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quarta-feira, 4 de junho de 2008

Quem eram os profetas?

Quando Deus enviou Moisés para falar ao Faraó, Moisés alegou que tinha alguma dificuldade na fala, e que por isso o rei do Egito nem ouviria. Deus não deixou de enviar Moisés por causa disso, mas disse que Arão falaria em seu lugar, funcionando como porta-voz: Arão seria o profeta de Moisés (Ex 6:28-7:2). Então, segundo essa passagem, podemos entender que ser profeta era algo parecido com o que Arão foi para Moisés. Deus falava com o profeta, e o profeta falava com o povo, anunciando a mensagem de Deus, sendo o Seu porta-voz.
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Assim como Deus chamou Arão para ser porta-voz de Moisés, também chamou porta-vozes para Sua mensagem – os profetas. Isso é o que eles tinham em comum, mesmo sendo chamados de formas diferentes: enquanto aravam a terra (1Rs 19:19), cuidavam de um rebanho (Am 7:15), quando já eram idosos (Ex 7:7) ou muito jovens (Jr 1:6,7), quando estavam no templo (Is 6:1) ou na beira de um rio (Ez 1:1), enfim, todos tiveram uma experiência de vocação.
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Nesta vocação, foram chamados para declarar a transgressão e o pecado de seu povo (Mq 3:8); sua cegueira e surdez (Is 6:9), clamar contra a maldade que chegou até Deus (Jn 1:2), quer ouçam, quer deixem de ouvir (Ez 2:7). Foram chamados para arrancar, derrubar, destruir e arruinar, mas também para edificar e para plantar (Jr 1:10) e preparar os caminhos do Senhor (Lc 1:76).
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A mensagem, o chamado e o trabalho de um profeta muitas vezes lhe é pesado, por isso eles lamentaram, gemeram (Mq 1:8), ficaram sem forças (Dn 10:16), tentaram esquecer de Deus (Jr 20:9), fugir de Deus (Jn 1:3), até pediram para morrer (1Rs 19:4). Mas Deus sempre lhes sustentou (1Rs 17:2-6), levantou (1Rs 19:5-7) e consolou (Dn 10:19).
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Pior ainda para o profeta é ter lidar com os falsos profetas, que fazem errar o povo (Mq 3:5), servem a outros deuses (1Rs 18:22), são adúlteros, falsos, corrompidos (Jr 23:14), trabalham por dinheiro (Mq 3:11), fazem tudo para serem admirados (Mt 23:5), pregam suas próprias palavras e sonhos, não as palavras de Deus (Jr 23:31-32), falando só o que as pessoas querem ouvir (1Rs 22:13,14) e defendendo aqueles que lhes patrocinam (Am 7:12,13)...
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Em contraste os verdadeiros profetas recusam recompensa financeira (2Rs 5:15,16) não podem ir contra o seu chamado ou mudar sua mensagem (Am 7:12-17). Por isso foram ameaçados de morte (1Rs 19:2), silenciados (Am 2:12), rejeitados por sua mensagem (Is 30:10), tiveram suas palavras destruídas (Jr 36:20-25), foram jogados dentro de um poço (Jr 38:6), de uma cova de leões (Dn 6:16), mortos, apedrejados (Mt 23:27) e crucificados (At 2:23), homens dos quais o mundo não era digno (Hb 11:38), pelos quais Deus cobrará do mundo o sangue derramado (Mt 23:35).
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Os profetas pregam (Jn 3:2; Is 53:1; Is 61:1; Zc 7:7; Mt 12:41). Podemos considerar a pregação como um sinônimo possível para profecia, se profecia é um discurso que tem todas as características de pregação: edifica, exorta, consola (1Co 14:3), convence, julga e leva à conversão (1Co 14:24,25). E eles pregaram, mas não só com discursos: proferindo parábolas (Mc 4:33,34), ou só uma frase (Jn 3:4), realizando milagres (1Rs 17:22-24), ou através dos nomes que deram a seus filhos (Os 1:4-9; Is 7:3; 8:3,4,18), construindo um “outdoor” (Hc 2:2), ou quebrando um pote de barro (Jr 19:10-11), recusando a comida do palácio (Dn 1:8-16) ou demonstrando misericórdia aos inimigos (2Rs 6:21-23), e de muitas outras maneiras, com todos os atos da sua vida (Os 1:2,3; 3:1-5; Jr 16:1-9), não se dirigindo só ao povo de Deus, mas a todas as nações do mundo (Mq 1:2; Jr 1:5).
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Os profetas “viam coisas”, mas não com a pretensão de prever ou adivinhar de forma mágica, coisa que é abominável a Deus (Dt 18:9-14). Se eles viram algo, é porque Deus abriu os olhos deles para entenderem a situação em que seu povo estava, e proclamarem a verdade, a vontade e os planos de Deus. Alguns, como Daniel, descreviam seres fantásticos como símbolo dos impérios mundiais (Dn 7:2-4). Outros, como Jeremias, entendiam sua mensagem olhando para objetos comuns que estavam diante de si (Jr 1:11-14). Outros ainda recebiam a Palavra como resposta de oração (Hc 1:2,3; 2:1,2) ou usavam música para se concentrar (2Rs 3:15). Ainda que fossem de estilos diferentes, tinham a mesma convicção que falavam em nome do Senhor, ao anunciarem julgamento e esperança. Os profetas sabem que Deus vela sobre Sua Palavra, para a cumprir (Jr 1:12), então tudo que foi avisado que aconteceria se o povo corrompesse seus caminhos (Dt 28:15-68) certamente acontecerá, pelo povo estar se desviando do Senhor. Mas ainda assim as promessas de bênção (Dt 28:1-14) poderão se tornar realidade, desde que haja conversão dos maus caminhos (Os 14).
