Quer entender a Bíblia?

sábado, 31 de maio de 2008

Casamento: Escolhendo a pessoa certa

Um indiano disse uma vez a um inglês: Vocês ocidentais casam com a panela fervendo e com o tempo ela vai esfriando. Nós casamos com a panela fria e com o tempo ela vai esquentando. Ele disse isso porque na Índia os pais escolhem quem vai casar com seus filhos, acontece um “acordo de compadres”, geralmento os amigos casam seus filhos . Lá o jovem cresce conformado com a idéia de que não vai escolher mesmo o conjuge, por isso “o que vier é lucro”, e acaba aprendendo (na marra) a gostar da pessoa com a qual teve que se casar.

Já na nossa cultura geralmente nós temos que escolher, e por mais que os palpites surjam de todos os lados pra nos confundir, por mais que possamos nos arrepender, ainda gostamos dessa liberdade. Mas quem deveria ser escolhido? Alguém parecido ou alguém diferente? Os opostos se atraem, ou se repelem? Muitos dizem que o amor supera toda e qualquer diferença, mas na prática nem sempre é assim. Isto porque há áreas em que as diferenças não influem quase nada, e há outras em que elas pesam muito. Podemos tentar classificá-las?

Primeiro, as áreas em que é até bom serem um pouco diferentes. Uma delas é o temperamento: se o moço é “esquentado” e a moça também, sai debaixo! O descontrole dos dois vai se somar e o tempo vai estar sempre nublado. E se os dois forem muito parados? Ou muito relaxados? Ou gostam de aparecer? Ou querem sempre resolver? É bom que nessa área haja uma certa complementariedade, com o casal equilibrando os extremos de cada um. O que um tiver demais o outro pode amenizar. O que um tiver de falta o outro pode completar. O casal que consegue ser um o complemento do outro tem uma grande vantagem na luta por uma boa relação.

Segundo, as áreas em que não faz a mínima diferença serem diferentes. Ou pelo menos no plano ideal, não deveria fazer, como na aparência, forma do corpo, cor da pele, tipo de cabelo, etc. Também aqueles gostos e costumes que não interferem na vida do outro.

Terceiro, áreas em que as diferenças aparecem mas com boa vontade são contornadas. São as questões de estética, vestuário, estilo musical, posição política, time, dedicação a atividades físicas, tipo de lazer preferido... Claro que se um odeia o que o outro ama é que o caso vai incomodar mais. Também diferenças culturais, de origem, de criação e escolaridade podem se colocadas aqui. Para minimizar esse tipo de diferença, uma das possibilidades é casar-se com alguém que foi criado no mesmo bairro que você, as diferenças vão ser bem menores. Se é alguém que você conhece desde a infância, melhor ainda.

Quarto, as áreas em que as diferenças podem incomodar e atrapalhar a relação. São as questões de escolha, de rumo da vida. Planos para o futuro que desconsiderem o companheiro(a). O conflito de quanto tempo vai ser dedicado ao trabalho e à casa. Também se um dos dois gosta de sair todo o final de semana e o outro é mais caseiro. Modo de administrar o dinheiro, diferenças de nacionalidade, em que o casal vem de povos e línguas diferentes. Um contraste muito forte entre dependência e independência, experiência e inexperiência. Diferença grande de idades.

Quinto, as áreas em que as diferenças pesam muito e o casal provavelmente terá que lutar para a relação dar certo. São as áreas dos valores de vida e da ética. Nessas áreas uma diferença constrastante pode prejudicar muito a relação. Um homem começa a aplicar pequenos golpes e sua esposa tem horror a isso pois sempre fez questão de ser honesta em todas as coisas. Ou então o casal que tem religiões diferentes. Durante muito tempo eles se respeitam e evitam discutir. Mas quando chegam os filhos, o que fazer? Eles vão ser criados como, qual visão de mundo será passada?

É bom avaliar todos esses fatores, fazer a conta do preço e ver se vale a pena pagá-lo. Claro que para uma melhor avaliação é preciso entrar num relacionamento de namoro. Mas pensar nessas coisas antes não faz mal a ninguém. Talvez desenvolver um “pré-namoro”, em que os dois apenas conversam durante algumas semanas ou meses seja uma atitude boa antes de começar.

A Palavra de Deus orienta que o crente é livre para casar com quem ele quiser, contanto que seja no Senhor, ou seja, alguém que também tenha a Jesus como Senhor de sua vida (1Co 7:39). Isto porque Deus se importa com os nossos critérios de casamento, Ele quer que haja na terra uma semente de piedosos (Ml 2:15). É bom reparar que a escolha do cônjuge hoje afeta a vida das gerações futuras. A passagem de Gn 6:2,5,11 é sugestiva:

vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para si mulheres, as que, entre todas, mais lhes agradaram. (...) Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração; (...) A terra estava corrompida à vista de Deus e cheia de violência.

