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segunda-feira, 9 de junho de 2008

3º PASSO – A AJUDA DA IGREJA.

Basta-lhe ao tal esta repreensão feita por muitos (2Co 2:6).

O segundo passo da disciplina deveria ser suficiente para promover o arrependimento no irmão que vimos pecar, principalmente se a comissão de dois ou três repetir a abordagem várias vezes. Mas é possível que nosso irmão não demonstre nenhum arrependimento pelo pecado, nem reconheça o pecado, nem se disponha a mudar o seu comportamento.
Se o segundo passo for infrutífero, e o irmão ou irmã não der ouvidos à abordagem prescrita anteriormente, o próximo passo é convocar a igreja. Mt 18:17 diz: "e, se não as escutar, dize-o à igreja.
Quando é a hora certa de passar de passo, e avançar ao 3o e a outros? Varia muito de caso a caso. Devemos pedir a Deus discernimento e sabedoria para ver quando não há mais progresso no contato e está caracterizado que a parte ofensora não "quer ouvir".
Por quê pedir ajuda à igreja? Porque a igreja é um corpo do qual os dois são membros. A igreja é a comunhão organizada onde os dois são membros. E quando a reconciliação falha tem que ser levada à igreja.
Temos dificuldade em entender isso porque fazemos uma leitura individualista da Bíblia. Mas o pecado de Acã era o pecado de Israel inteiro. O pecado de Adão foi o pecado da humanidade inteira. 1Co 12:26 De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele.
O ofensor deve ter sido avisado desde o começo do processo que isso poderá acontecer, a igreja poderá ter que intervir. Geralmente isto o incentiva a voltar atrás na sua posição.
E é necessário redobrar as orações, agora não só do ofendido, mas dele com as testemunhas junto, para decidir se chegou o momento de levar o caso de levar à igreja.
Em que reunião se deve abordar o assunto? Não temos a prescrição do texto bíblico, mas uma sugestão é que esta seja uma reunião especial, convocada somente para este fim, podendo ser chamada de reunião pastoral.
Quem deve ter acesso a esta reunião? Todos os membros da igreja, devendo-se considerar a inconveniência do acesso de não-crentes e não-membros. É uma reunião pública para igreja, mas fechada para os de fora, pois é para resolver um assunto interno. A não ser no caso de se convidar um crente de fora que seja mais experiente para aconselhar, ou no caso de alguma das testemunhas já ser um crente de fora da igreja.
As assembléias são momentos administrativos, nelas pode não ser conveniente o detalhamento do processo. Talvez o melhor é que na assembléia seja feito apenas o ato burocrático de desligar o membro, se chegar a tanto o processo.
Falar sobre o processo ou executar o terceiro passo no meio de um culto ou de outra reunião que tinha um objetivo diferente é um ato totalmente errado, que deve ser interrompido imediatamente pelo dirigente da reunião, explicando como é o devido processo de disciplina.

Vigiar a tendência à hierarquia. Talvez aqui seja o momento em que mais se terá a tendência de entregar tudo nas mãos de um dos pastores ou de outros líderes. Mas não é esta a orientação bíblica.
Os pastores devem ser consultados, sim, para marcar a reunião pastoral onde acontecerá o terceiro passo. E certamente é importante a presença deles nessa reunião. Se o ofendido não convocou um dos pastores para ser uma das testemunhas (e não há problema nenhum nisso), certamente nesta reunião do terceiro passo os pastores poderão dar seus conselhos sobre o caso.

Quanto maior o problema, maior o acompanhamento. A cada passo que se prossegue, do um ao dois, ao três, etc. aumentam a insistência, a perseverança da igreja e a urgência das conversas. O número de visitas e conversas deve ser proporcional ao passo em que a pessoa está: quanto mais grave, mais visitas e conversas. Pois esta é a pessoa que precisa mais. Quanto mais difícil a situação da pessoa, mais ela deve ser procurada pelos seus irmãos.

Devemos suprimir juízo preliminares. O processo conforme ensinado por Jesus faz com que o peso da questão vá aumentando no coração do ofensor. De forma que a pessoa possa ser recobrada.

O que acontece na conversação do terceiro passo?
Primeiramente, o ofendido volta a falar basicamente o mesmo que falou no primeiro e segundo estágio da disciplina, agora diante dos seus irmãos reunidos.
Em segundo lugar, ofensor naturalmente irá querer falar aos irmãos, e deve fazê-lo.
Em terceiro lugar, as testemunhas confirmam os fatos, confirmam como foi executado o primeiro e segundo passo, relatam a parte delas, como prosseguiu a conversa e o processo. Aqui, elas têm um papel fundamental. É para que toda palavra se estabeleça. As testemunhas devem confirmar que não houve arrependimento por parte do ofensor. É absolutamente necessário que haja CERTEZA dos fatos do caso. Nada pode ser investigado até que haja pelo menos duas testemunhas (Mt 18:16; I Tm 5:19). Geralmente as aparências são enganosas (Jo 7:24) e não podemos agir em disciplina sem que haja fatos concretos sobre os pecados cometidos.
Em quarto lugar, o ofensor poderá falar novamente.
Em quinto lugar, os outros irmãos presentes darão seus conselhos, e a conversa prossegue.
Os pastores da igreja devem mediar esta conversa, garantindo a ordem, decência, respeito e o direito de cada um falar o seu ponto de vista.
Os irmãos em geral (igreja que se reuniu) exercem as mesmas funções que as testemunhas no segundo passo (conselheiros, pacificadores, mediadores, árbitros se forem convocados).
Tudo deve ocorrer envolvido pela oração sincera que busca em Deus a solução para o problema. A igreja que se reuniu com este objetivo deve buscar a sabedoria para encontrar uma solução específica, que pode variar de caso a caso.