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Então os profetas olharam para o passado e viram que junto com as riquezas vieram a feitiçaria e a idolatria (Is 2:7,8) e o povo quebrou sua aliança com Deus (1Rs 19:14). Viram que os líderes não cumpriram suas funções (Ml 2:1-9), o povo não entendeu as disciplinas de Deus (Am 4:6-11), nem ouviu os Seus profetas (Zc 1:4), mas se esqueceu de Deus (Jr 2:32), mesmo Ele tendo sido tão bom para com eles (Mq 6:3-5), e chegaram a matar aqueles que lhes foram enviados por Deus (Lc 13:33-34).
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Olharam para o presente, e viram a violência e a injustiça prevalecendo (Hc 1:1-4), pobres sendo oprimidos para sustentar o luxo dos ricos (Am 4:1), uma elite em festa mas que diante de Deus está em falta (Dn 5:27), governantes indignos no poder (2Rs 3:13,14), autoridades que se aproveitam de sua posição para anexar a terra dos outros (Mq 2:1-2), salários não sendo pagos (Jr 22:13), libertos sendo escravizados (Jr 34:8-17), um povo egoísta que procura mais o seu luxo do que a glória de Deus (Ag 1:4), falta de sinceridade no culto (Zc 7:5,6) de um povo cansado de servir a Deus (Ml 3:14), indeciso sobre a quem servir (1Rs 18:21), que confia mais em alianças políticas do que no seu Senhor (Is 31:1). Viram guias cegos que levam outros à perdição (Mt 15:12-14) e pastores que destroem e dispersam as ovelhas (Jr 23:1-2).
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Olharam para o futuro, e viram a seca (1Rs 17:1), o sofrimento de seu povo (2Rs 8:11-12), quem hoje rejeita a Palavra tendo fome dela (Am 8:11,12), a perseguição contra o povo de Deus (Dn 7:25). Viram uma cidade reduzida a um monte de pedras (Mq 3:12), a humilhação dos soberbos (Is 2:11), porque Deus desembainhará Sua espada contra a terra (Jr 12:12). Viram orações que não serão respondidas (Zc 7:13), pois Deus testemunhará contra os crimes de Seu povo (Ml 3:5). Viram a porta se fechando, e quem pensava estar dentro, ficar de fora (Lc 13:23-28).
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Mas, ao olhar para o futuro, também viram toda a terra se enchendo do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar (Hc 2:14), viram chuva para quem tem sede (1Rs 18:41-45), pão para quem tem fome (2Rs 6:33-7:1), cidades destruídas sendo reedificadas (Am 9:14), com crianças brincando nelas (Zc 8:5), os povos da terra transformando suas espadas em enxadas (Is 2:4), viram o que planta alcançando o que colhe, por causa da abundância de fruto (Am 9:13) pais se reconciliando com os filhos e filhos se reconciliando com os pais (Ml 4:6).Viram Deus usando de Sua misericórdia (Jn 4:2), lançando os pecados do Seu povo no fundo do mar (Mq 7:19), lhe dando Sua paz (Ag 2:9), escrevendo Sua lei nos seus corações, na nova aliança (Jr 31:31-33) pois lhes dava um coração novo (Ez 36:26). Viram um filho do homem recebendo o Reino que nunca será destruído (Dn 7:13,14), e muitos vindo do oriente e do ocidente, do norte e do sul, para se sentarem na mesa desse Reino (Lc 13:29).
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Por isso abriram suas bocas, um fogo se acendeu que não puderam conter (Sl 39:1-3) e declararam que ao Senhor pertence a salvação (Jn 2:9), provaram que só Ele é Deus (1Rs 18:36-39), tendo prazer na benignidade (Mq 7:18) e é grande o Santo de Israel no meio do Seu povo (Is 12:6). Viram que diante dEle toda a terra deve calar-se (Hc 2:20), pois Ele tem o domínio sobre o reino dos homens (Dn 5:21) e há de abalar o céu e a terra (Ag 2:6), mesmo que seja com um pequeno começo (Zc 4:10). Ensinaram que conhecer ao Senhor é praticar a justiça (Jr 22:16) e Deus faz mais questão da integridade de Seu povo do que de seus cultos (Am 5:21-24). Por isso chamaram todos ao arrependimento, por causa do Reino de Deus (Mt 4:17), que se preparassem para se encontrar com seu Deus (Am 4:12), antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor (Ml 4:5). Pois o que faz a diferença entre receber julgamento ou salvação é ser convertido. Por isso orou Jeremias: “converte-nos a ti, Senhor!” (Lm 5:21).
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Por último, os profetas eram crentes como nós, confiando no Cristo que viria. O próprio Jesus disse que era dEle que eles falavam (Lc 24:44-47). Eles foram como uma vela que ilumina a casa de noite até o amanhecer (2Pe 1:19), quando nasce o Sol da Justiça, trazendo salvação debaixo das suas asas (Ml 4:2).
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Publicado em Vivendo - Edição do Professor. JUERP.

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