Aqui a mudança de critério na escolha das esposas é colocada como um dos degraus da corrupção humana que levou ao Dilúvio.
Um dia, filhos de Deus (povo de Deus) resolveram não mais escolher as “filhas de Deus”, mas as filhas dos homens (incrédulos) por causa da beleza delas, esta era a motivação do casamento. O que isto tem algo a ver com a maldade e violência nas gerações seguintes?
A partir do momento que se invertem os valores, que não importa qual a fé, a piedade, a moralidade da mulher que vai criar os meus filhos, mas sim que ela tenha um corpo bonito para minha satisfação, como algo para ser usado e/ou exibido aos outros (como o rei Assuero fez com Vasti - Es 1:10,11); a partir desse atitude o próprio ser humano vai sendo desvalorizado, coisificado.
Ora, lidar com coisas é muito simples: as úteis, usamos, as inúteis, eliminamos. Deste momento em diante, puxar a espada se torna mais fácil, e a violência gera um ciclo de ódio que a multiplica. Desvalorizar um só ser humano é desvalorizar toda a humanidade. Por outro lado, a humanidade toda ganha quando um só ser humano é valorizado por aquilo que ele tem de melhor, o fato de ser uma imagem (representação/representante) de Deus no mundo (Gn 1:26,27).

Como critérios bíblicos, além do senhorio de Jesus, podemos citar um caráter de acordo com a Palavra de Deus como algo muito desejável na pessoa com quem vamos nos unir. Podemos citar passagens como Pv 11:22; 12:4; 21:19; 31:10-12,13b,20,25-27,30 que apesar de falarem das mulheres (foram escritas por homens) certamente valem também para os homens:

Como jóia de ouro em focinho de porco, assim é a mulher formosa que não tem discrição;
A mulher virtuosa é a coroa do seu marido, mas a que procede vergonhosamente é como podridão nos seus ossos;
Melhor é morar numa terra deserta do que com a mulher rixosa e iracunda;

Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de finas jóias.O coração do seu marido confia nela, e não haverá falta de ganho. Ela lhe faz bem e não mal, todos os dias da sua vida. de bom grado trabalha com as mãos. Abre a mão ao aflito; e ainda a estende ao necessitado. A força e a dignidade são os seus vestidos, e, quanto ao dia de amanhã, não tem preocupações.
Fala com sabedoria, e a instrução da bondade está na sua língua. Atende ao bom andamento da sua casa e não come o pão da preguiça. Enganosa é a graça, e vã, a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada.

O mais importante é a pessoa ter o temor do Senhor, pois isto que lhe contém o pecado, o faz arrepender-se, e tentar sempre melhorar, primeiro por causa de Deus, depois por causa do cônjuge.
Além disso:

O temor do Senhor é o princípio da sabedoria (Pv 1:7) e
Com a sabedoria edifica-se a casa (Pv 24:3)

Assim:
Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai -a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações. (1Pe 3:7)

Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos! Pois comerás do trabalho das tuas mãos, feliz serás, e te irá bem. A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos, como plantas de oliveira, à roda da tua mesa. Eis que assim será abençoado o homem que teme ao Senhor! (Sl 128:1-4)


OUTROS CONSELHOS QUE PODEM SER DADOS:

Observar a relação da pessoa com seus pais. Muitas vezes o conjuge trata o outro do jeito que tratava eles, e outras vezes, espera do outro o que esperava dos pais.
É bom isso? É certo? Talvez não, mas acontece de forma tão inconsciente que é difícil evitar. Por isso prepare-se.
Por falar em pais, é muito bom se eles aprovarem, se isso for possível já é meio caminho andado. E os amigos de cada um? São grupos totalmente incompatíveis? Você se sente bem com os amigos dele(a) e vice-versa? Claro que se o casal já tinha amigos em comum isso fica mais fácil.

Lembre-se que a gente não se une à pessoa sozinha, nós também nos unimos com a família e amigos dela e vice-versa (para mal ou para bem). Geralmente não é bom fazer a pessoa abandonar seus amigos por causa de você nem você fazer isso por causa dela.

Escolha uma pessoa que você goste muito. Que goste mesmo de conviver, e conversar, com a qual o tempo passa e vocês nem sentem o relógio. Não precisa ser uma pessoa por quem você sente uma paixão enlouquecedora agora, mas principalmente, alguém que possa ser o seu melhor amigo para o resto da vida.

Alguém por quem você daria vida, alguém a quem você pode se dedicar completamente. Alguém de quem você possa aturar os defeitos. Alguém em quem você confia para ajudar a criar os seus filhos. Alguém que tenha qualidades que você quer que seus filhos tenham. Alguém em quem você pode confiar e colocar a mão no fogo por ele.


Por último, antes de ficar procurando alguém que seja a pessoa ideal para você, procure você ser a pessoa ideal para alguém. Tente ser a pessoa que qualquer um(a) gostaria de ter como namorado(a), e com certeza “aquela pessoa” aparecerá na sua vida.

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...