!
Diz a Palavra:

Ora, quanto às coisas que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher; mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido. O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher, ao marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também, da mesma maneira, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher. Não vos defraudeis um ao outro, senão por consentimento mútuo, por algum tempo, para vos aplicardes à oração; e, depois, ajuntai-vos outra vez, para que Satanás vos não tente pela vossa incontinência.Digo, porém, isso como que por permissão e não por mandamento. (1Co 7:1-6)
Nas igrejas de Corinto, tinham alguns casais que começaram a evitar ter relações sexuais, achando que com isso seriam mais “santos”. Eram esses que diziam “bom seria que o homem não tocasse em mulher” (1Co 7:1). Mas de onde tiraram esse absurdo, que o sexo no casamento seria pecado? Paulo diz que a prostituição (no sentido de qualquer sexo fora do casamento) é um perigo constante, então pelo contrário, o bom é que cada um tenha seu conjuge. Quem pode conter, contenha-se, quem não pode, case-se (1Co 7:9). E quem casou não interrompa os encontros sexuais. Quando casamos, nos comprometemos a dividir nosso corpo com o cônjuge, é proibido usar o matrimônio de forma egoísta, você entra num relacionamento para se doar, não para se negar, e isso em todas as áreas. E essa entrega é para a satisfação de ambos. O marido tem sexo com a esposa para satisfazer a ela não a si mesmo, o mesmo a esposa para o marido. Os dois realizam o ato sexual pensando no que devem dar ao outro, não no que têm o direito de receber (que diferença da visão do sexo que nos circunda, com a sua exploração e uso do outro como objeto descartável). Isto por que sabem que se pertencem mutuamente. “Eu sou do meu amado e o meu amado é meu” (Ct 6:3). Por isso “acendam o fogo”, diz Paulo, sabendo que amar é dar-se, não tomar para si. Se alguma vez o casal quiser tirar um dia para só orar a Deus, poderiam não ter relações, mas até isso é uma concessão (1Co 7:6)! Ou seja, se eles quiserem fazer amor durante o tempo de oração e jejum não tem nenhum problema. O amor glorifica a Deus, porque Deus é amor (1Jo 4:8). Evitar o sexo expõe o casal a Satanás, não só na tentação de trair, mas também em motivos para ciúme, desentendimentos, acusações e vários complexos.

A visão bíblica do sexo DENTRO DO casamento é extremamente positiva e incentiva a sua total expressão:

Beije-me com os beijos da sua boca;(...) A sua mão esquerda esteja debaixo da minha cabeça, e a sua mão direita me abrace.(...) Levantemo-nos de manhã para ir às vinhas, vejamos se florescem as vides, se já abre a flor, se já brotam as romeiras; ali te darei o meu grande amor. (Ct 1:2; 2:6; 7:12)
Veja especialmente esse trecho de Provérbios:
Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade, como cerva amorosa e gazela graciosa; saciem-te os seus seios em todo o tempo; e pelo seu amor sê atraído perpetuamente. (Pv 5:18,19)

A esposa é bendita, ela merece ser abençoada por Deus por causa do seu amor. E o sexo é uma alegria que deve ser usufruída em todo o tempo, como um manancial, uma fonte de amor que não se esgote. Diz saciem-te os seus seios, ou seja, deve-se estar satisfeito com o corpo do cônjuge que Deus nos deu, e não querer beber da água da rua (Pv 5:1-17). Um dado interessante é a comparação da mulher à cerva e à gazela, “graciosa e amorosa”; é porque as fêmeas destes animais ficam assediando o macho durante a época de acasalamento, confirmando, junto com a extrovertida noiva de Cantares, que não foi uma visão bíblica do sexo que motivou a repressão feminina a qual o Cristianismo medieval e vitoriano tanto se dedicaram. Mas há uma diferença da corça para o ser humano: enquanto os animais se procuram numa época específica para a procriação, a orientação bíblica é que o desejo pelo cônjuge seja cultivado perpetuamente, o que já rompe com outro mito que chegou até nós: o do enfraquecimento da sexualidade numa idade mais avançada.

Deus, na Sua Palavra, tem muito a dizer sobre a sexualidade, esse é um assunto ainda pouco explorado no meio evangélico brasileiro, para nosso próprio prejuízo, tanto quando fazemos o que Deus não quer como quando deixamos de usufruir do que Ele preparou.
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Obs.: Em diversos momentos ocorreram citações de cabeça que não puderam ser localizadas, mas que se devem aos seguintes textos:
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AMORESE. Rubem. Pastoral à Juventude: Sexo antes do Casamento. Revista Teológica da Sociedade dos Estudantes de Teologia Evangélica - SETE — Vol.VIII - nº 19 (1990)
COURT, John H. Pornografia, uma resposta cristã. São Paulo: Vida Nova, 1992.
LA HAYE, Tim & Bervely, O ato conjugal. Venda Nova: Betânia, 1989.
MC DOWELL, Josh . As três faces do amor. São Paulo: Mundo Cristão, 1990.
_________________ . Certo ou errado?
PETERSON, Eugene. O pastor que Deus usa. Cantares. Rio de Janeiro: Textus , 2003. (pp.37-91).
TROBISCH, Walter. Casei-me com você. 4a ed. São Paulo: Loyola, 1979.
BAXTER, Richard. Os deveres mútuos dos maridos e esposas.
FÁBIO, Caio.
PORTELA, Solano.
PIPER, John. Sexo e a supremacia de Cristo.
SOUTO, Bento.

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