ROTEIRO DO 3º PASSO

1 - Que fazemos com o SEGREDO, nesse passo? O segredo deve ser mantido ao máximo. Certamente que o tipo de pecado e outros detalhes não devem ser contados para todas as pessoas de fora e todos os membros que não comparecerem a esta reunião pastoral. Só quando estiverem o ofendido, o ofensor e as testemunhas reunidos com os outros irmãos é que os detalhes devem ser colocados, porque aí é justo para as duas partes.
Às vezes o processo já começa com a igreja sabendo tudo, o pecado já é público e conhecido por todos. Nesse caso, pode-se divulgar também quem são as pessoas que estão tratando do caso, no primeiro e segundo passo, e pedir que a igreja espere que estas a convoquem.
Mas nada impede que mais de um irmão tome a iniciativa de falar em particular com o ofensor (primeiro passo). A princípio, é o que se faz, assim que se sabe de um pecado. De forma natural, os processos serão unificados numa reunião só, quando esta for convocada.

2 – Considerar a possibilidade de manter segredo mesmo para com a igreja. Em geral, pecados secretos devem permanecer secretos. Avalie-se o impacto da divulgação do pecado tratado. Se for assim, não se dará detalhes específicos, apenas se falará de como se desenrolou o primeiro e segundo passo. A divulgação pode acontecer pelo próprio ofensor, ao se defender.

3 - NUNCA se fala mal de um irmão à igreja. Nem agora, nem nunca. Isto é ordem bíblica: Irmãos, não faleis mal uns dos outros (Tg 4:11). Ora, o fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz (Tg 3:18) .

4 – A intenção do ofendido e das testemunhas é convocar todos os presentes a orar pela pessoa, a lutar por ela, a buscá-la e recuperá-la. Não para acusá-la ou condená-la. Deve-se ter muito cuidado para deixar claro que este é objetivo da reunião: a cura, não a condenação. Não a fofoca. Apenas chamamos a igreja a orar por ele e aconselha-lo. Pecado não é para ser tratado como carniça para urubus, pecado é para ser lamentado, orado e conversado, com sensibilidade, sabedoria, dignidade, amor e sobretudo TRISTEZA.
5 – Os membros presentes a esta reunião devem tomar a iniciativa de confessar seus pecados. A ordem de Jesus, de tirarmos a trave primeiro de nossos olhos para poder tirar o argueiro do irmão, vale também para a igreja. Que fique claro que a disciplina é uma
conversa de pecador para pecador. Deve-se averiguar e pedir perdão ao ofensor pelas falhas da igreja em não ensinar e acompanhar seus membros tão bem como deveria.

6 – Os presentes à reunião devem fazer um apelo de arrependimento ao ofensor. Se for realmente o caso, pois a igreja ainda tem que corrigir eventuais erros das testemunhas. Havendo certeza de pecado não arrependido, todo o esforço de argumentação mansa, paciente e amorosa deve ser feito nesta reunião.
A igreja deve insistir com esta pessoa de uma forma intensa, e chegar ao ponto de IMPLORAR que ela se arrependa, para que o afastamento não se torne necessário. Este procedimento geralmente atrai o pecador ao arrependimento. Devemos ter o mesmo sentimento de amor que Paulo teve: não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós (At 20:31).

7 - A igreja não deve criar leis. A igreja não foi chamada para criar novas regras de conduta. A lei não pode salvar. Pela lei apenas vem o conhecimento do pecado. A lei de Deus já é alta demais, não a aumentemos. É um equívoco muito comum.
A disciplina deve ser aplicada caso a caso, a vontade de Deus deve ser discernida em cada situação particular.

8 – Pode haver casos em que uma correção pública e imediata é necessária, pulando os dois passos anteriores. Especialmente quando o coração do Evangelho é atacado por comportamento ou doutrina herética. Exemplos bíblicos: Gl 2:11-14; Tt 1:10,11.

9 – Até quando? Enquanto há esperança de arrependimento, a igreja continua. Vários irmãos devem conversar com a pessoa várias vezes, e orar muitas vezes. E de novo, e de novo. E continuar tentando convencer a pessoa a se arrepender. Até quando? Até que ele não os ouça. isto é, que diga: “não fale mais disso comigo”. Até que o irmão não os permita mais. O que os levará ao quarto passo da disciplina.

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